Terceiro Domingo da Quaresma - Ano B - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (2,13-25) 

2,13Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 14Encontrou no Templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas sentados. 15Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do Templo e também as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; 16e disse aos vendedores das pombas: «Tirai isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». 17Recordaram-se os seus discípulos do que estava escrito: «O zelo pela tua casa me devorará». 18Então os judeus tomaram a palavra e disseram-lhe: «Que sinal nos mostras para fazeres estas coisas?». 19Jesus respondeu e disse-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». 20Disseram então os judeus: «Em quarenta e seis anos foi edificado este templo e tu em três dias o levantarás?». 21Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo. 22Por isso, quando foi ressuscitado dos mortos os seus discípulos lembraram-se de que tinha dito isto e acreditaram na Escritura e na palavra que Jesus dissera. 23Enquanto Ele estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa, muitos acreditaram no seu nome, ao verem os sinais que Ele fazia. 24Mas Jesus não se fiava neles, porque os conhecia a todos e não precisava de que alguém lhe desse testemunho sobre o homem, pois Ele conhecia o que havia no homem.    

Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • A expulsão dos vendilhões do Templo (2,14-16: Mt 21,12s; Mc 11,15ss; Lc 19,45s), que nos Sinópticos ocorre no domingo de Ramos, início da semana da paixão de Jesus, em João vem logo na secção introdutória (1,19-3,36), onde Jesus e a sua missão são apresentados.
  • v. 13. Estamos perto da Páscoa (v. 23; 4,45; 6,4; 11,55; 12,1; 13,1), a principal das três festas de peregrinação dos judeus a Jerusalém (cf. Ex 23,14s.17). Por ocasião da Páscoa, Jerusalém, que tinha cerca de 55.000 habitantes, chegava a albergar 125.000 peregrinos, sacrificando-se no Templo uns 18.000 cordeiros pascais.
  • v. 14. Era nesta ocasião que o comércio relacionado com o Templo atingia o seu ápice. Três semanas antes da festa, começava a emissão de licenças para a instalação dos postos comerciais à volta do Templo, onde se vendiam os animais e outras coisas necessárias para os sacrifícios, e as mesas dos cambistas, onde se trocavam por moedas judaicas as moedas romanas, que, por terem a efígie do imperador, designado “divino”, não podiam circular no Templo (cf. Mc 12,15p). Todo este comércio era controlado por Anás, que Herodes Arquelau impusera como Sumo Sacerdote em 6 d.C., não sendo, por isso, considerado legítimo pelos judeus. Anás conseguiu habilmente que todo o dinheiro arrecadado no Templo revertesse para a sua família e funcionários. Entretanto, a avidez de lucro levara-o a ocupar também o “Átrio dos gentios”, a zona do Templo destinada também aos gentios, transformando-a num “covil de ladrões” (Jr 7,11).
  • v. 15. Os profetas tinham criticado o culto do Templo sempre que este deixava de ser expressão de um verdadeiro amor a Deus ou servia para camuflar injustiças, violências e a opressão dos pobres. Sabia-se que o Messias, quando viesse, purificaria o Templo e renovaria o culto, fazendo-o nascer do coração e abrindo-o a todos os povos (cf. Is 56,7; Ml 3,1-4). Zacarias liga diretamente o “dia do Senhor”, data da intervenção de Deus na história através do Messias, à eliminação dos comerciantes que estivessem “no Templo do Senhor do universo” (Zc 14,21). Jesus é, pois, o Messias!
  • Longe de ser uma irrupção de violência, o gesto de Jesus é profético. João não diz que Jesus chicoteou alguém, mas apenas que pegou num chicote de cordas (gr. fragellión: 15,15). Com este gesto, Jesus: 1) apresenta Deus como Pai de todos os homens, que “corrige” o filho que ama (lit. açoita, porque se educava com açoites: Pv 3,12; Hb 12,6; Jdt 8,27; Sir 30,1ss; Is 10,26). 2) O chicote é símbolo do juízo verdadeiro e da justa sentença do Messias (cf. Is 11,4), já antes formulada pelos profetas, que Jesus recorda, mas que o povo não escutou, como já acontecera no tempo de Jeremias (Jr 5,3), tornando inevitável, tal como então, em 597 a.C., o castigo e a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., convertendo-a no protótipo da cidade iníqua que se recusa a ouvir os apelos de Deus e a converter-se (cf. Na 3,2).
  • v. 16. Jesus vai, no entanto, mais longe que os profetas, expulsando também do Templo as ovelhas, bois e pombas que serviam para os sacrifícios (só João refere este pormenor). Jesus não propõe apenas a reforma do culto, mas a própria abolição dos sacrifícios, incapazes de renovar o homem (cf. 3,1-21). Desta forma, Jesus reivindica ser mais do que um profeta ou o Messias: Ele é o próprio Filho de Deus que age em nome do Pai, defendendo os interesses do Pai sobre a terra. Por isso diz: “Não façais da casa de meu Pai casa de comércio”.
  • v. 17. Os discípulos vêm naquele gesto o que ele é: um gesto profético de Jesus, no qual se realiza o Sl 69,10 (um dos salmos da paixão), abrindo o caminho à Páscoa de Jesus, à Sua paixão e ressurreição.
  • v. 18. Com este gesto, Jesus entra em rota de colisão com a aristocracia sacerdotal de Jerusalém, os sumos-sacerdotes, do partido dos saduceus, precipitando a decisão da sua morte. Os saduceus são aqui genericamente designado “judeus”, porque, na ocasião em que o Evangelho é escrito, já o seu partido já tinha sido extinto com a destruição do Templo, em 70 d.C. v. Eles ficam irritados, não só pelo que Jesus fez, mas também porque percebem o seu gesto como profético, de cariz messiânico. Ora eles não reconheciam nem os profetas, nem o Messias. Pedem, pois, a Jesus um “sinal” (cf. 4,48; 6,30; 1Cor 1,22) que demonstre que Ele é o Messias (cf. 19,7.12).
  • v. 19. Jesus responde, recorrendo à figura literária, típica de João, do “mal-entendido” (1. afirmação; 2. mal-entendido; 3. sentido espiritual: cf. 3,4; 4,15; 6,34; 7,35; 8,33; 11,11s; 12,34; 13,9.36s; 14,22): “destruí este Templo e em três dias Eu o levantarei”.
  • v. 20. Esta indicação situa este episódio na Páscoa de 28 d.C., 46 anos depois de Herodes I ter ordenado a reconstrução do Templo em 19 a.C., tendo ela ficado pronta em 9 d.C. e sendo concluída em 63 d.C.
  • v. 21. O verdadeiro Templo já não é o de Jerusalém (cf. 4,21), mas o Corpo de Cristo, a Igreja (cf. 1,14; 7,37ss; 19,34; 1Cor 6,19), edificado por Ele através pela Sua paixão, morte e ressurreição.
  • v. 22. A ressurreição é aqui referida pelo verbo “levantar” e a menção do “terceiro dia” (v. 19: Mt 26,61; cf. Mt 16,21; 1 Cor 15,4): “quando Ele foi levantado dos mortos”. O Corpo de Cristo substituirá o Templo e o culto que nele se pratica pela adoração ao Pai “em Espírito e verdade” (4,23). Os discípulos “lembram-se” do que Jesus diz (cf. 14,26), mas só são capazes de entender a sua Palavra e as Escrituras à luz da sua ressurreição (12,16; cf. 20,9; Lc 24,45).
  • O evangelho termina com uma referência à fé dos discípulos “na Escritura e na palavra que Jesus dissera” (v. 11; 20,8s; cf. 4,39.41; 8,30; 12,42). João dá assim a entender que a palavra de Jesus é realmente Palavra de Deus.
  • v. 23. João também se refere à fé dos que acreditaram em Jesus “ao verem os sinais que Ele fazia” (cf. 7,31; 10,42; 11,45).
  • v. 24. “Mas Jesus não se fiava neles”, porque a fé deles não se apoiava na Palavra, não sendo por isso, sólida. “Ele conhecia o que havia no homem” (1,48; 6,61.64.71; 13,1.11.27.28; 16,19.30; 18,4; 21,17), porque só Ele, como Deus, conhece o que está dentro do coração do homem (cf. Jr 17,9s; 1Sm 17,6; Is 11,3), do qual procedem todas as suas ações, as boas e as más (cf. Mc 7,20-23). 

Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)    

a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • É possível encontrar a Deus e chegar até Ele? Como perceber a Sua vontade e descobrir os seus caminhos?
  • A nossa comunidade dá testemunho do amor gratuito de Deus? Que fazer para que os homens nela O possam encontrar e reconhecer?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

 4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

 Salmo responsorial                                    Sl 19, 8-11 (R. Jo 6,68)

Refrão:        Senhor, Vós tendes palavras de vida eterna.

A lei do Senhor é perfeita,
reconforta a alma;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples.    R.

Os preceitos do Senhor são retos,
alegram o coração;
os mandamentos do Senhor são claros,
iluminam os olhos.      R.

O temor do Senhor é puro,
permanece para sempre;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são retos.       R.

São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos.                    R.

 Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, autor de todas as misericórdias e de toda a bondade, que nos fizestes encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno os remédios do pecado, olhai benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

 Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc