Pentecostes. Vinde, Espírito Santo

 

Vinde, ó santo Espírito, vinde, Amor ardente,
acendei na terra vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições,
vinde encher de gozo nossos corações.
Benfeitor supremo em todo o momento,
habitando em nós sois o nosso alento.
Descanso na luta e na paz encanto,
no calor sois brisa, conforto no pranto.
Luz de santidade, que no Céu ardeis,
abrasai as almas dos vossos fiéis.
Sem a vossa força e favor clemente,
nada há no homem que seja inocente.
Lavai nossas manchas, a aridez regai,
sarai os enfermos e a todos salvai.
Abrandai durezas para os caminhantes,
animai os tristes, guiai os errantes.
Vossos sete dons concedei à alma do que em Vós confia:

Virtude na vida, amparo na morte, no Céu alegria.

Vós sabeis que o Espírito Santo constitui a alma, a linfa vital da Igreja e de cada cristão: é o Amor de Deus que faz do nosso coração a sua morada e entra em comunhão com cada um de nós. O Espírito Santo está sempre connosco, em nós, no nosso coração. O próprio Espírito é «o dom de Deus» por excelência (cf. Jo 4, 10), um presente de Deus e, por sua vez, transmite vários dons a quantos o acolhem. A Igreja identifica sete, número que simbolicamente significa plenitude, totalidade; são aqueles que aprendemos quando nos preparamos para receber o sacramento da Confirmação e que invocamos na antiga prece da chamada «Sequência ao Espírito Santo». Os dons do Espírito Santo são os seguintes: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. (Papa Francisco, Audiência geral, 9 de Abril, 2014).

Sabedoria 

Portanto o primeiro dom do Espírito Santo, de acordo com este elenco, é a sabedoria. Mas não se trata simplesmente da sabedoria humana, que é fruto do conhecimento e da experiência. E a sabedoria consiste precisamente nisto: é a graça de poder ver tudo com os olhos de Deus. E obviamente o dom da sabedoria deriva da intimidade com Deus, da relação íntima que temos com Deus, da nossa relação de filhos com o Pai.

Assim, o Espírito Santo torna o cristão «sábio». Mas isto não no sentido que ele tem uma resposta para cada coisa, que sabe tudo, mas no sentido que «sabe» de Deus, sabe como Deus age, distingue quando algo é de Deus e quando não o é; tem aquela sabedoria que Deus infunde nos nossos corações. O coração do homem sábio, neste sentido, tem o gosto e o sabor de Deus. (Papa Francisco, Audiência geral, 9 de Abril, 2014).

Prece: Espírito Santo de Luz, concedei-me o dom da Sabedoria. Que eu tenha o discernimento necessário para distinguir o mal do bem, a mentira da verdade, a guerra da paz. Que a tua sabedoria ilumine os espaços confusos da minha alma.

Entendimento

Aqui, não se trata da inteligência humana, da capacidade intelectual de que podemos ser mais ou menos dotados. Ao contrário, é uma graça que só o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação.

Como sugere a própria palavra, a inteligência permite «intus legere», ou seja, «ler dentro»: esta dádiva faz-nos compreender a realidade como o próprio Deus a entende, isto é, com a inteligência de Deus. Então, é claro que o dom do entendimento está intimamente ligado à fé. Quando o Espírito Santo habita o nosso coração e ilumina a nossa mente, faz-nos crescer dia após dia na compreensão daquilo que o Senhor disse e levou a cabo. O próprio Jesus disse aos seus discípulos: enviar-vos-ei o Espírito Santo e Ele far-vos-á entender tudo o que vos ensinei. (Papa Francisco, Audiência geral, 30 de Abril, 2014).

Prece: Espírito Santo Paráclito, concedei-me o dom do Entendimento, para que eu compreenda correctamente a vontade do Pai celeste relativamente a mim. Dai-me entender o próximo com amor, misericórdia e paz. Que eu compreenda, com todo o meu ser, o amor de Cristo Jesus por mim e pela humanidade.

Conselho

Portanto, o conselho é o dom com o qual o Espírito Santo torna a nossa consciência capaz de fazer uma escolha concreta em comunhão com Deus, segundo a lógica de Jesus e do seu Evangelho. Desta maneira, o Espírito faz-nos crescer interior e positivamente, faz-nos crescer na comunidade e ajuda-nos a não cair na armadilha do egoísmo e do próprio modo de ver as coisas. O Espírito ajuda-nos a crescer e a viver em comunidade.

Na intimidade com Deus e na escuta da sua Palavra, começamos gradualmente a abandonar a nossa lógica pessoal, ditada muitas vezes pelos nossos fechamentos, preconceitos e ambições, e aprendemos a perguntar ao Senhor: qual é o teu desejo? Qual é a tua vontade? O que te agrada? Deste modo, amadurece em nós uma sintonia profunda, quase conatural no Espírito e podemos experimentar como são verdadeiras as palavras de Jesus apresentadas no Evangelho de Mateus: «Não vos preocupeis com o que haveis de falar nem com o que haveis de dizer; ser-vos-á inspirado o que tiverdes de dizer. Não sereis vós a falar, é o Espírito do vosso Pai que falará por vós» (Mt 10, 19-20). (Papa Francisco, Audiência geral, 7 de Maio, 2014).

Prece: Espírito Santo, Conselheiro Divino, concedei-me o dom do Conselho. Iluminai o meu entendimento, para que eu busque em Deus as respostas para as minhas dúvidas e inquietações humanas e espirituais. Colocai nos  meus lábios palavras que restabeleçam a paz no mundo, e ajudai-me a levar sempre um conselho que devolva às almas aflitas a serenidade em Deus.

Fortaleza

Hoje pensemos naquilo que o Senhor faz: Ele vem sempre para nos apoiar nas nossas debilidades e fá-lo com um dom especial: o dom da fortaleza. Com o dom da fortaleza, o Espírito Santo liberta o terreno do nosso coração, liberta-o do torpor, das incertezas e de todos os temores que podem detê-lo, de modo que a Palavra do Senhor seja posta em prática, de forma autêntica e jubilosa. Este dom da fortaleza é uma verdadeira ajuda, dá-nos força, liberta-nos também de tantos impedimentos. A Igreja resplandece com o testemunho de muitos irmãos e irmãs que não hesitaram em oferecer a própria vida, para permanecer fiéis ao Senhor e ao Evangelho. Não devemos pensar que o dom da fortaleza seja necessário só em determinadas ocasiões e situações particulares. Este dom deve constituir o fundamento do nosso ser cristãos, na ordinariedade da nossa vida quotidiana. Como disse, em todos os dias da vida quotidiana devemos ser fortes, precisamos desta fortaleza, para fazer avançar a nossa vida, a nossa família, a nossa fé. O apóstolo Paulo pronunciou uma frase que nos fará bem ouvir: «Tudo posso naquele que me fortalece» (Fl 4, 13). (Papa Francisco, Audiência geral, 14 de Maio, 2014).

Prece: Espírito Santo Consolador, concedei-me o dom da Fortaleza. Fortalecei a minha alma para superar as dificuldades de cada dia, os tormentos das perseguições e as insídias do maligno. Ajudai-me a ser forte no meio das fraquezas espirituais, para que eu seja sinal do Teu amor e da Tua bondade.

Ciência

Quando se fala de ciência, o pensamento dirige-se imediatamente para a capacidade que o homem tem de conhecer cada vez melhor a realidade que o circunda e de descobrir as leis que regulam a natureza e o universo. Contudo, a ciência que deriva do Espírito Santo não se limita ao conhecimento humano: trata-se de um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua profunda relação com cada criatura.

Quando são iluminados pelo Espírito, os nossos olhos abrem-se à contemplação de Deus, na beleza da natureza e na grandiosidade do cosmos, levando-nos a descobrir como tudo nos fala d’Ele e do seu amor. Tudo isto suscita em nós um grandioso enlevo e um profundo sentido de gratidão! É a sensação que sentimos também quando admiramos uma obra de arte, ou qualquer maravilha que seja fruto do engenho e da criatividade do homem: diante de tudo isto, o Espírito leva-nos a louvar o Senhor do profundo do nosso coração e a reconhecer, em tudo aquilo que temos e somos, é um dom inestimável de Deus e um sinal do seu amor infinito por nós. (Papa Francisco, Audiência geral, 21 de Maio, 2014).

Prece: Espírito Santo, Advogado Celestial, concedei-me o dom da Ciência. Que, iluminado pela Tua luz divina, eu compreenda correctamente os planos de Deus para a minha vida, e seja obediente aos ensinamentos divinos. Deste modo, poderei ser no mundo e com quem vivo um sinal permanente da misericórdia de Jesus.

Piedade

É necessário esclarecer imediatamente que este dom não se identifica com a compaixão por alguém, a piedade pelo próximo, mas indica a nossa pertença a Deus e o nosso vínculo profundo com Ele, um elo que dá sentido a toda a nossa vida e que nos mantém firmes, em comunhão com Ele, até nos momentos mais difíceis e atormentados. Trata-se de uma relação vivida com o coração: é a nossa amizade com Deus que nos foi concedida por Jesus, uma amizade que transforma a nossa vida e nos enche de entusiasmo e alegria. Por isso, o dom da piedade suscita em nós, antes de tudo, a gratidão e o louvor. Com efeito, este é o motivo e o sentido mais autêntico do nosso culto e da nossa adoração. Quando o Espírito Santo nos faz sentir a presença do Senhor e todo o seu amor por nós, aquece o nosso coração e leva-nos quase naturalmente à oração e à celebração. Portanto, piedade é sinónimo de espírito religioso genuíno, de confiança filial em Deus e da capacidade de lhe rezar com amor e simplicidade, que é própria das pessoas humildades de coração. (Papa Francisco, Audiência geral, 4 de Junho, 2014).

Prece: Divino Espírito Santo, concedei-me o dom da Piedade. Que as minhas orações sejam pontes de amor, que me unam aos corações de Deus Pai e de Jesus Cristo. Que o meu fervor espiritual se renove sempre, para que a minha alma frutifique na fé e na esperança.

Temor de Deus

O dom do temor de Deus é o dom do Espírito que nos recorda como somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem está no nosso abandono com humildade, respeito e confiança nas suas mãos. Este é o temor de Deus: o abandono à bondade do nosso Pai, que nos ama imensamente.

O temor de Deus faz-nos ter consciência de que tudo é graça e que a nossa verdadeira força consiste unicamente em seguir o Senhor Jesus e em deixar que o Pai possa derramar sobre nós a sua bondade e misericórdia. Quando estamos cheios do temor de Deus, então somos levados a seguir o Senhor com humildade, docilidade e obediência. É uma dádiva que faz de nós cristãos convictos e entusiastas, que não permanecem submetidos ao Senhor por medo, mas porque se sentem comovidos e conquistados pelo seu amor! (Papa Francisco, Audiência geral, 11 de Junho, 2024).

Prece: Espírito Santo, Consolador dos aflitos, concedei-me o dom do Temor de Deus, para que eu tenha sempre diante dos meus olhos, a bondade divina, e que os meus pensamentos, palavras e acções, não sejam uma ofensa ao amor misericordioso de Deus Pai.

Oração 

Deus do universo, que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja, dispersa entre todos os povos e nações, derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo, de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho. Por nosso Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amen.