Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

T. E acendei neles o fogo do vosso amor.

A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado

T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (1,26-38)

1,26No sexto mês, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem desposada com um homem da casa de David, chamado José; e o nome da virgem era Maria. 28Entrando onde ela estava, o Anjo disse: «Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo». 29Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. 30Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Conceberás no seio e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus dar-lhe-á o trono de David, seu pai; 33reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». 34Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». 35O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. 36A tua parenta Isabel também concebeu um filho na sua velhice e este já é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; 37porque a Deus nada é impossível». 38Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • v. 26. A anunciação do Senhor (Igreja grega: “evangelização”) é uma narrativa da infância de Jesus própria de Lucas. O “sexto mês” é o da gravidez de Isabel (v. 36); evoca o apelo do profeta Ageu à reconstrução do Templo em 520 a.C. (1,1.15). A Galileia (“distrito”) é a região norte de Israel, vista pelos judeus como terra afastada, contaminada pelo contacto com os pagãos. Aí acha-se Nazaré (“rebento”: cf. Is 11,1), lugar desconhecido do AT, que não aparece em nenhum documento oficial da época (nem sequer nos registos de impostos do Templo), sendo por isso considerada à margem dos caminhos de Deus (cf. Jo 1,46).
  • v. 27. Maria (Myriam, nome egípcio, “muito amada”, tal como o de Moisés, “filho”, seu irmão: Nm 26,59) é “virgem”, ou seja, uma moça em idade núbil, entre os 12 e os 16 anos (cf. Gn 24,16). O termo, aqui usado duas vezes, evoca Is 7,14. “Estava desposada” com José (“Ele acrescente”), da linhagem real de David. Esta achava-se na época reduzida à humilde condição de uma pobreza honrada que vivia do trabalho das suas mãos. O casamento hebraico constava de duas fases: 1) os esponsais ou desposório em que os noivos se prometiam um ao outro e, ainda sem coabitarem, se preparavam para 2) o casamento. O vínculo do desposório era tão sério que só podia ser dissolvido pelo divórcio (Mt 1,19), sendo uma infidelidade da prometida considerada adultério (Dt 22,23s). Se entretanto fosse gerado um filho, este era tido por legítimo.
  • v. 28. Enquadrada a cena, apresenta-se o diálogo entre o anjo e Maria, tecido de passagens do AT, ligadas a relatos de vocação e às profecias messiânicas. O anjo (gr. “mensageiro”, “enviado”) é Gabriel (he. “força de Deus”), o mesmo que anunciara a Daniel os tempos messiânicos (cf. Dn 8,16; 9,21) e a Zacarias a conceção de João Batista (v. 19). Chegou o “tempo do fim” (Dn 12,4.9) em que Deus vai cumprir as promessas e revela o seu desígnio eterno de salvação.
  • O anjo interpela Maria com uma fórmula de vocação. A saudação “alegra-te” (gr. kairé) apresenta a sua mensagem logo de início como boa-nova, Evangelho (v. 19). Esta saudação não é aqui apenas um cumprimento, mas sobretudo o anúncio que a salvação, prometida à “filha de Sião” (Sf 3,14s; Zc 2,14; Jr 4,31; figura impotente e delicada, que personificava Jerusalém: 2Rs 19, 21; Is 1,8; 12,6), mas que se devia estender a todas as nações, chegou e vai começar a cumprir-se.
  • O epíteto “cheia de graça” (cf. Rt 2,10) é inédito e único: o particípio perfeito passivo declara que Maria é objeto singular, constante e sempre renovado da predileção e do amor eternos de Deus. A fórmula “o Senhor está contigo” (Rt 2,4) é típica dos relatos de vocação (Jz 6,12; Ex 3,12; Jr 1,8; Dn 10,19): ela assegura a Maria a presença, direção e assistência de Deus na execução da obra e da missão que lhe são confiadas e a ultrapassam, porque são divinas.
  • v. 29. Perante uma irrupção tão próxima, íntima e repentina do transcendente, Maria fica perturbada (gr. diatarássô, só aqui na Bíblia).
  • v. 30. Mas o Anjo tranquiliza-a (cf. v. 12s; Gn 15,1; 26,24; Jz 6,23; Dn 10,12. 19), repetindo-lhe que “achou graça diante de Deus” (2,52; Gn 6,8; Ex 33, 16; Pv 12,2; At 7,45s). v. 31: Mt 1,20-23. O Anjo proclama então o querigma. Pede a Maria que aceite que nela se realize a promessa de Is 7,14: “conceber no seio” (Gn 16,11; 17,19; Jz 13,5), o Messias “a quem dará o nome” que indica a sua missão de Salvador: “Jesus”, tradução grega de “Josué” (he. “Deus salva”), o sucessor de Moisés que introduziu o Povo de Deus na Terra prometida (Dt 1,38). Em aramaico, o nome é Ieshuah, precisamente a palavra hebraica “salvação”.
  • v. 32 (vv. 32s: Is 9,5s). O Anjo anuncia Jesus, enumerando as promessas do AT referentes ao Messias: a) “será grande” (v. 15; cf. Sl 89,19-30); b) “Filho do Altíssimo”, ou seja, de Deus (v. 35; 8,28; cf. 1,76; 6,35; Sl 87,5; 91,1.9; Dn 7,18. 27). c) Será o descendente prometido a David que se assentará no seu trono para sempre (2Sm 7,11ss; Sl 132,11; Is 16,5; Jr 23,5s; 33,15ss; Ez 34,23s; 37,24-28; Am 9,11s). d) Reinará “sobre a casa de Jacob”, unindo num só povo as tribos de Israel que se tinham separado após a morte de Salomão e tinham sido dispersas pelo exílio (Jr 30,3; Ez 34,23s; 37,22; Os 1,11).
  • v. 33. e) O seu “reinado não terá fim” (2Sm 7,16; Mq 4,7; Sl 89,35-38; Dn 7,13s). Jesus é o Messias em quem se cumprirão as profecias do AT (24,25.27.44).
  • v. 34. Maria não interpõe uma objeção (cf. Ex 3,11; Is 6,5; Jr 1,6), mas faz uma pergunta: “como” (8,18; 10,26) quer Deus que ela faça a Sua vontade, pois “não conhece homem”, ou seja, ainda não coabita com José (Mt 1,25).
  • v. 35: Mt 1,18. O anjo garante-lhe que a conceção do seu Filho não será obra humana, mas do Espírito Santo que, como em nova criação (cf. Is 32,15; Gn 1,2; Sl 104,30), “virá sobre ela” (Is 32,15; At 1,8; cf. Jz 3,10; 11,29; 1Sm 19,20) e a “cobrirá com a sua sombra”, uma alusão à shekinah (“habitação”, “presença de Deus”), a coluna ou nuvem em que Deus se escondeu para habitar no meio do seu povo (Ex 13,21s; 33,9s; Nm 9,18-23; 1 Rs 8,12). O Espírito vai sagrá-la como tabernáculo vivo de Deuse defendê-la (Sl 140,8; cf. Sl 17,8; Sl 36,8; 63,8; 121,5; Ct 2,3; Is 4,6). Jesus, o Messias ungido pelo Espírito Santo (cf. Is 11,2; Lc 4,18; At 10,38), será também concebido pelo Espírito Santo. Em Jesus tudo é obra do Espírito Santo. Maria vai “dar à luz” (Is 9,5) um “Santo”, assim chamado porque: a) será consagrado a Deus (2,23; 4,34; At 2,27; 4,26s); b) é o “Filho de Deus” (cf. Sl 2,7), de Deus, chamado “Santo” no AT (v. 49; cf. Lv 19,2; 1Sm 2,2; Is 6,3; 41,14.16.20; 43,3; Ez 39,7).
  • 36. Dos relatos de vocação faz parte um sinal (v. 18; Ex 3,12; Jz 6,17). Maria não o pede, mas Deus dá-lho: a gravidez de Isabel, sua parenta, que era estéril e já vai no sexto mês, v. 37, “porque a Deus nenhuma palavra será impossível” (lit., Gn 18,14; Jr 32,27; Zc 8,6; Jb 42,2).
  • 38. Esclarecida, Maria crê na Palavra, adere a ela de mente e coração e dá o seu consentimento em “dez palavras” (como o Decálogo: Ex 34,28). “Eis a escrava do Senhor”. “Escrava” (gr. doulé, he. ‘amah: v. 48) indica não apenas a humilde submissão de Maria a Deus (cf. 1Sm 1,11; 25,24s.28.31), mas também a caráter esponsal do seu amor (cf. Rt 3,9.16; 1Sm 25,41) que se traduz na sua decisão livre e irrevogável de seguir a Deus como Ele quer.
  • “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” exprime: a) a sua fé e confiança no cumprimento das promessas divinas (v. 45; 2Sm 7,21.25); b) a aceitação plena da vontade de Deus na sua vida (2,29; Gn 24,51; 47,30; 1Rs 12,24); c) a sua obediência incondicional a Deus (Gn 24,51; Jz 11,10; Rt 3,5; 1Rs 17,13), aceitando cooperar com Ele, sem reservas, na execução do seu plano, na realização da sua obra.
  • E o anjo “parte” (9,60), deixando Maria só a sós com Deus… e com um Filho no ventre (v. 43; Mt 1,18s).

Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • Sinto-me amado, agraciado por Deus? Já pensei que é através dos meus gestos de amor, partilha e serviço que Deus age no mundo para o transformar?
  • Que tempo encontro no meu dia-a-dia para escutar a Deus, discernir a sua presença na minha vida e alimentar a minha comunhão com Ele?
  • Que atitude assumo perante os projetos de Deus: acolho-os sem reservas, com amor e disponibilidade ou tenho medo e adoto uma atitude de defesa dos meus próprios desejos, planos e interesses?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Tudo apreciar em Deus, à luz da sua Palavra)

Salmo responsorial                                   Sl 98,1.2-3ab.3cd-4 (R. 1a)

Refrão: Cantai ao Senhor um cântico novo:
o Senhor fez maravilhas.
 

Cantai ao Senhor um cântico novo,
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.     R.

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.     R.

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, que prometestes estar presente nos corações retos e sinceros, ajudai-nos com a vossa graça a viver de tal modo que mereçamos ser vossa morada. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (encarnar a Palavra na própria vida e testemunhá-la, unidos a e em Cristo)