19º domingo do Tempo Comum, ano C - 10 de agosto de 2025

Pequeno rebanho 1

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (12,32-48)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 12,32: «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino. 33Vendei os vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não envelhecem, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não se aproxima, nem a traça destrói. 34Pois onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 35Estejam os vossos rins cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede semelhantes a homens que estão à espera que o seu senhor regresse das bodas, para que, quando ele vier e bater, lhe abram logo a porta. 37Bem-aventurados aqueles servos que o senhor, ao vir, encontrar vigilantes! Amen vos digo: cingir-se-á, fá-los-á reclinar à mesa e, passando, os servirá. 38E se vier na segunda ou na terceira vigília da noite, bem-aventurados são eles se assim os encontrar! 39Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas vem o ladrão, não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 40Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais vem o Filho do Homem». 41Então Pedro disse: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola ou é também para todos?». 42Disse o Senhor: «Quem é, então, o administrador fiel e prudente que o senhor porá à frente dos seus serventes para lhes dar, no tempo oportuno, a ração de trigo? 43Bem-aventurado o servo a quem o seu senhor, ao vir, encontrar a fazer assim. 44Em verdade vos digo: pô-lo-á à frente de todos os seus bens. 45Mas se aquele servo disser no seu coração: "O meu senhor tarda em vir", e começar a bater nos criados e nas criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46chegará o senhor daquele servo no dia em que não espera e na hora que não conhece, parti-lo-á ao meio e fá-lo-á ter parte na sorte dos infiéis. 47Aquele servo que conhecia a vontade do seu senhor e não se preparou ou não procedeu segundo a sua vontade, levará muitas vergastadas. 48Mas aquele que não a conhecia e fez coisas merecedoras de chicote, levará poucas. A todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e a quem muito foi confiado, mais lhe será pedido».

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • O texto de hoje compõe-se de diversos ditos de Jesus: a) um apelo à confiança em Deus (v. 32); b) um apelo a vender os bens e a distribuí-los aos pobres (vv. 33-34); c) dois apelos à vigilância (vv. 35-40); d) a parábola do administrador fiel e do administrador infiel (vv. 41-48).
  • 32. «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino.

    Não temas, pequenino rebanho: cf. Is 41,13s. No AT, o rebanho é uma imagem frequente para designar o povo de Deus (Is 40,11; Mq 2,12; 7,14; Jr 31,10; Ez 34,12.31; Sl 23,1; 78,52; 95,7; cf. Gn 48,15). Jesus também o faz, aplicando-a a Israel (Mt 9,36; Mc 6,34), aos israelitas pecadores (15,4s; Mt 10,6; 15,24) ou, como aqui, ao grupo dos seus discípulos (Mt 26,31; Mc 14,27; At 20,28; 1Pd 5,2). Exorta-os a não temer, apesar da oposição que terão de enfrentar (vv. 4.11; cf. Is 41,10.13; 43,1.5; 54,4), pois foi do agrado do Pai (3,22) dar-lhes o Reino (cf. 22,29; Dn 7,18.27; Is 44,2) que já está presente e em atuante em Jesus. Ninguém pode, pois, detê-lo, nem impedi-los de o receber. Jesus designa o Pai (“meu Pai”: 2,49; 10,22; 22,29; 24,49) “vosso Pai”, admitindo os discípulos a participar da sua relação filial com Deus.
  • 33. Vendei os vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não envelhecem, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não se aproxima, nem a traça destrói.

    (vv. 33s: Mt 6,19ss). Depois de ter advertido os discípulos contra a ansiedade pelos bens materiais (vv. 22-32), Jesus exorta-os a tornarem-se ricos para Deus (v. 21), partilhando os seus bens com os pobres através da esmola (11,41), pondo assim a sua segurança em Deus e não nos bens materiais, acumulando desta forma um tesouro nos céus (18,22s; Mc 10,21).
  • 34. Pois onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

    Onde estiver “o tesouro” dos seus discípulos (onde eles põem a sua segurança), aí estará também o seu coração: se estiver nos bens materiais, deles ficará prisioneiro; se estiver em Deus, nele encontrará a liberdade da partilha com os irmãos e com os pobres.
  • 35. Estejam os vossos rins cingidos e as lâmpadas acesas.

    Jesus exorta depois os seus discípulos à vigilância (vv. 35-40). Ter os rins cingidos é sinal de ânimo e prontidão para o serviço (v. 37; 17,8; 1Rs 18,46; Pv 31,17; Is 5,27; Ef 6,14; 1Pd 1,13). É uma referência a Ex 12,11, a noite da páscoa do êxodo do Egito. Cingir-se significava atar com um cinto ou com uma corda a parte inferior da túnica à volta da cintura, para que esta não atrapalhasse os movimentos do corpo durante o trabalho.

    E as lâmpadas acesas: é uma alusão ao candelabro (he. menorá) que estava sempre arder no Santuário, quer de noite, quer de dia, por detrás do véu, diante da Arca da Aliança (Ex 27,20s; Lv 24,2.4). Não basta ser diligente, trabalhar: é preciso orar sempre, permanecer em íntima união com Deus, pois é dela que brotam a fé, a confiança, o amor e a diligência no serviço.
  • 36. Sede semelhantes a homens que estão à espera que o seu senhor regresse das bodas, para que, quando ele vier e bater, lhe abram logo a porta.

    Para explicar o que significa estar vigilantes, Jesus conta três parábolas. A primeira é a dos servos que aguardam a chegada do seu senhor que foi a umas bodas (cf. Mt 22,1-12; 25,1-13). A tarefa dos servos exige uma constante vigilância, sobretudo de noite, pois o senhor não tem dia, nem hora marcados para chegar (Mt 25,13). Ele pode vir a qualquer momento e os servos devem estar sempre atentos, vigilantes, para lhe abrir a porta mal ele chegue e bata (Ap 3,20).
  • 37. Bem-aventurados aqueles servos que o senhor, ao vir, encontrar vigilantes! Amen vos digo: cingir-se-á, fá-los-á reclinar à mesa e, passando, os servirá.

    Bem-aventurados (v. 43): Jesus faz uma promessa de felicidade em que os papéis se invertem (17,8): o senhor torna-se servo (cf. 22,27) e o servo passa para o lugar do senhor (cf. Jo 13,4-17; Ap 3,21). Amen vos digo: o mesmo que: em verdade vos digo (v. 44).
  • 38. E se vier na segunda ou na terceira vigília da noite, bem-aventurados são eles se assim os encontrar!

    38: Mc 13,35. Essa felicidade será tanto maior quanto maiores forem a expetativa e a vigilância. A noite era dividida em quatro vigílias: a primeira, das seis às nove; a segunda, das nove à meia-noite; a terceira, da meia noite às três da madrugada; a quarta, das três às seis da madrugada. O servo deve estar sempre atento, pronto para entrar em ação.
  • 39. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas vem o ladrão, não deixaria que a sua casa fosse arrombada.

    39s: Mt 24,43s. A segunda parábola é a do dono da casa e do ladrão. O dono da casa não sabe a que horas vem o ladrão, caso contrário a sua casa não seria arrombada, porque ele não o deixaria.
  • 40. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais vem o Filho do Homem».

    De modo semelhante, ninguém sabe quando será a vinda do Filho do Homem (Mc 13,32), que “vem de noite, como um ladrão” (1Ts 5,2). O verbo “vir” está no presente, porque o Senhor vem em cada momento. O importante não é saber a hora, mas estar sempre preparados para o acolher, pois Ele vem cada dia ao seu encontro através dos acontecimentos e das pessoas, sobretudo, através dos necessitados (cf. Mt 25,40).
  • 41. Então Pedro disse: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola ou é também para todos?»

    41-48: Mt 24,45-51. A terceira parábola é a do administrador fiel e do administrador infiel (cf. 16,1). É introduzida pela pergunta de Pedro. A tarefa da vigilância e da oração (Mc 14,38p; Cl 4,2) aplica-se de modo especial aos responsáveis das comunidades, que devem velar não só por si, mas também por aqueles que lhes foram confiados (cf. At 20,28.31).
  • 42. Disse o Senhor: «Quem é, então, o administrador fiel e prudente que o senhor porá à frente dos seus serventes para lhes dar, no tempo oportuno, a ração de trigo?

    Jesus, à maneira de um bom rabbi, responde à pergunta de Pedro com outra pergunta, esta também em forma de parábola. É nela que dá a resposta: bom administrador é aquele que cumpre a sua missão de servidor, nunca usando os bens recebidos em proveito próprio, mas estando sempre vigilante e atento, procurando o bem daqueles que lhe foram confiados (cf. 16,1; 1Cor 4,1s).
  • 43: Bem-aventurado o servo a quem o seu senhor, ao vir, encontrar a fazer assim.

    43: cf. v. 37. Quem exerce bem o seu ministério, experimenta a alegria bem-aventurada de servir (cf. At 20,35; 1Tm 5,17; 1Pe 5,4; Dn 12,2s).
  • 44. Em verdade vos digo: pô-lo-á à frente de todos os seus bens.

    O senhor chamá-lo-á a uma mais alta responsabilidade, confiando-lhe todos os seus bens (cf. 19,17ss; Mt 24,47; 25,21.23.29).
  • 45. Mas se aquele servo disser no seu coração: "O meu senhor tarda em vir", e começar a bater nos criados e nas criadas, a comer, a beber e a embriagar-se.
  • Se o administrador se esquecer que é apenas “servo” (gr. doulos: “servo”, “escravo”, o nome que os cristãos e os responsáveis da Igreja se davam a si mesmos: At 4,29; Rm 1,1; 1Cor 7,22; Gl 1,10; Fil 1,1; Cl 4,12; 2Tm 2,24; Tt 1,1; 2Pd 1,1) e, vendo que o senhor tarda em vir (cf. 20,9; Mt 25,5; 2Pd 3,4.9), mudar de comportamento, provocando conflitos e criando problemas, oprimindo os seus irmãos (cf. 2Cor 11,20), caindo na embriaguez e na dissipação (“comer e beber”: v. 19; 17,27s; 2Pd 2,13; Jd 1,12)…
  • 46. Chegará o senhor daquele servo no dia em que não espera e na hora que não conhece, parti-lo-á ao meio e fá-lo-á ter parte na sorte dos infiéis.

    … o servo será surpreendido pelo senhor que vem no dia em que não espera e na hora que não conhece (Mt 25,13), e que há-de parti-lo ao meio, uma imagem da pena de morte em que o corpo era cortado em pedaços (cf. Mt 24,51; 1Sm 15,33), aqui entendida em sentido metafórico, como separação do Senhor (Mt 18,17), e fá-lo-á ter parte na sorte dos infiéis, ou seja, na condenação (Jb 20,29; Mt 13,42.50).
  • 47Aquele servo que conhecia a vontade do seu senhor e não se preparou ou não procedeu segundo a sua vontade, levará muitas vergastadas.

    Nos dois últimos versículos, exclusivos de Lucas, Jesus mostra que o castigo (ser açoitado) dos administradores infiéis é severo, sendo proporcional à gravidade da culpa (Dt 25,2s): os que desobedeceram intencionalmente serão castigados mais gravemente;
  • 48. Mas aquele que não a conhecia e fez coisas merecedoras de chicote, levará poucas.

    Os servos que desobedeceram não intencionalmente serão menos castigados.
  • A todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e a quem muito foi confiado, mais lhe será pedido».

A última afirmação de Jesus é claramente dirigida aos responsáveis da comunidade; mas pode aplicar-se a todos os que receberam dons materiais, humanos ou espirituais.

Ler o texto a segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

      a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?

  • Somos servos de Deus. Que fazemos para estar sempre vigilantes?
  • Sou bom administrador, boa administradora, da missão que recebi?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                                  Sl 33,1.12.18-19.20.22 (R. 12b)

Refrão:  Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.

Justos, aclamai o Senhor,
os corações retos devem louvá-lo.
Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança.      R.

Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.       R.

A nossa alma espera o Senhor,
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.      R.

Pai-nosso…

Oração conclusiva:

Deus todo-poderoso e eterno, a quem o Espírito Santo nos ensina a chamar confiadamente nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave-Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc