Creio no Espírito Santo - III

CREIO NO ESPÍRITO SANTO - III

O Espírito Santo vai-se manifestando discretamente, até se revelar em força nos momentos mais decisivos da história da salvação. No Antigo Testamento, «o Espírito Santo, como pessoa, está encoberto», como diz o Papa João Paulo II na sua Encíclica Dominum et Vivificantem (cf. n.º 15). Irrompe no Novo Testamento, depois de o Filho consumar a sua obra de salvação. De facto, como podemos verificar, no Antigo Testamento predomina a figura do Pai; no Novo Testamento predomina a figura do Filho e ao mesmo tempo abre-se o caminho à acção do Espírito Santo na Igreja. Assim se torna explícita a existência da Santíssima Trindade, presente desde o princípio na obra da criação. O Espírito Santo é uma pessoa, mas para se falar dele usa-se a linguagem dos símbolos, que evidenciam aquilo que Ele faz. Eis alguns desses símbolos:

 Vento, sinal da força de Deus: o vento destrói obstáculos que pareciam intransponíveis (Act 2, 2) e é símbolo da força, acção e dinamismo de Deus, que se manifestam logo na criação (cf. Gn 1, 2) e depois actuam nos profetas (Ez 1, 4) e nos Apóstolos (Act 2, 2).

Hálito, alma (alento vital) do homem: Gn 2, 7.

Água: os rios de água viva de que fala Jesus em Jo 7, 38 são o símbolo da vida nova no Espírito Santo: “Ele falava do Espírito que deviam receber aqueles que tinham crido nele; pois não havia ainda Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado” (Jo 7, 39).

A pomba é o sinal da simplicidade, da liberdade e da paz, do calor e da vida, e do mistério de Deus. Conforme a pomba que pousa na arca de Noé (Gn 8, 6-12) anuncia a nova humanidade, também aquela que aparece no Baptismo de Jesus (Mt 3, 16) anuncia que Ele é o iniciador da nova criação, o que baptiza no Espírito Santo.

O fogo significa, na Bíblia, a presença amorosa e activa de Deus no meio do seu povo. É sinal de insatisfação, de inquietação, de purificação (Is 6, 6-7; Ez. 1, 4) e entrega à missão, sobretudo ao ministério da Palavra (cf. Act 4, 8. 20: a ânsia de proclamar a Palavra é como um fogo que queima). Por isso em Act 2, 3 o Espírito Santo desce em forma de línguas de fogo.

A acção do Espírito Santo não se opõe à acção de Cristo, mas vem depois dele e graças a ele «para continuar no mundo, mediante a Igreja, a obra da Boa Nova da salvação» (cf. Dominum et Vivificantem, n.º 3). Assim, «o Espírito Santo fará com que perdure sempre na Igreja a mesma verdade, que os Apóstolos ouviram do seu Mestre» (cf. Dominum et Vivificantem, n.º4).

A sua acção concretiza-se em favor de cada pessoa individual, e em favor da Igreja. O Espírito Santo e as suas inspirações não são propriedade privada de ninguém, mas é em confronto com a Igreja que nós devemos avaliar os carismas que o Espírito vai suscitando em cada pessoa.

O Espírito Santo é o Espírito da Verdade. É no seu testemunho que «o testemunho humano dos Apóstolos encontrará o seu mais forte sustentáculo» (cf. Dominum et Vivificantem, n.º 5). Assim o Espírito Santo não ensina nada diferente do que Jesus Cristo ensinou, mas pelo contrário, assegura de modo duradouro a transmissão e irradiação da Boa Nova revelada por Jesus de Nazaré (cf. Dominum et Vivificantem, n.º 7).

 

 Portanto, quem pede: "Vem, Espírito Santo!", tem de estar preparado para dizer: "Vem e incomoda-me onde tenho de ser incomodado!".
(Wilhems Stählin)

Caminhos Carmelitas

  • Perseverar na oração
    Embora Deus não atenda logo a sua necessidade ou pedido, nem por isso, (…) deixará de a socorrer no tempo oportuno, se não desanimar nem de pedir. São João da Cruz  
  • Correção fraterna
    Hoje o Evangelho fala-nos da correção fraterna (cf. Mt 18, 15-20), que é uma das expressões mais elevadas do amor, mas também uma das mais difíceis, porque não é fácil corrigir os outros.  Quando um...
  • O sacerdote
    Sou filha da Igreja. Oh! Quanto alegria me dão as orações do sacerdote! No sacerdote não vejo senão Deus. Não procuro a ciência do sacerdote, mas a virtude de Deus nele. Santa Maria de Jesus...
  • Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles
    Esta presença viva e real de Jesus é a que deve animar, guiar e sustentar as pequenas comunidades dos seus seguidores. É Jesus quem há-de alentar a sua oração, as suas celebrações, projectos e...
  • “Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”
    «Negar-se a si mesmo» não significa de modo algum mortificar-se, castigar-se a si mesmo e, menos ainda, anular-se ou autodestruir-se. «Negar-se a si mesmo» é não viver pendente de si mesmo,...
  • A cruz de Jesus
    Se queremos esclarecer qual deve ser a atitude cristã, temos que entender bem em que consiste a cruz para o cristão, porque pode acontecer que a coloquemos onde Jesus nunca a colocou. Chamamos...

Santos Carmelitas