Festa de Nossa Senhora do Carmo - Carta do Prior Geral

CARTA DO PRIOR GERAL

PARA A FESTA DE MARIA MÃE DO CARMELO

Queridos irmãos e irmãs da Família Carmelita,

Aproxima-se a festa de Maria Mãe do Carmelo, nossa Mãe e, como todos os anos, dispomo-nos a  viver com alegria esta celebração tão importante para a nossa Família Carmelita, espalhada por todo o mundo. Em muitos lugares, através de manifestações de fé muito diversas, honraremos aquela que consideramos como “Mãe e Decoro do Carmelo”. Procissões, novenas, imposição do escapulário, actos cultuais, felicitações, etc., percorrerão toda a geografia do Carmelo universal. Em muitos países, como Espanha, minha terra natal, o culto à Virgem do Carmo está relacionado com o mundo marítimo (pescadores, marinheiros) e a sua imagem sulcará as águas, como sinal de esperança e de protecção nos mares da vida (muitas vezes muito mais tempestuosos e perigosos).

Também eu desejo unir-me a este ambiente de festa e felicitar-vos com os meus melhores votos: que estas celebrações nos façam sentir o nosso amor filial por Maria nossa Mãe, que invocamos sob o título tão terno e popular de Mãe do Carmelo. Que Ela nos acompanhe e nos ilumine no nosso caminhar como Ordem e como Família Carmelita.

Este ano, atrevo-me a convidar-vos a que reflictais sobre uma das imagens mais populares com que é representa Nossa Senhora do Carmo: a Virgem que, do céu (directamente ou através de alguns anjos), resgata as almas do purgatório, que costumam aparecer rodeadas de chamas e com olhares suplicantes. Sem entrar agora em questões teológicas nem no imaginário barroco,com todos os seus limites, desejaria pôr em evidência o facto de que o povo fiel vê, nesta imagem, a protecção maternal de Maria e, mais ainda, sente que a verdadeira devoção à Virgem conduz a uma vida de fé e de graça.

Neste tempo de profunda crise económica, de violência que não pára, de desigualdades flagrantes... creio que também nós, devotos da Virgem do Carmelo, estamos chamados a libertar todos os que sofrem nos diversos “purgatórios” do nosso tempo (fome, desemprego, guerra, terrorismo, droga,  depressão e solidão, falta de educação, maus tratos e abusos...). A devoção à nossa Mãe Santíssima torna-nos mais sensíveis às necessidades dos nossos irmãos e das nossa irmãs mais pequenos, dos mais esquecidos e torna-nos mais afectuosos e compreensíveis, mais solidários. A compaixão é talvez a melhor prova da autenticidade da nossa devoção mariana, que não pode limitar-se, como já realçava o Concílio Vaticano II (cujo início estamos a celebrar o 50º aniversário), nem a um sentimentalismo estéril e passageiro, nem a uma vã credulidade (LG, 67).

Convido-vos para que as celebrações prestadas em honra de Nossa Senhora do Carmo sejam uma ocasião para uma válida e séria evangelização e não somente para manter de pé tradições e práticas do passado. Celebremos as nossas novenas e a imposição do escapulário com convicção, com amor, com atenção e cuidado pastoral, com gosto litúrgico e com sentido catequético, de maneira que se torne realidade o que dizia D. Romero na sua famosa homilia de 16 de Julho de 1978: “O nosso povo sente que Maria, sob este título do Carmo, é a grande missionária do povo”.

Feliz festa do Carmo! Que Maria, nossa Mãe e Irmã, sempre nos acompanhe. Com afecto fraterno

 Fernando Millán Romeral, O. Carm.
Prior Geral