Quarto Dia: A Regra e o Monte Carmelo

A Regra e o Monte Carmelo

A Regra do Carmo foi dada por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, aos Carmelitas que viviam no Monte Carmelo. O Monte Carmelo marcou de tal maneira a vida dos primeiros Carmelitas que ele deixou de ser uma simples referência geográfica para tornar-se o símbolo do ideal de vida dos Carmelitas.

O símbolo do Monte tem uma força evocativa muito forte. Traz à nossa memória a montanha de Deus do profeta Elias (1Rs 19,8), o monte Sinai do levita Moisés (Ex 3,1), o monte das Nações do profeta Isaías (Is 2,2), o monte Tabor da Transfiguração de Jesus (Mt 17,1), o monte das Oliveiras da agonia de Jesus (Lc 22,39) e da sua Ascensão ao Céu (Mt 28,16;Lc 24,50; Act 1,9), e a “Subida do Monte Carmelo” de São João da Cruz.

Evoca as dificuldades da subida, a solidão das alturas, a vastidão do panorama e o silêncio longínquo dos rumores. Na medida em que cada um vai subindo o monte, o caminho vai ficando mais estreito, mas a visão do horizonte vai-se alargando.

Situando o quarto dia no conjunto da novena

Neste quarto passo, a ênfase cai na Regra do Carmo que contém o projecto de vida elaborado pelos primeiros Carmelitas. Os Carmelitas viviam orando e trabalhando no alto do monte e desciam para anunciar a Boa Nova ao povo e ensinar-lhe como rezar e como viver na presença do Deus libertador e irradiar esta presença no meio da comunidade.

Esta Regra de Vida de toda a Família Carmelita já tem mais de 800 anos! Mas a árvore velha do fundo do quintal não se corta quando, cada ano de novo, ela continua a produzir frutos novos. De facto, em cada século, até hoje, a Regra do Carmo produz frutos novos na Igreja ao serviço do povo de Deus, sobretudo dos “menores”, dos pobres.

A Regra do Carmo, a mais curta de todas as Regras monásticas, é como o mapa de viagem que orienta o peregrino na “Subida do Monte Carmelo”. Ao longo dos seus 24 capítulos cada um vai subindo e, no capítulo 21, o capítulo sobre o silêncio, o viajante alcança o topo do monte. São João da Cruz, inspirando-se nas grandes montanhas da Bíblia, diz que no alto do Carmelo, em cima do monte, reinam o amor e o silêncio.

O objectivo a ser alcançado neste quarto dia da novena

  • Fortalecer em nós a identidade como Carmelitas, não só com a cabeça, nas ideias, mas também com o coração, na vivência diária.
  • Confrontar a nossa vida com as propostas da Regra e fazer uma boa revisão da nossa vida como Carmelitas que procuram viver o Evangelho de acordo com o ideal proposto pela Regra de Santo Alberto.

Atitude orante a ser cultivada no quarto dia da novena. A oração dos Salmos

A Regra do Carmo insiste muito na oração dos Salmos. Os Salmos são o lado orante da Bíblia e da Vida. Neles meditamos a Lei de Deus, a História, a Sabedoria e a Profecia. Todas as situações da vida humana estão reflectidas nos Salmos. Eles são uma amostra de como rezar. Por isso é bom  cada um acostumar-se a rezar os Salmos e até a decorar algum Salmo que mais fala ao coração.

Padroeiro: Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, autor da Regra do Carmo

Alberto nasceu na Itália por volta do ano 1149. Entrou na Congregação dos Cónegos Regulares. Em 1184 foi nomeado bispo de Bobbio e Vercelli. Procurou promover a reforma da Igreja, estimulando, sobretudo o nascimento de novas formas de vida religiosa ao serviço dos pobres. Homem de visão, ele ajudou várias congregações a renovarem-se e a adaptarem-se à nova situação política e social da Europa. Escreveu Regras de Vida para várias Congregações.

Por causa das suas qualidades como pastor, Alberto foi nomeado Patriarca de Jerusalém em 1206. Nesta sua condição como autoridade eclesiástica, ele foi procurado pelos primeiros Carmelitas do Monte Carmelo, para que aprovasse a maneira de eles viverem em obséquio de Jesus Cristo. O Monte Carmelo pertencia à diocese de Jerusalém. Usando a proposta dos próprios frades, Alberto escreveu a Regra do Carmo.

Os três capítulos mais longos da Regra sobre as armas espirituais (RC 18 e 19), sobre o trabalho (RC 20) e sobre o silêncio (RC 21) são um resumo da tradição monástica da Igreja. Alberto queria que esta tradição tão rica fosse colocada ao serviço do Povo de Deus, sobretudo dos pobres, através da nossa fidelidade à Regra.

Pela sua coragem de denunciar os erros e a má conduta do Mestre do Hospital da cidade de Acre a norte do Monte Carmelo, Alberto foi assassinado por ele no dia 14 de Setembro de 1214, durante a procissão do Santíssimo Sacramento.

Mesmo reconhecendo Alberto como autor da Regra, os primeiros frades Carmelitas não quiseram ser chamados de Albertinos, mas sim de Carmelitas, isto é, Moradores do Carmelo. Eles queriam e querem que todas as comunidades de Carmelitas sejam Pequenos Carmelos.

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