Trigésimo Segundo Domingo do Tempo Comum - 2024

 

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendai neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que ilumina os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. 

1)  LEITURA ( Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos  (12,38-44) 

12, 38 No seu ensinamento Jesus dizia: «Guardai‑vos dos escribas, que gostam de andar com vestes longas, de saudações nas praças, 39 dos primeiros assentos nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes, 40 eles, que devoram as casas das viúvas, um pretexto de fazer em longas orações. Estes confiam uma sentença mais severa». 41 E sentando-se diante da arca do tesouro, observava como a multidão deitava moedas na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muitas. 42 Veio então uma viúva pobre que deitou duas moedas pequeninas, ou seja, um quadrante. 43 Chamando a si os seus discípulos, Jesus disse-lhes: «Amém vos digo: esta viúva pobre deitou na arca do tesouro mais do que todos os outros nela deitaram, 44 porque todos deitaram aquilo que lhes sobrava, mas ela, na sua penúria , deitou tudo quanto tinha, todo o seu sustento».

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixe a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • Estamos em Jerusalém, a poucos dias da paixão e morte de Jesus. Nessa altura, adensa-se cada vez mais a polémica entre Jesus e as autoridades judaicas. O texto de hoje compõe-se de duas partes: na primeira, Jesus faz incidir a atenção sobre os escribas (vv. 38-40) e, na segunda, sobre a oferta de uma viúva pobre (vv. 41-44).
  • v. 38 (vv. 38-40: Mt 23,1.5-7; Lc 20,45ss). Jesus encontra-se no átrio do Templo, onde ensina, rodeado pelos seus discípulos e pelo povo (v. 35). À sua volta circula um mundo de pessoas, que vão cumprindo toda uma série de ritos. Entre elas sobressaem os escribas, membros da classe sacerdotal, em geral do partido dos fariseus, mas também dos saduceus e dos essénios, especializados na explicação da Lei, que estudavam e memorizavam, juntamente com as Escrituras, para as ensinar, a halaká (“o caminho” a seguir), ou seja: os 613 mandamentos da lei oral (mitzvot d’oraita); as leis rabínicas (mitzvot d’rabbanan); e os costumes da tradição (minhag), que regem cada passo da vida de um judeu, desde que acorda até adormecer. Os escribas mais eminentes recebiam o título de “doutores da Lei” (gr. nomikós: Lc 7,30; 14,3; nomodidáskalos: Lc 5,17; At 5,34), enquanto os outros eram chamados “rabbis”. Usavam uma túnica mais longa do que o manto e muitos tinham gestos e assumiam poses que “gostavam” de exibir, a fim de chamar a atenção das pessoas e delas receber as deferências, honras e privilégios a que achavam ter direito. Jesus adverte os seus discípulos contra tal atitude: “Guardai-vos…” (8,15; 13,5).
  • v. 39. Parecendo ser intocáveis e irrepreensíveis segundo a Lei, os escribas eram tidos em alta consideração pelo povo. Uma análise mais atenta da sua conduta mostra, porém, que fazem as coisas não tanto por convicção, mas para passarem por piedosos e serem admirados pelo povo (cf. Jo 5,44): ambicionam os primeiros lugares, ou seja, os lugares de honra nas sinagogas e nos banquetes (cf. Lc 11,43; 14,7) – o oposto do que os discípulos de Jesus devem fazer (cf. 9,35; 10,44) – exibem uma devoção de fachada, apresentam-se como modelo e superiores aos outros, e fazem do cumprimento afetado dos ritos e das normas da Lei um espetáculo para que todos os aplaudam e adulem.
  • v. 40. Jesus fundamenta o que diz, pondo a descoberto a malícia deles. Aproveitam-se da sua posição, dos seus conhecimentos e da confiança que a sua piedade de fachada inspira para explorar os mais pobres, em especial as viúvas, que lhes confiavam a administração da sua herança e dos seus bens (a sua “casa”: cf. Pv 15,25), sem desconfiarem que eles lhos “devoravam” (cf. 4,4; Ez 22,5), “a pretexto de fazerem longas orações” (cf. Mt 6,7,) cobrando bons honorários pelo seu “serviço” e usando-os para proveito próprio. Tal comportamento, porém, desagrada a Deus, que quer que se ajude as viúvas (Dt 10,18; 14,29; 26,12s) e não quer que elas sejam oprimidas (cf. Dt 27,19; Jr 7,6s; Ez 22,7; Zc 7,10; Ml 3,5), tornando-se a injustiça contra elas objeto da sua ira (a indignação divina: Ex 22,21ss; Is 10,1-4) e sendo a sua falta tanto mais grave quanto se apresentam a si mesmos como mestres e juízes dos outros (cf. Tg 3,1), aproveitando-se da sua autoridade espiritual para manipular os sentimentos religiosos dos mais fracos.
  • v. 41 (vv. 41-44: Lc 21,1-4). A cena seguinte passa-se diante de um dos treze gazofilácios (gr. “guarda do tesouro”) do Templo, cada um com a sua inscrição, indicando a finalidade da oferta, e tendo uma abertura em cima em forma de trombeta (cf. Mt 6,2), onde era deitado o dinheiro das diferentes ofertas sagradas e voluntárias (também para as viúvas e os órfãos: 2Ma 3,10), bem como as taxas pessoais destinadas ao Templo (mSheq 6,5; Ne 10,38s; 13,4-9). Estas arcas tinham sido introduzidas no Templo pelo Sumo Sacerdote Joiada, em 810 a.C., no tempo do rei Joás (2Rs 12,9s), achando-se uma no átrio das mulheres, o primeiro pátio interior do Templo (cf. Jo 8,20). Jesus senta-se diante de uma delas e observa como as pessoas aí depositam as suas ofertas. Entre elas sobressaem alguns ricos que deitam quantias avultadas.
  • v. 42. Chega, entretanto, um viúva pobre. Na época, as viúvas eram o protótipo do pobre, do fraco e do explorado, sobretudo quando não tinham quem as protegesse e ajudasse. Esta viúva pobre deposita na arca “duas pequeninas moedas”, em grego: “dois leptá”. O leptón era a moeda judaica mais pequena e insignificante: valia 1/144 do salário mínimo diário, o denário. Assim ela deitou 1/72 de um denário na caixa. Para que os seus leitores, de origem romana, pudessem ter uma ideia, Marcos indica o valor aproximado correspondente na moeda romana: um quadrante (1/64 do denário: Mt 5,26), ou seja, a minúscula quantia de uns 20 cêntimos.
  • v. 43. Ninguém repara nesta viúva, nem manifesta admiração pelo seu gesto; Jesus, porém, que não julga segundo as aparências (cf. Is 11,3s), porque conhece os corações e os vê com o olhar de Deus, sabe que ela acaba de deitar mais do que todos os outros na caixa das ofertas.
  • v. 44. De facto, ela tinha deitado “tudo o que possuía, todo o seu sustento”, literalmente, tudo o que tinha para viver (gr. biós, “vida”; cf. 1Rs 17,12-15), num gesto de radical despojamento, de dom total, de amor sem reservas, de abandono incondicional nas mãos de Deus.
  • Jesus mostra assim que o culto a Deus não se pauta pela exterioridade, nem se mede pela quantidade, mas caracteriza-se pelo amor que o informa (vv. 30.33). Amor que se comprova em gestos quotidianos, simples e humildes, que não raro passam despercebidos aos outros, mas que, se são sinceros e verdadeiros, agradam a Deus (cf. 2Cor 8,12s). A fé autêntica não cultiva as aparências, nem procura chamar a atenção dos outros, mas apressa-se em despojar-se de tudo o que não é de Deus, e em prescindir dos interesses e vantagens pessoais, para se abandonar total e incondicionalmente a Deus, com humildade e confiança, generosidade e amor. Foi o que Jesus fez, dando a sua vida por nós (10,45; cf. 2Cor 7,9), e foi o que Ele exortou os seus discípulos a fazer, com fé e humildade, confiança e alegria.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • Conheço locais em que o culto religioso se destina sobretudo a obter dinheiro das pessoas?
  • Julgo os outros pelas suas vestes, posição social ou aparência, elogiando uns e ridicularizando outros, por causa da sua origem, condição social, riqueza, cultura, etnia ou nacionalidade?
  • Em que emprego o meu dinheiro: em promover a minha imagem e cultivar as aparências ou em partilhar com quem nada tem?
  • Qual é o verdadeiro culto que Deus espera de mim? Qual deve ser a minha resposta ao dom total do Seu amor e salvação?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                              Sl 146,7-10 (R. 1)

Refrão:        O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.     R.

O Senhor ilumina os olhos do cego,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.     R.

Ó Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho dos pecadores. R.

Ó Senhor rainha eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações. R. 

Dor-nosso… 

Oração conclusiva

Deus onipotente e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade, para que, sem obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amém. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO...  ( Caminhar à luz da Palavra , encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Pe. Pedro Bravo, oc