Terceiro Domingo do Advento - Ano C - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (3,10-18)

Naquele tempo, 3,10as multidões perguntavam a João, dizendo: «Que devemos então fazer?». 11Respondendo, dizia-lhes: «Quem tiver duas túnicas partilhe com quem não tem nenhuma; e quem tiver comida faça o mesmo». 12Vieram também publicanos para serem batizados e disseram-lhe: «Mestre, que devemos fazer?». 13Ele respondeu-lhes: «Não exijais mais do que aquilo que vos foi estipulado». 14Perguntavam-lhe também os soldados, dizendo: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «A ninguém extorqui nada nem denuncieis falsamente e contentai-vos com o vosso soldo». 15Como o povo estava na expetativa e todos pensavam no seu íntimo se João não seria o Cristo, 16João, respondeu a todos, dizendo: «Eu batizo-vos na água, mas vem Aquele que é mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das suas sandálias; Ele batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. 17Tem na sua mão a pá de joeirar para limpar a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». 18E assim, com estas e muitas outras exortações, evangelizava o povo.

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • A passagem de hoje vem na sequência da anterior (vv. 3-9). João (“Batista” só em 7,20.33; 9,19) mostra ao povo como há que se arrepender e preparar para acolher o Messias. O texto tem três partes: exemplos concretas do arrependimento (vv. 10-14); o anúncio do Messias (vv. 15-17); conclusão (v. 18).
  • v. 10. A primeira parte (vv. 10-14) é própria de Lucas. É a concretização do apelo à conversão (vv. 3.8). Não foram os dirigentes religiosos que o acolheram (7,30; 20,4), mas o povo simples, os marginalizados e excluídos, os pecadores (7,29; 10,21; 15,1; 20,5; Mt 21,31s; 1Cor 1,26-30). Estes repetem três vezes a mesma pergunta: “Que devemos fazer?” (vv. 12.14; cf. 10,25; 18,18). É a pergunta que marca a atitude própria de quem escutou a Palavra, lhe abriu o coração com fé e se disponibiliza para um caminho de conversão (1,34; At 2,37; 16,30; 22,10).
  • O apelo de João ao arrependimento não exige que os seus interlocutores deixem a sua profissão, mas que mudem de estilo de vida, praticando a justiça e a caridade. O apelo não incide primordialmente na relação do homem com Deus, mas na sua relação com o próximo, com os bens e com o dinheiro, pois é aí que se comprova se houve ou não mudança do coração. João aponta três gestos concretos que estão diariamente ao alcance de todos, a três categorias de pessoas, todas elas pertencentes aos grupos mais desprezados da sociedade: o povo (desprezado pelos dirigentes religiosos e pelos soldados: Jo 7,49); os publicanos (desdenhados pelo povo: 7,34; 19,8); e os soldados, todos eles estrangeiros, ao serviço de Roma (por todos detestados).
  • v. 11. 1) A todos João recomenda atenção às necessidades do próximo e a partilha dos bens (11,41; 12,33; 16,9; 18,22). O próximo é a porta para chegar a Deus. “Arrepender-se” significa reconhecer o próprio erro e egoísmo, sair de si, ver o outro, independentemente do seu aspeto, credo ou condição social (cf. Tg 2,15s; 1Jo 3,17), reparar na sua necessidade, aproximar-se dele e ajudá-lo, partilhando com ele o que se tem.
  • v. 12. 2º) Aos publicanos (os cobradores de impostos, funcionários públicos), v. 13, pede que não enganem nem explorem os outros, nem se deixem seduzir por fraudes ou esquemas ilícitos de enriquecimento.
  • v. 14. 3º) Aos soldados pede que a ninguém maltratem ou acusem injustamente, que não abusem de ninguém, não usem de violência para extorquir dinheiro, não se deixem subornar, não tenham atividades ilícitas, nem se deixem enredar pelo jogo, na ânsia de dinheiro.
  • v. 15. Na segunda parte (vv. 15-17: Mt 3,11s; Mc 1,7s; Jo 1,24-28) João anuncia a vinda de Cristo (he. o Messias, “o ungido”), declarando perentoriamente a quem pensava que ele fosse o Messias (o que o povo em geral não pensava de Jesus: 9,19), que o não era (cf. Jo 1,20).
  • v. 16. “Batizar” (2Rs 5,14) significa “imergir”, “mergulhar” algo completamente na água. O “batismo de João” é apenas um sinal que exprime o arrependimento, o desejo de ser perdoado dos pecados e de mudar de vida, embora não seja capaz de os conceder, pois isso só Deus pode fazer.
  • João apresenta então o Messias em duas notas: 1) ele é “Aquele que vem”, uma alusão a) ao Sl 118,26, referido pelos judeus ao Messias (19,38), b) ao Rei pobre e humilde, justo e salvador que vem de Zc 9,9; c) a Ml 3,1, que anuncia, na vinda do Messias, a vinda de Deus; d) ao Senhor que “vem com poder” para julgar como rei e para, como pastor, recolher as ovelhas dispersas (Is 40,9ss); e) ao Senhor, rei do universo, que vem para julgar todos os povos da terra (Sl 96,13).
  • 2) Ele é “o mais forte”, título dado ao Messias (Is 9,5) e a Deus salvador (Is 40,10; cf. Js 4,24; 2Sm 22,32; Is 27,1; 53,12; Jr 27,34; 39,18; Dn 9,4). Jesus é o mais forte porque vencerá Satanás, o pecado e a morte e é o único capaz de transformar o coração do homem (11,21; Ez 36,25s).
  • Perante Ele, João não se acha “digno” (cf. 1,43; 7,6) “de desatar a correia das suas sandálias (At 13,25). Não se trata do gesto simbólico usado para firmar o direito de posse num tratado nupcial (Rt 4,7s; Dt 25,9), mas do serviço mais humilde que um escravo estrangeiro podia prestar ao seu senhor quando este chegava a casa (bKid 22b; Ket 96ª), serviço esse que nenhum escravo israelita era obrigado a fazer (cf. Mekh Ex 21,2). João, “o maior entre os nascidos de mulher” (7,28), sente-se o menor de todos os homens (cf. 22,26), reputando-se indigno de “servir” o Messias (cf. 1Rs 19,21), isto é, de o seguir e com Ele viver.
  • João anuncia depois o objetivo da missão do Messias: “batizar no Espírito Santo”. O Espírito Santo é o dom messiânico por excelência (Is 9,5s; 11,2; Nm 11,29; Pv 1,23; Is 32,15; 44,3; 59,19ss; 63,14; Ez 11,19; 36,26ss; 37,5s.14; 39,29; Jl 3,1s; Zc 12,10). João anuncia que o seu batismo “na água” é apenas a preparação para o verdadeiro batismo, o “batismo no Espírito Santo” (cf. At 1,5; 11,16; 1Cor 12,13), que só o Messias pode dar. Deus derramará o seu Espírito “sobre toda a carne” (Jl 3,1; cf. Gn 6,3) para inundar o homem do seu amor, o mergulhar nele, lhe transformar o coração e dele fazer uma nova criatura.
  • O batismo no Espírito Santo será também no “fogo” (12,49; At 2,3). O tema do “fogo” liga a pregação de João Batista a Ml 3, associando a chegada do Messias (“o Anjo da Aliança”: Ml 3,1) ao “Dia do Senhor” (Ml 3,2; cf. Jl 2,3; 3,3; Sf 1,18; 3,8; 2Pd 3,7), em que terá lugar o julgamento divino (vv. 9.17; 9,54; 17,29; Ml 3,2.19; Dt 32,22; Sl 21,10; Is 5,24; 66,15s). Imagem da força apaixonada e arrebatadora do amor de Deus (Dt 4,24; Jr 20,9; 2Rs 2,11) e da sua glória (Ex 3,2; 24,17; Is 33,14), o fogo é o meio através do qual Deus comunica a sua Palavra (Dt 4,12.15; 5,24s; Sl 50,3; Is 30,27; Jr 23,29), converte o coração do homem (Sl 17,3; 1Rs 18,24.38), dele toma posse e nele arde, imprimindo o selo (Ct 8,6) da nova aliança, como exigência de vida nova, santidade e obediência a Deus (Zc 13,9; 1Pd 1,7). Fogo da provação (Sl 66,12; Is 43,2; 48,10) que purifica (Nm 31,23; Ml 3,2) e destrói a aparência (1Cor 3,13ss), fazendo aparecer o que é verdadeiro e santo. Fogo da aliança (Gn 15,17), que transforma, funde e une (Ez 22,20), tornando uma oblação agradável a Deus (Lv 2,13; Ez 43,24; Mc 9,49) e arde sempre sobre o altar (Lv 6,12s). É o fogo do Espírito Santo que descerá sobre a Igreja no Pentecostes (At 2,3).
  • v. 17. Com a imagem da pá de joeirar (cf. Is 30,24; Jr 15,7), João anuncia o juízo iminente. A messe está pronta (10,2), não tarda que o Messias venha e comece a julgar, separando os que dão “bom fruto” (v. 9) dos que estão vazios de boas obras, para “juntar” aqueles como “trigo no celeiro” do Reino Deus (Mq 4,12; Mt 13,13) e queimar estes como palha (cf. Ml 3,19; Jb 21,18; Jr 23,28) no “fogo inextinguível” da condenação eterna (cf. 16,24; Is 66,24; Mt 25,41; 2Ts 1,8s; Ap 14,11).
  • v. 18. É assim, com o testemunho da própria vida, com apelos fortes, imagens vivas, exemplos concretos, mensagens fáceis de entender que João evangeliza o povo, chamando todos ao arrependimento, convidando-os a ir a acolher Cristo e seguir o Evangelho.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

      a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • O que se deve transformar nas minhas atitudes, palavras e gestos para melhor corresponder aos apelos de conversão de João Batista?
  • Sou capaz de partilhar do que é meu? Tenho abusado do uso dos bens do meu trabalho e do cargo que ocupo? Acolho os outros com respeito e atenção ou cedo facilmente à impaciência e prepotência?
  • A vida cristã é vida no Espírito, pela fé em Cristo, segundo o Evangelho. Abro-me a Ele, escuto-o, deixo-me conduzir por Ele, sigo-o?
  • Tenho-me empenhado, como João, em anunciar Cristo a todos? Ou faço discriminações?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                                                            Sl 12,2-6 (R. 6)

Refrão: Povo do Senhor, exulta e canta de alegria. 

Deus é o meu Salvador,
tenho confiança e nada temo.
O Senhor é a minha força e o meu louvor.

Ele é a minha salvação.     R.

Tirareis água com alegria das fontes da salvação.
Agradecei ao Senhor, invocai o seu nome;
anunciai aos povos a grandeza das suas obras,

proclamai a todos que o seu nome é santo.     R.

Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas,
anunciai-as em toda a terra.
Entoai cânticos de alegria, habitantes de Sião,

porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Deus de infinita bondade, que vedes o vosso povo esperar fielmente o Natal do Senhor, fazei-nos chegar às solenidades da nossa salvação e celebrá-las com renovada alegria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc