Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Conclusão do Evangelho segundo S. Marcos (16,15-20)
Naquele tempo, Jesus manifestou-se aos Onze e disse-lhes: 16,15«Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. 16Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. 17Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demónios; falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem alguma coisa mortífera, isso não lhes fará mal; imporão as mãos sobre enfermos e estes ficarão bem». 19Assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. 20E eles, tendo partido, pregaram por toda a parte, cooperando o Senhor com eles e confirmando a palavra com os sinais que a acompanhavam.
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- Esta passagem faz parte do apêndice acrescentado ao Evangelho de S. Marcos (16,9-20) em finais do séc. I. Este, depois de um sumário de aparições de Jesus ressuscitado, contadas pelos outros evangelistas (vv. 9-14), insere o texto de hoje, que se compõe de três cenas: 1) o mandato missionário de Jesus (vv. 15-18); 2) a sua Ascensão ao céu (v. 19); e 3) a missão dos discípulos em obediência ao Senhor, que cumpre as suas promessas (v. 20).
- v. 15 (vv. 14-18:Mt 28,18-20; Lc 24,36-49; Jo 20,19-23.26-29). A primeira cena resume o mandato missionário de Jesus ressuscitado aos seus discípulos, acrescentado aqui em sequência da única aparição aos onze apóstolos que Marcos narra (v. 14). Tal como Israel celebra numa só festa, a Páscoa, diversos acontecimentos separados no tempo (o êxodo, a peregrinação no deserto, a entrada na Terra prometida, a escolha de Jerusalém como lugar da habitação de Deus, o Templo), também os evangelistas, no princípio, concentram num só dia – o primeiro da semana (vv. 2.9), o da ressurreição de Jesus que inaugura a Páscoa cristã (cf. 1Co 5,7) – acontecimentos que decorreram em diferentes dias até à Ascensão do Senhor, no quadragésimo dia, como mais tarde S. Lucas narra nos Atos dos Apóstolos (At 1,2-11; cf. Jo 20,24-21,25).
- 1) A cena começa com o mandato de Jesus: “Ide” (Mt 28,19). O verbo, no particípio aoristo (lit. “indo”), indica que a missão dos discípulos se vai atuando na história em relação às pessoas com quem eles se vão encontrando, à medida que avançam, sem se restringir a nenhum lugar, mas progredindo sempre até ao fim (cf. Gn 22,8).
- 2) Jesus define a seguir o âmbito da missão: “por todo o mundo” (13,10; 14,9; Rm 10,18; Ap 14,6). A missão é universal, destina-se às pessoas de todo o mundo, ultrapassando as fronteiras geográficas, políticas, étnicas, linguísticas e culturais, cumprindo-se assim a promessa de Deus a Abraão (cf. Gn 12,3; 22,18; Sl 22,28; 67,2; Is 49,6; 52,10; 66,19; Dn 7,14; Ml 1,11). Universal é também o alcance do Evangelho. Ele transcende todas as barreiras temporais, religiosas, sociais, etárias ou de género, e tem uma repercussão cósmica, destinando-se "a toda a criatura" (Cl 1,23; Ap 5,13; cf. Gl 3,28), reconciliada por Cristo (Cl 1,20), que anseia por o escutar (como os anjos: 1 Pd 1,12).
- 3) A missão consiste em “pregar” o querigma, o primeiro anúncio do Evangelho (1,4.7s.14s; 3,14; 6,12), que chama à conversão, suscita a fé e leva ao batismo (cf. Rm 16,25; 1 Cor 2,4; 15,3-5.14; 2Tm 4,17).
- 4) O conteúdo do querigma é o “Evangelho de Jesus Cristo” (1,1), na dupla aceção do termo: a) no genitivo subjetivo, é o próprio Jesus Cristo, Filho de Deus (cf. At 11,20; Rm 1,1-4; 16,25), Evangelho vivo do Pai, presente e atuante no meio dos homens (1Ts 2,13; Cl 1,6); b) no genitivo objetivo, é a Boa Nova da salvação anunciada por Jesus por palavras e obras e por Ele consumada na sua paixão, morte e Ressurreição, para a todos ser dada como fonte de vida nova no Espírito Santo.
- v. 16. O Evangelho “pro-voca” nos ouvintes uma dupla resposta, que tem uma dupla consequência (cf. Jo 3,18; At 16,31): quem o escutar e nele acreditar, para receber, pelo batismo, o dom do Espírito Santo (cf. 1,4.8), a fim de viver uma vida nova como filho de Deus, à semelhança de Jesus, “será salvo” (cf. 1Cor 15,2; 1Jo 5,10ss). Mas quem não acreditar, continua fechado no pecado e “será condenado”, à semelhança do primeiro homem, que, tendo pecado, não reconheceu o seu pecado, nem dele se arrependeu, optando por se afastar de Deus, fonte da vida, para seguir o seu próprio caminho, que leva à morte (cf. Gn 3).
- v. 17. O mandato de Jesus, confiado aos Onze, dirige-se a todos os fiéis, os cristãos “que crerem” (cf. At 11,19ss). Jesus promete-lhes que corroborará a sua palavra com “os sinais” que acompanham a fé e se destinam a suscitá-la nos ouvintes, apontando para a obra que Jesus quer fazer e mostrando que eles agem “em seu nome”, como seus mandatários (cf. Jo 14,12). Os sinais são:
- (1) “expulsarão demónios” (3,15; 6,7.13; Mt 10,8; Lc 10,17; At 8,7; 16,18), libertando as pessoas da escravidão da mentira, do mal e do ódio; (2) “falarão novas línguas”, ou seja, línguas desconhecidas, anunciando o Evangelho com uma nova linguagem a todos os povos e proclamando as maravilhas de Deus com um novo dom de oração no Espírito Santo (a glossolalia: At 2,4.11; 10,46; 19,6; 1Co 12,10.28.30; 13,1.8; 14,2.4ss.9. 13s.18s.22s.27.39).
- v. 18. (3) “se pegarem em serpentes ou beberem alguma coisa mortífera, isso não lhes fará mal” (cf. Lc 10,19; At 28,3-6; Sl 91,13; 2Rs 4,39ss), sendo preservados do veneno do mal das criaturas; (4) “imporão as mãos sobre enfermos” (cf. 5,23; 6,5; 8,23.25; Mt 9,18; Lc 4,40; 13,13) “e eles ficarão bem” (7,32; cf. At 28,8; Tg 5,14), comunicando esperança, sendo instrumentos de cura e de salvação para os que sofrem e por quem eles oram em nome de Jesus..
- v. 19: Lc 24,50s; At 1,9-11. A segunda cena narra a Ascensão de Jesus, dizendo que Ele “foi arrebatado ao céu” (At 1,2.11.22; 1Tm 3,16), expressão que evoca o “arrebatamento” de Elias ao céu (2 Rs 2,9-11). Cumprida a sua missão terrena, Jesus é introduzido com a sua humanidade glorificada na esfera de Deus (“o céu”) para nele, com Ele e a partir dele prosseguir a sua missão escatológica, deixando de aparecer publicamente aos seus até à sua vinda na glória.
- “Sentar-se à direita de Deus” (14,62p; Rm 8,34; Cl 3,1) indica que Jesus é o Rei, Messias e Senhor, profetizado pelo Sl 110; 2) e o “Filho do homem”, referido por Dn 7,9s.13s, que, vitorioso, toma posse do seu Reino eterno como Deus e Senhor de tudo, presidindo ao destino dos povos e das nações, sendo por meio dele que se leva a cabo a obra universal de salvação (“o julgamento dos vivos e dos mortos”: At 10,42; 2Tm 4,1; 1Pd 4,5). Por isso, a partir daí Jesus é confessado na sua dignidade divina como “Senhor” (gr. Kyriós, he. Adonai), o título divino reservado no AT para pronunciar o nome de Iahveh (vv. 19s: 2x).
- v. 20. A terceira cena é o sumário com que se encerra o Evangelho de Marcos, apresentando a ação de Jesus com os seus discípulos após a Ascensão. Os discípulos obedecem à palavra de Jesus e, deixando para trás todas as seguranças e conforto humanos (cf. 8,35; 10,29), partiram (literalmente: “saíram”) a pregar (6,12), “por toda a parte”, a todos, sem exceção, a vida nova que Deus oferece aos homens em Jesus Cristo. Jesus, por sua vez, cumpre o que prometeu, estando sempre com eles e cooperando com eles (cf. Mt 28,20), “confirmando a Palavra”, isto é, “o Evangelho” (2,2; 4,14-20.33; 8,32), com os “sinais” que o acompanham (vv. 17s; At 14,3; cf. Rm 15,18s; 2 Cor 12,12; 1Ts 1,5; Hb 2,4), “sinais” estes que atestam que Jesus é o Filho de Deus, o Messias (1,1), “o Senhor”, que está vivo e presente entre os homens para a todos salvar, por meio da fé no Evangelho, com o poder da sua graça.
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Estou consciente de que a Igreja, à qual pertenço, é, hoje, a presença de Jesus no meio dos homens?
- Preocupo-me em conhecer bem o Evangelho de Jesus, para ler a minha vida à sua luz e o aplicar às situações concretas?
- Como testemunho o Evangelho no meu dia-a-dia: em casa, no trabalho, no meu grupo e na comunidade eclesial?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 47,2-3.6-9 (R. 6)
Refrão: Ergue-Se Deus, o Senhor, em júbilo e ao som da trombeta.
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra. R.
Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai. R.
Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Deus todo-poderoso, fazei-nos exultar em santa alegria e em filial ação de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória como nossa Cabeça, para aí nos chama como membros do seu Corpo. Ele que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc