Segundo Domingo do Tempo comum, ano B - 2024

 

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

T. E acendei neles o fogo do vosso amor.

A. Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado

T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que, no mesmo Espírito, apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (1,35-42) 

1,35No dia seguinte, estava João de novo e dois dos seus discípulos. 36Fixando o olhar em Jesus, que caminhava, diz: «Eis o Cordeiro de Deus». 37Escutaram os seus dois discípulos o que ele falou e seguiram Jesus. 38Entretanto, Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, diz-lhes: «Que procurais?». Eles disseram-lhe: «Rabbi – que, traduzido, quer dizer Mestre –, onde moras?». 39Diz-lhes Jesus: «Vinde e vereis». Foram, pois, e viram onde mora. E permaneceram com Ele naquele dia. Era por volta da hora décima. 40André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham escutado João e o seguiram. 41Encontra este primeiro o seu irmão Simão e diz-lhe: «Encontrámos o Messias» – que, traduzido, é Cristo. 42E levou-o a Jesus. Fixando nele o olhar, Jesus disse: «Tu és Simão, o filho de João: chamar-te-ás Cefas» – que significa Pedro. 

Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • O presente texto faz parte da secção introdutória do Quarto Evangelho (1,19-3,36), onde o evangelista nos diz, através de diversas personagens, quem é Jesus. Nesta secção, “João” Baptista desempenha um papel especial, sendo com o seu testemunho que ela abre e fecha (1,19-36; 3,23-36). No texto de hoje, João apresenta Jesus e a sua missão, mostrando-o já presente no meio dos homens (cf. vv. 26.29ss).
  • A cena decorre no terceiro e no quarto dias do oitavário inaugural da manifestação de Jesus (1,19-2,12). Narra-nos a vocação dos três primeiros discípulos de Jesus: André, um discípulo anónimo (João, o próprio evangelista: 21,24) e Simão Pedro. Os dois primeiros eram discípulos de João Batista; já Simão é conduzido a Jesus por André, seu irmão. É uma narrativa personalizada de vocação em três momentos, que completa o relato bem mais esquemático dos sinópticos (Mc 1,16-20p).
  • v. 35Primeiro momento. “No dia seguinte”. É o terceiro dia do oitavário inaugural da manifestação de Jesus (vv. 19.29). Estamos em Bethabara (Al-Maghtas), na margem oriental do Jordão, onde João batizava (v. 28). Com ele estão dois discípulos seus, que tinham aceite o seu apelo à conversão, foram batizados e se comprometeram a viver segundo a justiça, na expectativa da vinda do Messias.
  • v. 36. João “fixa o olhar em Jesus” (gr. emblépô: v. 42; 1Sm 16,7), vendo-o à luz de Deus, reconhecendo nele a meta e o termo da sua missão, o Messias que vem ao encontro do homem para o salvar do pecado e o reconduzir à vida. “Que caminhava”: esta nota evoca Gn 3,8.10, quando Deus “caminhava” no jardim pela brisa (he. ruah; gr. pneuma) da tarde, procurando restabelecer o diálogo com o homem, que pecara.
  • A seguir João aponta Jesus, repetindo o ponto central do seu querigma: “Eis o Cordeiro de Deus” (v. 29; cf. 1Cor 1,23; 2,2; Gl 3,1s). Esta expressão evoca três temas do AT: 1) o cordeiro pascal, cujo sangue simboliza a libertação do povo de Deus da escravidão do Egito e da morte (Ex 12,3-14.21-28); 2) os dois cordeiros que diariamente eram imolados no Templo, um de manhã, o outro à tarde (Ex 29,38s; Nm 28,3s); 3) o “Servo de Iavé”, o justo sofredor que, como cordeiro manso e inocente, carrega com o pecado do seu povo e oferece a sua vida como sacrifício de expiação pelos pecados, não apenas do seu povo, mas de “uma multidão”, ou seja, de toda a humanidade (cf. Is 53,1‑12; Jr 11,19). Jesus é a nova Páscoa, cujo sangue, oferecido em propiciação pelo pecado do mundo (v. 29; 1Jo 2,2), salvará o homem, não da escravidão do Egito ou do exílio, mas de Satanás, do pecado e da morte.
  • v. 37. Os discípulos “escutam” João, acreditam na sua palavra e põem-na em prática, “seguindo Jesus”. A fé nasce do ouvido (Rm 10,17; Gl 3,5) e traduz-se numa adesão pessoal, que não dá lugar a hesitações, demoras, pedidos de explicação ou garantias. “Seguir Jesus” é uma expressão técnica do discipulado que significa: caminhar atrás de Jesus, para com Ele aprender a fazer a vontade de Deus, escutando a sua Palavra, obedecendo-lhe, aprendendo o seu modo de viver, seguindo os seus passos, imitando os seus gestos e perseguindo os seus objetivos, fazendo dele o centro, a fonte e a meta da própria vida.
  • v. 38. Num segundo momento, narra-se o diálogo inicial de Jesus com os discípulos. À boa maneira dos rabinos, Jesus abre o diálogo com uma pergunta: “Que procurais?” (cf. 18,4.7; 20,15; Ex 33,7; Dt 4,29). É importante que os discípulos tomem consciência do que realmente procuram e esperam de Jesus, pois há quem vá ter com Ele por interesse.
  • Os discípulos imitam desde logo Jesus e replicam com outra pergunta, em tom de súplica: “Rabbi, onde moras?” Mostram assim que querem “permanecer” com Ele. “Morar” e “permanecer” são o mesmo verbo em grego, ménô (Sb 7,27; Mc 6,10p; Lc 1,56; Lc 19,5; 24,29), uma das palavras-chave deste Evangelho. O verbo tem um sentido de continuidade física e temporal: “permanecer com Jesus” é não só ficar em casa, habitar e viver com Ele (8,35; 14,2.23), mas também ficar unido a Ele para sempre, até ao fim. Ao designá-lo “Rabbi” (lit. “meu grande”), “Mestre” , pedem-lhe que os aceite como seus discípulos.
  • v. 39. Jesus responde-lhes com um convite unido, a uma promessa: “Vinde e vereis”. Primeiro, convida-os a entrar em comunhão com Ele: “vinde”. A quem o faz, promete-lhe que “verá” onde Ele mora, fazendo-o participar da sua vida. “Ver” significa perceber quem Jesus é, conhecê-lo à luz de Deus (1,51; cf. v. 36; 16,16s.19; 19,37; 20,8.18.20.25.27.29), pois ninguém o faz por uma informação dada ou uma ideia pessoal, mas só à luz da fé, no amor, sob a ação do Espírito Santo (3,3.5; Mt 11,27; 1Cor 12,3), que leva à união com Jesus e à configuração com Ele.
  • Os discípulos aceitam o convite de Jesus, “vêm”, e a sua promessa cumpre-se: “veem onde mora” Jesus, encontrando nele o Messias. “Mora” está no presente, pois Jesus, o Verbo de Deus que se fez carne e passou a habitar entre nós (1,14), está no seio do Pai (1,18; 10,38; 14,10) e o lugar onde “mora” não é um determinado sítio, mas no meio dos seus discípulos: “Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt 18,20), lugar que, mais tarde, após a Páscoa, será neles (1,14; 15,4-7; 6,56).
  • O encontro com Jesus leva-os a “permanecer” com Ele “naquele dia”, ou seja, daí em diante (o verbo está no aoristo, indicando uma ação que se repete). “A hora décima” são as quatro horas da tarde. Simbolizando “dez” a totalidade, isso quer dizer que o coração dos discípulos ficou repleto de Jesus, que começou desde então a ser tudo na sua vida.
  • v. 40. Num terceiro momento, os discípulos tornam-se testemunhas. Quem encontra Jesus e vive em comunhão com Ele, não pode deixar de o anunciar aos seus “irmãos” (20,17), procurando levá-los a Ele. Assim, André, “um dos dois que tinham seguido Jesus” (particípio aoristo, isto é, a partir de então, sempre de novo: 13,1), v. 41, logo no dia seguinte, o quarto (que começara na véspera, ao pôr-do-sol), vai ter com Simão, seu irmão, para lhe comunicar a maior descoberta de todas e da sua vida, a única que se pode e deve fazer sempre de novo. Di-lo, repetindo o grito de Arquimedes (eurêka): “Encontrámos (eurêkamen) o Messias” (4,29!). O verbo está no plural, porque: a) só é válido o testemunho de duas ou três pessoas (8,14; Dt 19,15); b) o encontro com Jesus só acontece no seio duma comunidade crente, a Igreja (20,24-29; Mt 18,20).
  • v. 42. O evangelista segue o seu esquema habitual: a) primeiro alguém é chamado pessoalmente, neste caso, por Jesus; b) depois, o que foi chamado leva outros a Jesus mediante o seu testemunho e confissão de fé em Jesus (vv. 36.45; 4,29; cf. 2,5; 17,20; 20,17s; 20,25; 21,7). Jesus confirma o chamamento de André (cf. vv. 47s) e, “fixando o olhar” em Simão (v. 36), diz o seu nome completo (cf. v. 45), “Simão, filho de João”, mostrando que o “viu” e “conhece” (10,3), por revelação divina, neste caso (o de Jesus), por conhecimento pessoal (cf. v. 48; 2,24; 5,42; 6,64; 10,14; 16,30; 21,17). O chamamento leva à missão. Jesus dá então a Simão o nome novo que indica a missão que lhe será dada: “Cefas” (1Cor 1,12; 3,22; 9,5; 15,5; Gl 1,18; 2,9.11.14), “Pedro”, “pedra”, ser “o rochedo” (Is 51,1) sobre o qual Jesus edificará a sua Igreja (Mt 16,18), que lhe confiará pessoalmente, para que a apascente em seu nome com amor (21,1-22).

 Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/podemos pôr em prática? 

  • Como foi o chamamento de Jesus para comigo? Houve alguma mudança de rumo na minha vida, nos modos de ver, na maneira de ser?
  • Ser cristão é acolher o chamamento de Deus, seguir Jesus Cristo, viver com Ele e testemunhá-lo. Tenho-o feito? Como?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Tudo apreciar em Deus, à luz da sua Palavra)

Salmo responsorial                                  Sl 40,2.4.7-11 (R. 8a.9a)

Refrão:        Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade. 

Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus.     R.

Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».     R.

«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração».     R.

«Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa bondade e fidelidade».    R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva:

Deus todo-poderoso e eterno, que governais o céu e a terra, escutai misericordiosamente as súplicas do vosso povo e concedei a paz aos nossos dias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Avé Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (encarnar, pôr em prática e testemunhar a Palavra na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc