Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus - 2024

 

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

T. E acendei neles o fogo do vosso amor.

A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado

T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que, no mesmo Espírito, apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas  (2,15-21) 

2,15E aconteceu que, quando os Anjos se afastaram dos pastores para o céu, eles diziam uns aos outros: «Vamos, pois, a Belém e vejamos esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer».16Vieram então apressadamente e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Vendo, deram a conhecer a palavra que lhes tinha sido falada acerca daquele Menino. 18E todos os que os ouviam admiravam-se com o que lhes era dito pelos pastores. 19Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração. 20E os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, tal como lhes fora dito.21E quando se cumpriram os oito dias para o circuncidar, foi chamado com o nome de Jesus, indicado pelo Anjo antes dele ter sido concebido no ventre materno.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • O texto de hoje, exclusivo de Lucas, tem duas partes: a visita dos pastores, que conclui o relato do nascimento de Jesus (vv. 15-20); e a notícia da circuncisão de Jesus (v. 21).
  • v. 15. Depois do anúncio do nascimento de Jesus aos pastores (vv. 8-14), os anjos “afastaram-se” (1,38; 7,24; At 10,7) “dos pastores para o céu” (o domínio de Deus: cf. 24,51; Ne 9,6; 2Rs 2,1.11; 1Pd 3,22). Os pastores, que guardavam o rebanho fora de Belém, nos campos (v. 8), obedecem à palavra do anjo e dizem: “Vamos, pois, a Belém e vejamos esta palavra”. “Palavra” (gr. rema) traduz aqui o hebraico dabar, que significa não só “palavra”, mas também “acontecimento”. “Ver a palavra” significa constatar, “vendo” com os próprios olhos (v. 17), “a grande coisa que o Senhor realizou” (1Sm 12,16).
  • “Que aconteceu”: os pastores acreditam na palavra do anjo (cf. At 13,12), que é verdadeira (v. 20; 1,38; Dt 18,22), e vão a Belém, para receber “o que o Senhor” lhes “deu a conhecer”. Através dos anjos, é Deus que fala. É uma alusão ao Sl 98,2: “O Senhor deu a conhecer a sua salvação e aos olhos dos gentios revelou a sua justiça”. Tidos pelos rabinos como “ladrões”, “mentirosos” e “impuros”, considerados os últimos de todos (9,48; cf. 1Sm 16,11), os pastores são os primeiros a receber a Boa Nova do nascimento do Messias e a acreditar nela. Boa nova que se dirige antes de mais aos pobres, aos fracos e pecadores e só se revela aos humildes e pequeninos (5,32; 11,21; 1Cor 1,25-29).
  • v. 16. Do “Campo dos Pastores” (tradicionalmente identificado com Beit Sahour, “Casa do sentinela da noite”, a 2,5 km de Belém, cerca de uma hora a pé), eles dirigem-se para Belém (he. “Casa do pão”), “apressadamente” (Lc, 3x: 19,5s; Gn 18,6; Mq 4,1), impelidos pela alegria da fé na Boa Nova (cf. 1,39), pelo amor (cf. Gn 24,18.20.46) e o desejo de ver o Senhor. Para encontrar Jesus, há que pô-lo em primeiro lugar.
  • Em Belém não terá sido difícil encontrar “um bebé, deitado (gr. queimenos: 23,53) na manjedoura (lat. praesepium)” de uma gruta situada fora das portas da cidade, que servia de estábulo e nessa noite estava iluminada.
  • Ao entrarem, os pastores veem primeiro “Maria e José”, e só depois Jesus. Maria representa a comunidade cristã, a Igreja, e José, a fé na Palavra de Deus, transmitida pelo Povo de Deus (Mt 1,24; 2,13.19). Só é possível encontrar Jesus na Igreja, pela fé na Palavra (cf. At 9,5s).
  • v. 17. “Vendo, deram a conhecer a palavra”. São duas ações: primeiro, os pastores veem o Menino e contemplam-no, atentamente. “Ver” (gr. oraô) indica aqui o olhar da fé que nasce do encontro com Deus em Cristo e se traduz na experiência da salvação (At 4,20). Só depois é que dão a conhecer o que lhes tinha sido anunciada pelo anjo “acerca do menino”. “Menino” (gr. paidíon, não bréphos, vv. 12.16). evoca Is 7,16; 9,5, o anúncio do nascimento do Messias. De evangelizados, os pastores tornam-se evangelizadores: primeiro, de Maria e José (que não sabiam dos anjos); depois, dos que encontram pelo caminho.
  • v. 18. Lucas anota três tipos de reações à palavra dos pastores. 1) A dos ouvintes, “admirados” (Lc, 12 x: 1,21.63; 2,33) com a notícia que eles lhes anunciam. Lucas não diz se foram ver Jesus ou não.
  • v. 19. 2) A de Maria, que, de protagonista dos acontecimentos, passa a ser discípula do Evangelho, recebendo-o quase só da boca de testemunhas e dos discípulos do seu Filho (cf. 2,33s; 8,19ss; 11,27s; At 9,6).
  • Dela refere Lucas: “Maria, porém, conservava” (v. 51; 1,66; Gn 37,11; Sr 2,15). Como verdadeira filha de Abraão, Maria crê nas promessas de Deus (cf. Dn 7,28) e em “todas as palavras” (palavras e acontecimentos) que os pastores lhe anunciam, “conserva-as” no seu íntimo (Sr 2,15; 39,2), para as pôr em prática (cf. 8,21; 11,28; Sr 15,15; 35,1; 37,12, 44,20),; c) “meditando-as” (gr. symbalein), isto é, refletindo sobre elas (14,31), ligando as palavras aos acontecimentos, confrontando-os com a Palavra de Deus, para perceber à luz desta o seu sentido, que supera a compreensão humana (2,50s), e saber como deve agir (Sr 6,26); d) “em seu coração” (cf. Dn 7,28): “Deus deseja o coração” (Sanh 106b). É aí que há que escutar, meditar e penetrar a Palavra de Deus, para a pôr em prática, dando muito fruto (cf. 6,45; 8,15; 10,27; 12,34; 24,32).
  • v. 20. 3) A dos pastores que, apesar de não verem um rei, mas apenas um menino pobre, deitado numa manjedoura, nele reconhecem, pela fé na palavra do anjo, o Messias Senhor (v. 11). E “voltam”, cheios de alegria, anunciando a Boa Nova a todos (10,17; 24,33), e, como Lucas gosta sempre de notar após uma intervenção divina – “louvando e glorificando a Deus” (1,46; 4,15; 5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15; 18,43; 23,47; At 4,21; 11,18; 13,48; Sl 22,24; Dn 4,34.37). O louvor dos homens une-se ao dos anjos do céu (v. 13), fazendo-o ressoar na terra (Sl 56,11; 148; 150).
  • “Por tudo o que tinham ouvido e visto” (cf. At 4,20). A escuta precede a visão, porque a fé nasce da escuta da Palavra de Deus (Rm 10,17; Gl 3,5), sendo só a fé que possibilita “ver” a salvação (2,30; cf. Jo 11,40).
  • «Tal como lhes fora dito» (1,55.70; 2Sm 7,25; Sl 48,9; 1Rs 2,24; 5,19.26; 8,12.20; 9,5; Tb 14,5; Jon 3,3). Deus é fiel e verdadeiro: a sua Palavra e as suas promessas cumprem-se sempre. Os pastores acreditam nela, obedecem-lhe e veem «o Salvador, o Cristo Senhor» (v. 11). Completa-se assim o ciclo da fé, típico de Lucas: 1) anúncio; 2) escuta; 3) obediência; 4) caminhada; 5) experiência; 6) anúncio; 7) louvor a Deus.
  • v. 21. A narrativa do nascimento de Jesus encerra-se com a nota da sua circuncisão (he. berit milah, “aliança da circuncisão”), que é feita ao oitavo dia do nascimento do filho (Gn 17,12; Lv 12,3; Fl 3,5). Este é posto ao colo do padrinho (he. sandák), sentado na cadeira do profeta Elias (“o anjo da Aliança”: Ml 3,1; 1Rs 19,10), ali presente como convidado e testemunha. O circuncidador (mohel) pronuncia a bênção, corta o prepúcio do bebé, de modo a provocar-lhe dor e derramamento de sangue (pois sem derramamento de sangue não há Aliança: Hb 9,18ss) e remove-o. Pela circuncisão, o menino: 1) entra na Aliança de Deus com Abraão (Gn 17,10-14); 2) passa a fazer parte do Povo eleito; 3) fica obrigado a: a) submeter-se ao jugo da Lei (Sf 3,9; Lm 3,27; Jr 2,20; 5,5; Sr 51,26); b) cumprir todos os mandamentos de Deus (Rm 2,25s; Gl 5,2s); c) praticar boas obras; d) e dar uma descendência a Abraão.
  • Circuncidado o menino, é recitada a bênção e o pai impõe-lhe o nome (1,59-63), assumindo-se legalmente como seu pai, seja ele seu filho carnal ou apenas adotivo. O nome da criança compõe-se do nome próprio (geralmente escolhido pela mãe: 1,60), e do apelido, indicando de quem é filho, neste caso: Ieshuah bar-Iosef (“Jesus, filho de José”: 3,23; Mt 1,16; Jo 1,45; 6,42).
  • “Jesus” (Mt 1,21) é a versão grega de “Josué” (he. Ioshuah, “Deus salva”), o sucessor de Moisés que introduziu o povo eleito na Terra prometida. Em aramaico diz-se Ieshuah, a palavra hebraica “salvação”. Era o nome indicado (lit. “o chamado”) pelo Anjo a Maria (1,31), antes dela ter concebido. Indicando na Sagrada Escritura o nome a missão da pessoa, indica-se assim que Jesus é o Salvador, enviado por Deus ao homem, para lhe dar a salvação (vv. 10.14). 

Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Tenho consciência de que a salvação está em Jesus e não nas ideologias, no poder, no dinheiro, na posição social ou no prazer?
  • Como reajo diante da boa nova: acredito ou desconfio? Agradeço ou esqueço-a? Caminho ou fico parado? Difundo-a ou calo-me?
  • Dedico algum tempo diário à oração para, com Maria, em diálogo com Jesus, meditar e aprofundar a Palavra de Deus, a fim de discernir a vontade de Deus e a pôr em prática?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (o que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Tudo apreciar em Deus, à luz da sua Palavra) 

Salmo responsorial                                      Sl 67,2-3.5.6.8 (R. 2a)

Refrão:        Deus tenha compaixão de nós, Ele nos dê a sua bênção.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação.   R.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.   R.

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.    R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, que pela virgindade fecunda de Santa Maria destes aos homens a salvação eterna, fazei-nos sentir a intercessão daquela que nos trouxe o Autor da vida, nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho. Ele que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo por todos os séculos dos séculos.

T. Amen. 

Avé Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (encarnar a Palavra na própria vida e testemunhá-la, unidos em Cristo)

Fr. Pedro Bravo, oc