Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (12,28b-34)
Naquele tempo, 12,28aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». 29Jesus respondeu: «O primeiro é: ‘Escuta, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. 30Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma’, de todo o teu entendimento ‘e com toda a tua força’. 31O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há outro mandamento maior que estes». 32Disse-lhe o escriba: «Muito bem, Mestre, disseste a verdade: Ele «é único e não existe outro além dele’. 33‘Amá-lo de todo o coração, de toda a inteligência e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo’, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». 34Ao ver que ele tinha respondido sabiamente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do Reino de Deus». E já ninguém ousava interrogá-lo.
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- O texto de hoje situa-nos em Jerusalém, a poucos dias da paixão e morte de Jesus. O ambiente é tenso. Dias antes, Jesus tinha expulsado os vendilhões do Templo (11,15-18), precipitando a decisão das autoridades judaicas de o condenar à morte. É em tal contexto que aparece esta passagem, a quarta e última controvérsia doutrinal de Jesus com os judeus no Templo. Ela é inserida por Marcos como complemento ao episódio do homem rico (10,17-27), onde Jesus só tinha mencionado os mandamentos relativos ao amor ao próximo; agora Jesus refere-se também ao primeiro mandamento, o amor a Deus.
- v. 28 (vv. 28-34: Mt 22,35-40; Lc 10,25-28). Enquanto Jesus ensinava no Templo, um escriba, sincero e bem intencionado, preocupado em estabelecer a correta hierarquia dos preceitos legais, ao verificar que Jesus respondera com inteligência nas três controvérsias anteriores, pergunta-lhe qual é o maior mandamento da Lei. Na época, esta questão não era pacífica, sendo objeto de intermináveis debates entre os fariseus e os doutores da Lei. Com o tempo, a tradição oral (Halaká, “o caminho”) tinha elaborado um conjunto de 613 preceitos (365 dos quais são proibições, tantas como os dias do ano; e 248 prescrições, tantas como os membros do corpo humano): qual deles é o principal?
- v. 29. Jesus responde, remetendo-o à oração diária mais importante do povo de Israel, o Shemá (he. “escuta”: Dt 6,4-9; 11,13-21; Nm 15,37-41), que todo o judeu piedoso reza duas (a três) vezes ao dia, de manhã e à tarde (e na sinagoga), voltado para Jerusalém. O Shemá é um apelo à conversão: escutar profundamente, com o coração, e responder à graça e misericórdia de Deus com amor, fidelidade e obediência. Jesus repete apenas os dois primeiros versículos do Shemá, relativos ao primeiro mandamento. O primeiro versículo enuncia o artigo central da profissão de fé do AT: “Escuta, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6,4s; 4,35; Ex 8,6; Is 45,21s; 1Cor 8,6). O Senhor é o Deus vivo que se revelou ao seu povo Israel na história, lhe falou, o salvou e com ele fez aliança. Agora o que lhe pede é a obediência da fé, que nasce da “escuta” da Palavra de Deus e se traduz na adesão a Deus como único Senhor e na adoração e entrega a Ele como único Deus.
- v. 30. À obediência da fé, junta-se a adesão do amor (Dt 6,5), pondo Deus em primeiro lugar, como origem, fundamento, centro e meta da própria vida e ser, amando-o: a) “de todo o coração”. O “coração” é a pessoa no seu íntimo. O amor a Deus deve ser total, pessoal, completo, sem divisões; b) “de toda a alma”. A “alma” é a vida. O amor a Deus deve abarcar toda a vida e existência pessoais, informá-la e expressar-se nela; c) “com toda a tua força”: pondo todos os seus bens, dons e capacidades ao serviço de Deus. A Mishná explica assim este preceito: «Com todo o teu coração, isto é: com as tuas duas inclinações, a boa e a má; com toda a tua alma, ou seja, também quando Ele te tira a vida; com todas as tuas forças: com todas as tuas riquezas. Outra explicação de com todas as tuas forças é: seja qual for a medida com que Ele te medir, dar-lhe-ás graças» (mBer 9,5; cf. 1Ts 5,18). S. Marcos acrescenta aqui: “de todo o teu entendimento” (gr. dianóia; Js 22,5G), ou seja, com todas as tuas faculdades mentais: inteligência, vontade, discernimento, sensibilidade, criatividade, conhecimentos, projetos, etc. (cf. Gn 8,21).
- v. 31. O amor a Deus, porém, por si só não basta. Por isso, Jesus completa o Shemá, unindo ao primeiro mandamento, um segundo, também ele tirado da Lei: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18; cf. Rm 13,9; Gl 5,14; Tg 2,8; Jo 13,34; 15,12). O maior mandamento é o amor. “ Mandamento” (gr. entolê) é “o que é posto dentro para se cumprir”, para ser levado a cabo como mandato, tarefa, missão. Não é, pois, uma lei exterior, mas antes um compromisso pessoal, uma exigência interior que impele à sua realização. Por isso, o mandamento fundamental do amor só se realizará se se concretizar nestas duas dimensões que se exigem, implicam e completam mutuamente, como as duas faces da mesma moeda: a do amor a Deus e a do amor ao próximo. Sem o amor ao próximo, o amor a Deus é falso (cf. 1Jo 4,20); mas sem o amor a Deus, o amor ao próximo empobrece-se, é limitado e torna-se faccioso, porque não se assemelha ao amor a Deus, que se estende a todos, mesmo aos inimigos, podendo mesmo levar a dar a própria vida por Deus e pelo outro (cf. Mt 5,44-48; 1Jo 3,16).
- A originalidade deste sumário evangélico da Lei, feito por Jesus, não está nos preceitos do amor a Deus e do amor ao próximo, já existentes; ela reside no facto de Jesus unir estes dois mandamentos e os interligar, pondo-os em perfeita sintonia. A resposta de Jesus ao escriba não vai, pois, na linha de traçar uma hierarquia rígida de mandamentos, mas de alargar o seu horizonte, reconduzindo-os à sua raiz, remetendo-os à sua fonte, pondo-os ao nível da opção fundamental que lhes dá sentido: o amor a Deus, que tudo deve informar e donde dimana o amor ao próximo, amor amigo, fraterno, feito de estima (“como a ti mesmo”: 1Sm 18,3).
- v. 32. O escriba fica impressionado com a resposta de Jesus, repete o que Ele disse (vv. 29s), citando a Lei v. 33, e acrescenta que o duplo mandamento do amor, aliado à obediência a Deus que dele brota das profundidades do coração, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios (1Sm 15,22; Sr 35,1ss; cf. Sl 40,7ss; 51,21; Pv 21,3; Is 1,10-17; 58,5ss; Jr 7,22s; Os 6,6; Mq 6,8). Num sacrifício oferece-se algo de exterior à pessoa, ao passo que o amor brota do coração, levando à entrega e ao dom de si mesmo a quem se ama (cf. Rm 12,1).
- v. 34. Agora é Jesus que fica admirado com a sabedoria do escriba, que percebe que o amor é o coração da fé, confiança e obediência de Deus, e declara-lhe que ele não está “longe do Reino de Deus”. Não está longe, porque ainda falta algo: entrar nele. Antes de mais, pela fé em Jesus. Mas a esta fé há que juntar a prática do duplo mandamento do amor (Lc 10,28), que resume em si a Lei e os profetas, isto é, as Escrituras (Mt 22,40; Rm 13,8-10; Tg 2,8). Não basta, porém, conhecer as Escrituras e saber interpretá-las: é preciso pô-las em prática com amor, pois só ele comprova a autenticidade da fé. E é com este mandamento do amor que se encerram as disputas doutrinais das autoridades religiosas de Israel com Jesus (Mt 22,46; Lc 20,40).
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Amo a Deus? Ponho-o em primeiro lugar e acima de tudo? Estou aberto e disponível para escutar a Deus e lhe obedecer, de modo a perceber os Seus apelos e caminhar no seu amor? Ou fecho-me na minha autossuficiência, desconfiança, timidez, egoísmo e preconceitos?
- Que mais desejo na vida? Quais são as minhas prioridades? A que dedico o meu tempo e em que aplico as minhas forças?
- Quem é o meu próximo: os que cruzam o meu caminho (brancos e negros, ricos e pobres, conterrâneos e estrangeiros, amigos e inimigos) ou só aqueles que aprecio e com quem estou de acordo? Com que gestos, atitudes, compromissos e iniciativas lhes traduzo o meu amor?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 18,2-4.47.50-51ab (R. 2)
Refrão: Eu Vos amo, Senhor: Vós sois a minha força.
Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador,
meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protetor, minha defesa e meu salvador. R.
Invoquei o Senhor – louvado seja Ele –
e fiquei salvo dos meus inimigos.
Viva o Senhor, bendito seja o meu protetor;
exaltado seja Deus, meu salvador. R.
Senhor, eu Vos louvarei entre os povos
e cantarei salmos ao vosso nome.
O Senhor dá ao seu Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu Ungido. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Deus omnipotente e misericordioso, de quem procede a graça de Vos servirmos fiel e dignamente, fazei-nos caminhar sem obstáculos para os bens por Vós prometidos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc