Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (21,25-28.34-36)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21,25«Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, sobre a terra, angústia entre as nações, perplexas com o rugido do mar e das ondas. 26Os homens desfalecerão de medo na expectativa do que vai sobrevir ao mundo habitado, pois os poderes dos céus serão abalados. 27Então hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem com grande poder e glória. 28Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a vossa cabeça, porque está próxima a vossa redenção. 34Tende cuidado convosco, para que não aconteça que os vossos corações se tornem pesados com a devassidão, a embriaguez e as preocupações da vida e aquele dia caia de improviso sobre vós 35como um laço, porque ele sobrevirá a todos os que habitam sobre a face de toda a terra. 36Vigiai, portanto, e orai em todo o tempo a fim de poderdes escapar de todas essas coisas que estão para acontecer e comparecer de pé diante do Filho do homem».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- O texto de hoje, onde se omite a parábola da figueira (vv. 29-33), situa-nos no Templo de Jerusalém, a poucos dias da paixão do Senhor. Divide-se em duas partes: o anúncio da vinda do Filho do Homem (vv. 25-28) e uma exortação à vigilância e à oração (vv. 34-36).
- v. 25 (vv. 25-28: Mt 24,29-31; Mc 13,24-27). Os fenómenos cósmicos aqui referidos por Jesus não são uma ante prima do fim do mundo, mas “sinais” (gr. semeíon: vv. 7.11) que anunciam a chegada do “tempo do fim” (Dn 8,19; 8,25s; 11,35; 12,4.7), no qual Deus iria cumprir as suas promessas e intervir na história para instaurar o seu Reino, libertando o seu povo do mal e dando-lhe a luz e a paz verdadeiras, chegada perante a qual a velha ordem das coisas acabaria por ruir, irrompendo uma nova criação. Esta intervenção de Deus na história é chamada “o Dia do Senhor” (Ez 30,2s; Am 5,18.20; Jl 2,1s; Sf 1,14ss; Zc 14,13; Hb 12,26s; 2Pd 3,10), “o Dia” (Rm 2,16; 1Cor 3,13; 1Ts 5,4) ou “dia eterno” (2Pd 3,18), inaugurado pela morte e ressurreição de Cristo, Dia que Ele é (1Cor 1,8; Fl 1,10). E, tal como no princípio, quando a luz foi criada, o dia começou com a noite e depois veio a manhã (Gn 1,3ss), também o Dia que Cristo é já está em ação entre nós, embora oculto, só se vindo a revelar plenamente quando Ele despontar, na última vinda de Cristo, na glória (v. 27; 1Ts 5,2.4s; 2Pd 1,19).
- Num mundo que pensava que os astros eram deuses e que as estrelas regiam o destino dos homens (Is 47,13), a magnitude destes fenómenos cósmicos, que escapam a toda a previsão, controle e poder humanos, encherá de medo as pessoas que neles buscavam a sua segurança: “Os habitantes dos confins da terra temerão os teus sinais” (Sl 65,9; cf. Br 6,66). Estes “sinais”, retirados de textos proféticos do AT, destinam-se a ajudar os discípulos a fazer uma leitura profética dos acontecimentos. E assim como, quando Deus se revelava no AT, essa revelação era descrita com a ajuda de fenómenos naturais, localizados (Ex 19,18; Sl 18,8-18), também o alcance da vinda de Cristo é significado por fenómenos de dimensão cósmica: a) “haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas” (Jl 3,3s; Is 13,10), no céu; b) ”na terra angústia entre as nações” (Is 24,19). c) “O rugido do mar e das ondas” (Sl 65,8; 46,4; 89,10; Sb 5,22), símbolo das forças do mal, que só Deus pode dominar (Sl 89,9; Jb 1,15) d) e os “poderes celestes” que serão “abalados” (passivo divino, “por Deus”: Is 34,4; Ag 2,6.21; Jl 4,16; Ap 6,13s), farão “as nações” – os gentios que não têm fé – ficar cheios de “angústia” e de “perplexidade” (gr. aporía: Is 8,22).
- v. 26. “Os homens desfalecerão com medo” (cf. Sr 40,1-11; Jn 1,10.15) por não saberem o que “vai sobrevir ao mundo habitado” (gr. oikoméne, a humanidade). Mas quem crê em Cristo, sabe que Ele é o único Criador e Senhor do universo que tudo comanda e, por isso, põe nele toda a sua confiança, certo de que Ele, aqui e sempre, vem ao seu encontro.
- v. 27. O ponto central do texto é, pois, o anúncio da vinda do “Filho do Homem numa nuvem com grande poder e glória”. É uma citação de Dn 7,13 (Mc 14,62; Mt 26,64; At 1,11; Ap 1,7) que indica que Jesus, “o Filho do homem, vem” (12,40). Ele vem, envolto na nuvem da história, em cada pessoa e acontecimento, mas no último dia há de revelar-se a todos: “com grande poder”, como o Senhor que vence a morte e renova todo o universo; e com “grande glória” (9,26), manifestando a sua divindade e tornando tudo participante da sua ressurreição.
- v. 28. Com tal esperança, os discípulos são exortados a, logo desde o início, “erguer-se”, afastando-se do desânimo (Hb 12,3.12) e do pecado, e a “levantar a cabeça” (Jb 10,15; Dn 13,35) com confiança, certos da vitória de Cristo (Rm 8,37; 1Cor 15,57), porque “se aproxima a sua redenção” (cf. Hen 51,2). A “redenção” (gr. apolytrôsis: 1,68; 2,38) é a libertação dum cativo ou dum escravo mediante o pagamento de um resgate. É uma imagem típica de Paulo (1Cor 1,30; Rm 3,24; 8,23; Cl 1,14; Ef 1,14; 4,30), de quem Lucas foi companheiro (Cl 4,14; 2Tm 4,11). Descreve a obra salvífica de Cristo que, pela sua morte e ressurreição, libertou o homem da miséria e da ignomínia (cf. Jb 10,15) do pecado e da morte.
- v. 34. O texto conclui com a exortação final de Jesus antes de entrar em Jerusalém. É própria de Lucas. A imagem, de cariz paulino, descreve a vida cristã a partir dos combates de gladiadores na arena (1Cor 9,24; 1Tm 6,12; 2 Tm 4,7; Hb 12,1): o treino cuidadoso, a sobriedade e o regime alimentar rigoroso, para estar em forma; a atenção ao reciário, para não o deixar aproximar-se, ficar preso na sua rede e ser morto por ele; o esforço por poder comparecer de pé no fim, diante do rei, que assiste ao combate, e de cuja decisão depende a vida e a morte. É preciso aplicar-se à vida cristã, dedicar-se de alma e coração ao Senhor, renunciando a tudo o que dele afastar, tendo o cuidado de não se deixar vencer pela “devassidão” (lit. “ressaca” das orgias, dos vícios, do consumo, do prazer: Rm 13,13; Is 5,11ss), a embriaguez (12,45; Mt 24,49; 1Ts 5,6ss; Gl 5,21; Rm 13,13; Ef 5,18) e as preocupações da vida (12,22; 8,14p; 10,41; Mc 4,19; 1Cor 7,29-32), que escravizam a pessoa e a faz cair no torpor, na ansiedade e depressão, impedindo-a de se levantar e acolher na sua vida o Senhor que vem. Muitos vivem alienados do presente, presos que estão ao passado ou preocupados com o futuro, agitados por tantos medos, quantas esperanças nutrem, não “tendo tempo para o Senhor” que vem ao seu encontro apenas no hoje, aqui e agora, não o reconhecendo e rejeitando assim a sua oferta de salvação (2Cor 6,2).
- v. 35. Jesus fundamenta a sua exortação, lembrando que ninguém está livre de perigo, nem é imune a situações que se podem abater sobre si “como um laço”, isto é, uma armadilha mortal (Js 23,13; Sl 9,16; 57,7; 69,23; Qo 9,12; Os 9,7; Is 8,14; 24,17; Sb 14,11; 1Ts 5,3). “O Dia” chegará a todos, sem exceção (Jr 25,29), pois todos têm de comparecer perante Cristo (2Cor 5,10; Rm 14,10): os que tiverem morrido, na hora da morte; toda a humanidade, quando Ele vier no último dia, na glória.
- v 36: cf. Mc 13,33; 14,38p. Jesus termina com uma exortação final à vigilância e oração. “Vigiar” (Cl 4,2; Ef 5,18; 1Pd 4,7; 5,8) é estar desperto, crescer numa fé viva e expectante, alimentada pela Palavra de Deus, aberta aos apelos de Deus e atenta à sua voz, capaz de reconhecer a sua presença e discernir a sua vontade, a fim de a pôr em prática em cada situação da vida. “Orar” é manter um diálogo pessoal e amigo, uma relação íntima e amorosa com o Senhor, estreitando a união com Ele, abandonando-se a Ele e deixando-se conduzir por Ele. Este diálogo pessoal com o Senhor, alimentado, “vigiando”, de noite (porque então se trabalhava de sol a sol), deve ser diário e estender-se a “todo o tempo” (18,1; 1Ts 5,17; Rm 12,12; Ef 6,18). “Tempo” (gr. kairós) não é a hora cronológica (gr. krónos), mas a ocasião oportuna, o momento da graça. Só a fé e a oração permitem “remir o tempo” (Ef 5,16), descobrindo a presença do Senhor em tudo – tudo é graça – e correspondendo-lhe com amor. Só assim se estará preparado, para poder “escapar de todas essas coisas que estão para acontecer e comparecer de pé diante do Filho do homem” (cf. Ef 6,11ss), para dele receber a coroa da glória eterna (cf. 2Tm 4,7s).
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Qual é a minha atitude perante a notícia de catástrofes ou anúncios de fim do mundo difundidas pelos meios de comunicação social?
- Que atitudes devo cultivar, que medidas vou tomar, que meios vou usar neste Advento para estar mais atento e pronto para acolher o Senhor que vem ao meu encontro? Há algum vício que devo deixar, algum pecado que devo evitar, alguma preocupação que Lhe devo confiar, para O acolher melhor no meu coração e na minha vida?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 25,4-5.8-10.14 (R.1b)
Refrão: Para Vós, Senhor, elevo a minha alma.
Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. R.
O Senhor é bom e reto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos. R.
Os caminhos do Senhor são misericórdia e fidelidade
para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos.
O Senhor trata com familiaridade os que O temem
e dá-lhes a conhecer a sua aliança. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para irem ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita, mereçam alcançar o reino dos Céus. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc