Epifania do Senhor - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

T. E acendei neles o fogo do vosso amor.

A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado

T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Mateus (2,1-12)

2,1Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia nos dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do oriente a Jerusalém, 2dizendo: «Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo». 3Ao ouvir isto, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. 4E reunindo todos os chefes dos sacerdotes e escribas do povo, indagava junto deles onde devia nascer o Cristo. 5Eles disseram-lhe: «Em Belém da Judeia, pois assim está escrito por meio do profeta: 6”E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe, aquele que apascentará o meu povo, Israel”». 7Então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu precisamente junto deles sobre o tempo em que a estrela tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando o encontrardes, anunciai-me para que eu também o vá adorar». 9Tendo ouvido o rei, partiram. E eis que a estrela que tinham visto no oriente avançava à sua frente até que, ao chegar, parou sobre onde estava o Menino. 10Ao ver a estrela, alegraram-se com enorme alegria. 11Entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe; e, caindo por terra, adoraram‑no. E, abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 12E, tendo sido avisados num sonho para não retornarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • O episódio da adoração dos magos, exclusivo de Mateus, é uma “narrativa da infância de Jesus” (1,18-2,23). Mateus escreve para uma comunidade judeo-cristã, siro-palestiniana da Galileia, apresentando-lhe Jesus, “o Cristo, o Filho de Deus vivo” (16,16), como o novo Moisés (cf. Dt 18,18). Para isso, aplica a Jesus um midrash (“conto” religioso que ilustra uma passagem bíblica) relativo ao nascimento de Moisés. Diz ele que os adivinhos e astrólogos egípcios avisaram o Faraó que uma mulher hebreia trazia no seio o libertador de Israel. Então o Faraó mandou matar os meninos hebreus, afogando-os no Nilo (Ex 1,22-2,10: ExR 1,66d). Mas Moisés foi salvo das águas, para mais tarde libertar Israel do Egito passando através das águas. O mesmo acontece agora: Herodes quer matar Jesus, mas Ele é salvo da morte, para mais tarde poder salvar a todos do poder da morte, passando por ela.
  • v. 1. Mateus mostra que Jesus nasce em Belém de Judá, a cidade de David (cf. vv. 5-6), no fim do reinado de Herodes I (37-4 a.C.), por volta de 7/6 a.C. Os “magos” (Dn 1,20; 2,10.27; 4,4; 5,11), são, como no referido midrash, astrólogos, sábios adivinhos, vindos “do Oriente”. Ou seja: gentios que exercem uma profissão proibida pela Lei (cf. Lv 12,31; 20,6; Dt 18,14; Mq 3,7). Jesus vem para todos, também para os pecadores (cf. 9,13).
  • v. 2. Os magos “viram a sua estrela no Oriente”. O verbo “ver” (gr. oraô) indica aqui uma visão sobrenatural (cf. 3,16; 17,3; 28,8.17; Ex 3,3; Nm 24,16), não se referindo a nenhum fenómeno astronómico (como, por exemplo, a tripla conjunção dos planetas Júpiter e Saturno em 7 a.C. ou algo semelhante em 6 a.C.: cf. Mark Kidger, The Star of Bethlehem. An Astronomer’s View. Princeton/NJ: Princeton University Press, 20172; Michael Molnar, The Star of Bethlehem. The Legacy of the Magi. New Brunswick: Rutgers University Press, 20132), mas é um “sinal” (12,38) que lhes foi dado por Deus. Na Antiguidade, era costume associar o nascimento duma pessoa ilustre ao aparecimento duma estrela. A “estrela” surge “no Oriente” (gr. anatolê), palavra que significa também “nascer/subir”. É uma referência à profecia de Balaão, vidente gentio (c. 1200 a.C.), que “viu” uma estrela “subir de Jacob” (Nm 24,17). Esta estrela era, no princípio, David, mas depois passou também a designar o Messias, chamado “Oriente” nos LXX, a tradução grega da Bíblia (Jr 23,5; Zc 3,8; 6,12; cf. Lc 1,78). É o que acontece. Deus fala a cada um na sua própria linguagem cultural: a José, em sonhos (vv. 13.19); aos judeus, nas profecias (v. 6); aos magos, na “visão” duma estrela.
  • Supondo que o recém-nascido era filho do “rei Herodes”, os magos dirigem-se para Jerusalém, a capital da Judeia, para se “prostrarem” diante dele como rei (Sl 72,11) e “o adorarem” como Deus (Sl 86,9; Zc 14,16s; Is 66,23; Sr 50,17), como era habitual nos povos da Antiguidade.
  • v. 3. A notícia põe Herodes e Jerusalém em sobressalto. Porquê? Porque Herodes não era judeu, nem descendente de David, mas filho do idumeu Antipater e da nabateia Cipros. Era, pois, um edomita judeu, a quem Roma dera o título de “rei” em 40 a.C. O Sumo Sacerdote também não era legítimo, pois já desde 152 a.C. deixara de ser um descendente de Sadoc, o Sumo-sacerdote do tempo de David (2Sm 15,24-29), passando a ser um Sumo-sacerdote nomeado pelos governantes (1Mc 10,15-21). Devendo o Messias restaurar a realeza davídica (destituída em 587 a.C.), purificar o sacerdócio e instaurar o verdadeiro culto (Ml 3,3s; Zc 6,12s), os usurpadores sentem-se ameaçados.
  • v. 4. Herodes reúne (gr. synagagô), então, os sumos sacerdotes e escribas para indagar “onde havia de nascer o Cristo”. v. 5. Estes respondem, apelando às Escrituras: “Em Belém da Judeia”, v. 6, como diz Mq 5,1, passagem que Mateus combina com 2Sm 5,2, para dizer que Jesus, “filho de David” (1,8) é o Messias, o Rei-Pastor dado por Deus que devia reinar sobre Judá e Israel (Ez 37,22-27), isto é, sobre todo o Povo de Deus.
  • v. 7. Herodes arquiteta então uma investigação ardilosa, inquirindo junto dos magos acerca do tempo exato em que lhes tinha aparecido a estrela, v. 8, e pedindo-lhes que fossem até Belém (só a 10 km de Jerusalém) descobrir onde se achava “o Menino” e depois o informassem, para ele ir também lá adorá-lo. De facto, pretende matá-lo (v. 16). O mesmo fará Herodes Antipas, seu filho, que não se deslocará 16 km para ir de Tiberíades a Cafarnaum ver Jesus (cf. Lc 23,8). O termo “o Menino” (9x neste capítulo) evoca Is 7,14ss; 9,5, designando Jesus como o Messias.
  • v. 9. Enquanto se guiaram apenas pelo sinal da estrela, os magos não encontraram Jesus, mas agora, iluminados pela Palavra de Deus, já sabem aonde ir e “partem” (Gn 22,6.19) para Belém. E eis que a estrela que tinham visto, reaparece e “avança à sua frente” (26,32; 28,7; Ex 17,5; Js 3,11), levando-os a Jesus, mostrando que é Ele quem rege os astros e não o oposto (Is 40,26; 47,13). 
  • v. 10. Ao vê-la, enchem-se de “enorme alegria” (Is 39,2; Lc 2,10), certos de encontrar o Messias (28,8; Lc 24,52).
  • v. 11. Entrando “em casa”, veem o Menino com Maria, sua Mãe. A “casa” simboliza a Igreja (9,28; 13,36; 17,25; At 2,2.46; Rm 16,5), e Maria, a comunidade cristã (12,46-50), onde Jesus está presente no meio dos seus (18,20; 28,20). Ao vê-lo, os magos reconhecem o Messias, não na figura de um rei poderoso, mas, pela fé, num bebé, pobre, ignorado pelos seus. E vão mais longe do que os judeus (cf. 21,31): caem por terra e prostram-se (cf. 4,9; 18,26; 2Cr 7,3; 29,30; Jt 6,18; Dn 3,5.15) em adoração a Jesus, como Deus (v. 3). Abrem-se então à partilha e oferecem-lhe as riquezas das suas terras, “ouro, incenso e mirra”: ouro, como a Rei (1Rs 10,2); incenso, usado no culto, como a Deus (Ex 30,34; Lv 2,1s.15s); e mirra, usada no culto (na sagração do Sumo-Sacerdote: Ex 30,23; Sl 45,9; Ct 3,6; Sr 24,15) e nos funerais (Jo 19,39), anunciando assim veladamente a paixão e morte de Jesus como Sumo-sacerdote. Cumprem-se deste modo as profecias que diziam que os gentios adorariam a Deus e obedeceriam ao Messias, pondo ao seu serviço as suas riquezas (cf. Is 49,23; 60,6.9; Jr 6,20; Sl 72,10-15; 86,9; 96,6; Ez 27,22; Zc 14,16).
  • Uma tradição popular que remonta ao séc. IV, viu nos magos três reis (Sl 72,10s; Is 60,3, tantos como os presentes que são oferecidos), representantes das três grandes civilizações (e, mais tarde, dos três continentes conhecidos), dando-lhes mesmo nomes que indicam a missão que desempenham em nome de todos os gentios: Baltasar (“Deus manifesta o Rei”: Babilónia/Ásia), Gaspar (“o que vai verificar”: Pérsia/ Europa) e Melchior (“o meu Rei é luz”: Arábia/África).
  • v. 12. A retidão de espírito e pureza de coração dos magos (cf. 5,8), que não suspeitam da malícia de Herodes, permite que Deus os avise “num sonho” (1,20; Gn 20,3.6; 31,24; Nm 12,6) para não retornarem a Herodes. Pela fé em Jesus, os gentios entram no Povo de Deus, que agora já não lhes fala por sinais, mas em sonhos, como aos patriarcas. E regressam “por outro caminho”, pois o encontro com Jesus dá novo rumo à vida.
  • Mateus introduz aqui os grandes temas da sua obra: o chamamento dos pecadores; o cumprimento das Escrituras em Cristo; a universalidade da salvação pela fé em Cristo; o conhecimento de Deus, único Senhor e Criador de tudo, que tudo rege com o seu poder. Apresenta também as duas atitudes que irão ser tomadas em relação a Jesus: enquanto os grandes deste mundo e o seu povo o rejeitam e procuram dar-lhe a morte, os gentios, os afastados e pecadores, apesar das trevas em que vivem, vão ao seu encontro e acolhem-no com fé, pondo ao seu serviço as riquezas e dons das suas culturas.

Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • Onde procuro Jesus, onde o encontro e como o reconheço? O meu encontro com Ele mudou a minha vida? Levou-me à oração? Abriu-me à partilha? Estou disposto a segui-lo no seu caminho?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Tudo apreciar em Deus, à luz da sua Palavra)

Salmo responsorial                            Sl 72,2.7-8.10-13 (R. cf. 11)

Refrão:        Virão adorar-vos, Senhor, todos os povos da terra.

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.     R.

 

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,

do grande rio até aos confins da terra.     R.

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,

todos os povos o hão de servir.     R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós, que já Vos conhecemos pela fé, levai-nos a contemplar face a face a vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (encarnar a Palavra na própria vida e testemunhá-la, unidos a e em Cristo)

Fr. Pedro Bravo, oc