Sexto Domingo da Páscoa - 2024

 

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (15,9-17)

Disse Jesus aos seus discípulos: 15,9«Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei: permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. 11Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. 12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 13Ninguém tem maior amor do que este: dar a sua vida pelos seus amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque tudo o que ouvi a meu Pai vos fiz conhecer. 16Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos designei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça, para que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vos dê. 17Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros».

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • v. 9. Continuamos em Jerusalém, no Cenáculo, na Última Ceia. Depois de ilustrar com a alegoria da videira a união que vai ter com os seus discípulos após a sua ressurreição, união destinada a dar muito fruto (vv. 1-8), Jesus declara que fruto espera deles: o amor. Jesus fala da agápê (gr. “caro”, lat. caritas), o termo bíblico grego que nos LXX traduz o hebraico ‘ahabah, o amor de Deus pelo seu povo (Dt 7,8; 1Rs 10,9), o amor esponsal (Ct 2,4; 8,6; Jr 2,2) e fraterno (1Sm 18,3; 20,17), o amor gratuito, altruísta, verdadeiro, que põe em primeiro lugar o outro e procura o seu bem e felicidade, estando disposto a pagar, em primeira pessoa, o “preço” para tal necessário, nisso encontrando o seu próprio bem e felicidade. Jesus sintetiza-o aqui numa frase, que explica, ponto por ponto.
  • 1) “Assim como o Pai Me amou”: a origem, a fonte do amor é o Pai, que tem sempre a iniciativa (3,16; 1Jo 4,10.19). “Também Eu vos amei” Jesus sabe-se amado pelo Pai (3,35; 5,20), imita-o e corresponde-lhe (5,19) amando os seus discípulos (17,23.26). Exorta-os a “permanecer” no seu amor (gr. ménô: v. 4; Sr 44,12s; Sb 3,9; Ef 3,17), amando-se uns aos outros (1Jo 3,17; 4,12.16) e perseverando nesse amor “para sempre” (Sll 111,3; 112,3).
  • v. 10. 2) A seguir, Jesus declara em que consiste o amor: em guardar os seus mandamentos (v. 14; 14,15.21; 1Jo 5,3; 2Jo 1,6; Sb 6,18; Ex 20,6; Dt 6,1-9; 10,12s). A capacidade de guardar os mandamentos é um dom da nova aliança, dado pelo Espírito Santo (Jr 31,31ss; Ez 36,27). “Mandamento” (gr. entolê) literalmente é “o que é posto dentro” para se cumprir, para ser levado a cabo, como missão. Não é, pois, uma norma exterior, mas uma exigência interior que brota do Pai, anima Jesus (12,49s), levando-o a dar sua vida por nós (10,18), e que Ele nos comunica pelo Espírito Santo (16,14s; 17,22s; 1Jo 3,24; 4,12s; Rm 5,5). O Pai ama o Filho, dá-se a Ele e comunica-lhe tudo o que é; o Filho faz o mesmo, cumprindo o mandamento do Pai (8,29; 14,31) de dar a vida eterna aos homens (12,50), dando-se totalmente a eles, para lhes comunicar a vida (10,18), para que eles também o possam fazer, guardando os seus mandamentos.
  • v. 11. 3) A nota distintiva do amor que brota da fé em Jesus, a qual nasce da escuta da sua Palavra, é a alegria (3,29; 1Cor 13,6; Gl 5,22). Alegria de se saber amado pelo Pai e por Jesus, de ter em si o seu amor e de poder amar como Ele. Quem o faz, passou da morte para a vida (1Jo 3,14) e participa já aqui na terra da “plenitude da alegria” que Jesus tem na glória do Pai (16,22.24; 17,13; 1Jo 1,4; 2Jo 12).
  • v. 12. 4) O amor de Jesus traduz-se na prática do seu mandamento, o do amor fraterno, que resume todos os outros mandamentos, sendo a finalidade de tudo o que Ele disse e fez: “que vos ameis uns aos outros” (v. 17; 13,34; 1Jo 2,8; 3,23; 4,21; cf. Gl 5,14; Ef 5,2). É este dinamismo interior que Ele recebeu do Pai e que comunica aos seus discípulos, fazendo-os renascer do alto (3,3-8; 1Pd 1,22s) para que se possam amar como Ele os amou. “Assim como vos amei”: a conjunção “como” (3x neste texto) não significa só “do mesmo modo que”, mas também “uma vez que”, “segundo”: o amor de Jesus é a causa, o modelo, a medida e a meta do amor fraterno dos seus discípulos.
  • v. 13. 5) Jesus revela então a dimensão própria deste seu amor (Ef 3,18s): ele é fiel e vai até às últimas consequências, até ao fim (gr. télos: 13,1), a ponto de “dar a sua vida” por todos (10,11.15.17s; 1Jo 3,16; Mc 10,45p). Diz “pelos seus amigos”, porque na cruz matou a inimizade e nos reconciliou consigo (Ef 2,14-20), fazendo de nós “seus amigos” (3x aqui) e “irmãos” (20,17; cf. Mc 3,33ss). “Dar” (gr. tithêmi, no presente) significa também “expor”, “servir, “manifestar”. “A vida” (gr. psychê, “alma”) de Jesus é a sua intimidade e comunhão com o Pai (6,57), na qual se acha a salvação do homem (3,15; 17,2s). Jesus dá-a “até ao fim” para que todos dela participem. O mesmo devem fazer os seus discípulos (1Jo 3,16). Nesta cadeia de transmissão, o amor de Jesus é sempre “o maior”, não porque a eles se sobrepõe, mas porque é a luz e a força que os inspira, lhes faz ver novas situações, descobrir novos horizontes, rasgar novos caminhos e progredir até ao fim, sem desfalecer.
  • v. 14. 6) Jesus diz de que tipo é o seu amor: de amizade. Por isso, chama-os “amigos” (3,29; 11,3.11.36; Lc 12.4: Ex 33,11; Sr 6,7ss.13-16; Sb 7,27; Tg 2,23; cf. 2Cr 20,7; Is 41,8; Dn 3,35). O que é próprio da amizade é pôr tudo em comum (1Sm 18,3s), levando a fazer a vontade do outro de forma livre e espontânea (cf. 1Sm 20,4).
  • v. 15. Jesus não quer que os seus discípulos vivam a sua relação com Deus (com o Pai e com Ele) como servos (gr. doúlos: “servo”, “escravo”), como os judeus na antiga Lei (cf. 8,35; Gl 4,24-27), mas como amigos. Por isso, lhes dá a “conhecer” (gr. gnôrízo, “revelar”: 17,26; Jr 16,21) tudo o que ouviu de seu Pai (cf. 1Sm 19,2s.7; 20,9.13), dando-se a si mesmo, Verbo feito carne, a eles, fazendo-os participar da sua comunhão com o Pai.
  • v. 16. A amizade assenta na liberdade. Todo outro tipo de amor pode ter uma razão, mas a amizade não; ela nasce sempre de uma livre escolha. “Seguir Jesus” não resulta da própria iniciativa (como os judeus, que escolhem o seu rabbi), mas é uma resposta livre à livre iniciativa e escolha de Jesus, que são divinas (v. 19; 6,70; 13,18; 1Cor 1,26-30; cf. Dt 7,7-15). Só assim os discípulos poderão amar como Jesus, fazendo a sua vontade, não como servos que só fazem o que foi mandado, com medo de errar, mas como amigos que fazem a vontade do outro com amor, entrega, gratuidade, criatividade e dedicação.
  • 7) Jesus indica as consequências deste amor: “Eu vos designei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça”. A fé traduz-se em obras (1Jo 3,18; Mt 7,24s; Tg 2,17.26; 1Ts 1,3; Gl 5,6; 2Pd 1,5) e a eleição leva à missão. Jesus não quer um grupo fechado em si mesmo, mas “designa” (Is 49,6; At 13,47) uma comunidade de irmãos, enviados por Ele, que vão ao encontro dos outros levando-lhes a boa nova da salvação. Salvação que consiste em viver em união com o Pai e com os irmãos, sendo um em Cristo, no amor. O amor, porém, só é verdadeiro, se der fruto. Jesus fala de “fruto” no singular (Gl 5,22; Rm 1,13; Fl 1,22), para indicar que o amor nunca está ocioso. A missão dos discípulos é dar fruto (vv. 5-8; Lc 13,6-9; Mc 4,20p), levar Cristo aos outros (Lc 1,42; 1Cor 2,1), estender o amor e comunhão com Ele a todos, de modo que “todos sejam um” (17,21). União que não é uniformidade, mas que se enriquece com a multiplicidade e diversidade dos seus membros. União que deve presidir à obra e missão dos discípulos, pois só assim o seu fruto “permanecerá” (cf. 1Cor 13,8).
  • 8) Uma vez que a união não se faz “para”, mas em, por e com Jesus, ela precisa de ser alimentada pela oração (pessoal e comunitária), pois é nesta contínua relação de amizade e união com Deus que se pode “re‑spirar” o seu amor (20,22). Oração que é feita “em nome” de Jesus (v. 7; 14,13s; 16,23-26) num tríplice sentido: a) ascendente, porque se dirige ao Pai por meio de Jesus; b) descendente, porque é do Pai por Jesus que se recebe a vida eterna; c) horizontal, porque só é eficaz, atendida (14,13s) a oração feita em união com os irmãos (Mt 18,19s).
  • 9)  17. Jesus conclui, repetindo que o fim de tudo o que quer, diz e faz (v. 11: “estas coisas”), o que o resume e traduz, é o amor dos discípulos “uns aos outros” (13,34; Rm 13,8.10; Gl 5,14; Cl 3,14). Se o amor é a finalidade de tudo o que Jesus disse e fez, o amor também deve ser a finalidade de tudo o que os seus discípulos dizem e fazem. 

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)    

a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • É o amor que inspira a minha vida, opções e tomadas de posição?
  • As nossas comunidades são cartazes vivos do amor de Jesus ou espaços onde reinam a crítica, a divisão, o conflito e os interesses pessoais? 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração) 

Salmo responsorial                                           Sl 98,1-4 (R. cf. 2b)

Refrão:        Diante dos povos manifestou Deus a salvação.

Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço

Lhe deram a vitória.     R.

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade

em favor da casa de Israel.     R.

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,

exultai de alegria e cantai.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Deus todo-poderoso, concedei-nos a graça de viver dignamente estes dias de alegria em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc