Encontravam-se no Mosteiro de Sant´Ana, Sevilha, Espanha, 4 Irmãs portuguesas, que para ali tinham sido encaminhadas pelo Pe. Manuel Maria Maia, Carmelita, a fim de realizarem a sua vocação para o Carmelo.
O Senhor serviu-se delas para que o Carmelo Feminino fosse restaurado nesta cidade de Beja.
Era então Bispo desta Diocese D. José do Patrocínio Dias, grande devoto do Sagrado Coração de Jesus, que acolheu gozosamente o pedido das Irmãs, alegrando-se muito com a ideia de ter, na sua Diocese, um Mosteiro de Monjas Carmelitas.
Depois de várias dificuldades - que sempre surgem nas obras de Deus -, pôde finalmente ser realizado o sonho das Irmãs e o grande desejo do Sr. Bispo.
Para que fosse Comunidade Formada, (era 6 Irmãs, o número mínimo exigido na época), vieram as quatro Irmãs portuguesas: Ir. Maria Carmelinda do Menino Jesus; Ir. Arcângela da Imaculada; Ir. Maria de Santo Eliseu e Ir. Maria Teresa de Jesus Crucificado, conjuntamente com duas Irmãs espanholas: Ir. Guadalupe e Ir. Maria do Santíssimo.
Assim se funda, em 22 de Abril de 1954, Ano Mariano, Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, de Beja. As Irmãs, recebidas na cidade com todo o carinho e entusiasmo, ficaram a residir numa casa provisória, cedida pelo Senhor Bispo, situada defronte do Paço Episcopal e adaptada convenientemente para a vida de clausura das monjas.
O nosso Bispo estava felicíssimo e cuidava com, todo o empenho, que as "suas Carmelitas" (como ele dizia) fossem bem assistidas espiritualmente, e que não lhes faltasse o necessário. O povo, na medida das suas possibilidades, também ajudava, com muito carinho, as irmãs.
O Senhor abençoou este Carmelo e, passado um ano, a 21 de Novembro, Festa da Apresentação de Maria, dá entrada no mosteiro a primeira candidata: uma jovem de Lisboa, Ir. Maria do Divino Coração, já falecida.
No ano seguinte entram mais três jovens: Ir. Mª de São José, Ir. Maria Ana da Purificação e Ir. Maria do Imaculado Coração.
Em pouco tempo existe um rico Noviciado, fervoroso, alegre e feliz (nove, entre junioras, noviças e postulantes).Os padres da nossa ordem proviam a nossa ajuda espiritual, enviando até, mensalmente, um sacerdote de Lisboa para o nosso dia de Retiro.
O Assistente Geral das Religiosas, Bartolomeu Xiberta, O. Carm., escrevia frequentemente à Comunidade, enviando, juntamente, uma carta às Noviças, onde nos exortava à vivencia fervorosa da nossa entrega ao Senhor e contagiando-nos com o seu tão apaixonado amor a Jesus e Maria.
Além da intensa vida espiritual, formação e estudo próprios do Noviciado, as jovens Noviças e Postulantes alegravam muito as Festas no Carmelo com peças de Teatro, organizadas por elas.
Infelizmente, um contratempo aconteceu: a entrada de uma candidata que sofria de tuberculose contagiosa, que conseguira encobrir, para poder entrar. Isto originou a doença e saída de algumas irmãs, com muita pena quer das que saíram, quer das que ficaram.
Dados estes acontecimentos, apressou-se a realização do projecto para a construção do Convento, tão necessário para a saúde das irmãs, uma vez que a “Casa Provisória” era pouco arejada e sem quinta.
Num terreno generosamente cedido por um casal de Beja: D.ª Maria Benedita Guerreiro da Cruz Martins e Francisco Maria da Cruz Martins, viria a ser edificado o novo Mosteiro.
Em 1963, no dia 21 de Junho, Festa do Sagrado Coração de Jesus, e dia da Eleição do Papa Paulo VI, foi benzida e lançada à terra a primeira pedra do Mosteiro, juntamente com o pergaminho que continha o nome do Novo Papa.
Presidiu a esta Cerimónia o Bispo da Diocese, D. José do Patrocínio Dias, acompanhado de seu Bispo Auxiliar, D. António Cardoso Cunha, do Monsenhor Deão José Delgado Pires e de vários Sacerdotes Amigos do Carmelo.
Apesar de bastantes dificuldades económicas para a construção, confiando na Divina Providência, as obras foram-se efectuando. Houve uma comparticipação do Estado, durante todo o tempo da construção; alguma ajuda da Ordem, por intermédio dos Padres Gabriel e Belarmino, e um contributo dos amigos e Benfeitores do Carmelo, na medida das suas possibilidades.
Graças ao Senhor e à nossa Santíssima Mãe, em 1971, no dia 24 de Maio, Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, as Irmãs puderam transladar-se para o novo mosteiro, mesmo ainda em construção, mas já com uma parte razoável construída, na qual podiam viver a sua vida contemplativa em clausura.
Foi com imensa alegria que, passados dois anos, no dia 16 de Julho, Solenidade de Nossa Senhora do Carmo, pôde ser benzida a Capela e inaugurado o Novo Mosteiro.
Presidiu à Solene Concelebração Eucarística o então Bispo da Diocese, D. Manuel dos Santos Rocha, que se fazia acompanhar do Vigário Geral da Diocese, Monsenhor Francisco Torrão. A nossa Ordem estava muito bem representada nesta Celebração, com a presença Padre Comissário, Frei Serapião Seiger, O. Carm., e mais sete padres e irmãos no Carmelo. Estava também um bom grupo de sacerdotes da diocese, amigos do Carmelo. O Povo era numeroso. As assinaturas de todos os participantes encontram-se no respectivo Livro, no Arquivo do Mosteiro.
Dada a saída de várias Postulantes e Noviças; a saída também das duas Irmãs Espanholas, que tinham vindo juntamente com as Irmãs portuguesas fundar o mosteiro, mas que pediram ao Sr. Bispo para regressarem a sua Pátria, e também ao translado de algumas religiosas, que lhes custava viver com tão poucas Irmãs e pediram transferência para outros mosteiros da Ordem, a Comunidade do Mosteiro ficou muito reduzida.
Mas, o Senhor e Nossa Santíssima Mãe ajudaram-nos muito e a confiança n´Eles nunca nos faltou. A Sua hora havia de chegar. E chegou.
O Reverendo Padre Rafael Leiva Sanches, Assistente Geral e Delegado das Monjas, muito interessado em ajudar este mosteiro, em finais do ano 2003, comunica-nos que há uma irmã do Brasil que poderia vir ajudar-nos. Pergunta-nos se estamos dispostas a recebê-la. Respondemos logo que sim, que a recebemos de todo o coração, e não só ela, mas todas as que desejarem vir.
No dia 6 de Maio de 2005 tivemos a grande alegria de a receber. Estávamos muito felizes, e ela não menos. Passados poucos dias, a 23 do mesmo mês, regressa de Sant´Ana, Sevilha, para a sua Comunidade de origem, a nossa Ir. Odília de Santa Inês, e, no dia 31 de Maio de 2006, é a vez de recebermos a ajuda do nosso Mosteiro de Moncorvo com a Irmã Maria da Eucaristia.
Somos, actualmente, cinco irmãs professas solenes, graças a Deus integradas na Federação “Mater et Decor Carmeli”. Embora poucas em número, procuramos, com a ajuda e Jesus e de Maria, permanecer muito unidas no Amor, vivendo o nosso Carisma, em obséquio de Jesus Cristo, na Oração, Fraternidade e Serviço aos Irmãos.
O povo que nos cerca, e não só, que, desde o princípio, tem nutrido uma grande estima e carinho pelo Carmelo, recorre com muita confiança à nossa oração e ajuda espiritual. Há um bom número de irmãos muito dedicados, assíduos ao Carmelo, que procuram levar uma vida cristã a sério, desejosos de ajuda espiritual e cheios de boa vontade em ajudar as Irmãs Carmelitas, segundo as suas parcas possibilidades.
Isto deu origem a que o nosso padre Assistente, Pe. Henrique Martins, O. Carm., falasse um dia na Igreja aos irmãos presentes na possibilidade de se formar uma Fraternidade Carmelita. O Povo acolheu, cheio de entusiasmo, a ideia. Foram aparecendo pessoas desejosas disto, e, no dia 16 de Julho de 2007, Solenidade de Nossa Santíssima Mãe, o nosso querido Bispo, D. António Vitalino Dantas, O. Carm., aprovou a Fraternidade Carmelita do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus - Beja.
Temos muita confiança que Jesus e nossa Mãe continuarão a velar por este Seu pequenino Jardim, e que as Vocações hão-de vir.
Esperamos que se cumpra a "profecia" do nosso querido Pe. Jose Chalmers, Geral da nossa Ordem até 13 de Setembro de 2007, aquando da sua visita: "Este Mosteiro ainda se há-de encher de vocações!".
Glória ao Senhor e à Mãe do Carmelo!...