Alimentar a nossa esperança com a esperança dos outros
Não se aprende, sozinho, a esperar. Não é possível. A esperança, para se alimentar, precisa dum «corpo», no qual os vários membros se apoiem e animem mutuamente. Isto significa que esperamos, porque muitos irmãos e irmãs nos ensinaram a esperar e mantiveram viva a nossa esperança. A morada natural da esperança é um «corpo» solidário; no caso da esperança cristã, este corpo é a Igreja. Nela, os primeiros chamados a alimentar a esperança são aqueles a quem está confiado o cuidado e a orientação pastoral; e não por serem melhores do que os outros, mas em virtude dum ministério divino, que supera de longe as suas próprias forças. Por isso têm tanta necessidade do apoio orante, do respeito e compreensão de todos. Depois dos responsáveis, o apóstolo Paulo pede a nossa atenção aos irmãos e irmãs cuja esperança corre maior risco de apagar-se: os desanimados, os frágeis, os oprimidos pelo peso da vida e das próprias culpas que estão sem forças para se levantar. Nestes casos, a proximidade solidária da Igreja deve fazer-se ainda mais intensa e amorosa, sob as formas de compaixão, conforto e consolação. Como escreve Paulo aos Romanos, «nós, os fortes, temos o dever de carregar com as fraquezas dos que são frágeis e não procurar aquilo que nos agrada». Este dever não está circunscrito aos membros da comunidade eclesial, mas estende-se a todo o contexto civil e social como apelo a não criar muros mas pontes, a não pagar o mal com o mal mas vencer o mal com o bem, a ofensa com o perdão, a viver em paz com todos. Esta é a Igreja; e isto é o que realiza a esperança cristã, quando assume os lineamentos fortes e, ao mesmo tempo, ternos do amor. Ora o sopro vital, a alma desta esperança é o Espírito Santo; é Ele a moldar as nossas comunidades, num Pentecostes perene, como sinais vivos de esperança para a família humana.
Papa Francisco, Resumo da audiência geral de 8 de Fevereiro de 2017