Natal do Senhor 2024 - Missa da Aurora

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (2,15-20)

2,15E aconteceu que, depois de os Anjos se terem afastado dos pastores para o céu, eles disseram uns aos outros: «Vamos, pois, a Belém e vejamos esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer».16Vieram então apressadamente e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Vendo, deram a conhecer a palavra que lhes tinha sido dita acerca daquele Menino. 18E todos os que os ouviam admiravam-se com o que lhes era dito pelos pastores. 19Maria, porém, conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração. 20E os pastores regressaram, dando glória e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, tal como lhes fora dito.

    Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • O texto de hoje, que iremos novamente escutar, acrescido do versículo seguinte, no dia 1 de janeiro, é exclusivo de Lucas. É a terceira parte da narrativa do nascimento de Jesus: a visita dos pastores ao Menino nascido no presépio (vv. 9-12).
  • v. 15. Depois do anjo ter “evangelizado” os pastores, anunciando-lhes a boa nova do nascimento de Jesus (v. 10) e “uma multidão do exército celeste se lhe ter juntado, louvando a Deus”, os anjos “afastaram-se” (1,38; 7,24; At 10,7) dos pastores “para o céu” (o domínio de Deus: cf. 24,51; Ne 9,6; 2Rs 2,1.11; 1Pd 3,22). Então os pastores, que se encontravam fora de Belém, apascentando o rebanho nos campos (v. 8), obedecem à palavra do anjo e dizem: “Vamos então a Belém e vejamos esta palavra”. “Palavra” (gr. rema) traduz aqui o hebraico dabar, que significa não só “palavra”, mas também “acontecimento”. “Ver a palavra” significa constatar, “vendo” (v. 17) com os próprios olhos, “a grande coisa que o Senhor realizou” (1Sm 12,16).
  • “Que aconteceu”: os pastores acreditam na palavra do anjo (cf. At 13,12), que é verdadeira (v. 20; 1,38; Dt 18,22), e vão a Belém, para receberem o que lhes fora anunciado (vv. 10s).
  • “Que o Senhor nos deu a conhecer”: através dos anjos, é o próprio Deus que fala. É uma alusão ao Sl 98,2: “O Senhor deu a conhecer a sua salvação e aos olhos dos gentios revelou a sua justiça”. Tidos pelos rabinos como “ladrões”, “mentirosos” e “impuros”, considerados os últimos de todos (9,48; cf. 1Sm 16,11), os pastores são os primeiros a receber a Boa Nova da vinda do Messias e a acreditar nela. Boa nova esta que se dirige antes de mais aos pobres, aos fracos e pecadores e se revela aos humildes e aos pequeninos (5,32; 11,21; 1Cor 1,25-29).
  • v. 16. Do Campo dos Pastores (tradicionalmente situado em Beit Sahour, “Casa do sentinela da noite”, a 2,5 km de Belém, cerca de uma hora,« a pé, com os rebanhos), eles dirigem-se para Belém (he. “Casa do pão”), “apressadamente” (Lc, 3x: 19,5s; Gn 18,6; Mq 4,1), impelidos pela alegria da fé na Boa Nova (cf. 1,39), pelo amor (cf. Gn 24,18.20.46) e o desejo de ver o Senhor. Para encontrar Jesus, há que pô-lo em primeiro lugar.
  • Em Belém não terá sido difícil encontrar “um bebé, deitado (gr. queimenos: 23,53) na manjedoura” de uma gruta vazia, que servia de estábulo, situada fora da portas da cidade, e que nessa noite estava iluminada.
  • Os pastores, porém, só veem Jesus depois de, entrando na gruta, terem “encontrado Maria e José”. Maria simboliza a comunidade cristã, a Igreja, e José, a adesão pela fé à Palavra de Deus (Mt 1,24; 2,13.19). Só é possível encontrar Jesus na Igreja, pela fé (cf. At 9,5s).
  • v. 17. “Vendo, deram a conhecer a palavra”. São duas ações: primeiro, os pastores veem o Menino e contemplam-no diversas vezes, atenta e demoradamente. “Ver” (gr. oraô) indica aqui o olhar da fé que nasce do encontro com Deus em Cristo e se traduz na experiência da salvação (At 4,20). Só depois é que os pastores dão a conhecer a palavra que lhes tinha sido anunciada pelo anjo “acerca do menino” (gr. paidíon, não bréphos, como nos vv. 12.16), termo que evoca Is 7,16; 9,5, onde se anuncia o nascimento do Messias. Evangelizados, os pastores tornam-se evangelizadores: primeiro, de Maria e José, que não tinham visto, nem ouvido os anjos; depois, dos que encontram pelo caminho.
  • v. 18. Lucas anota três tipos de reações ao testemunho dos pastores: 1) a dos ouvintes, “admirados” (Lc, 12 x: 1,21.63; 2,33; 4,22; 8,25; 9,43; 11,14.38; 20,26; 24,12.41) com a surpreendente novidade que os pastores lhes anunciam sobre Jesus. Lucas nada refere acerca da sua reação: se acreditaram e foram ver o Menino ou não.
  • v. 19. 2) A de Maria, Mãe de Jesus, que, de protagonista dos acontecimentos, passa doravante a ser discípula de seu Filho, recebendo o Evangelho quase só da boca de testemunhas e dos discípulos do seu Filho (cf. 2,33s; 8,19ss; 11,27s). Dela anota Lucas: “Maria, porém, conservava” (v. 51; 1,66; Gn 37,11; Sr 2,15). Como verdadeira filha de Abraão, Maria crê nas promessas de Deus (cf. Dn 7,28) e no que os pastores lhe anunciam e “conserva-o” no seu íntimo, para o pôr em prática (Sr 15,15), alcançando assim a verdadeira sabedoria (cf. 8,21; 11,28; Sr 39,2; 41,14; 44,20); b) “todas estas palavras”: o que os pastores dizem, o que está a acontecer e como está a acontecer. É à luz da fé na Palavra de Deus, que recebe através das pessoas e lê nos acontecimentos, que Maria discerne a vontade de Deus na sua vida, como ela própria dissera: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (1,38); c) “meditando-as” (gr. symbalein), ou seja, ligando as palavras e os acontecimentos, confrontando-os entre si, a fim de perceber à luz da Palavra de Deus o seu sentido, que está acima da compreensão humana (2,48-51); c) “em seu coração” (cf. Dn 7,28): “Deus deseja o coração” (Sanh 106b). É aí que há que escutar, acolher, conservar, meditar e penetrar a Palavra de Deus, à luz da fé, a fim de, iluminado por ela, a pôr em prática, dando muito fruto (6,45; 8,12.15; 10,27; 12,34; 24,32).
  • v. 20. 3) A dos pastores que, apesar de não verem um rei, mas apenas um Menino, nascido na maior pobreza e desprezo num estábulo e deitado numa manjedoura, nele reconhecem, pela fé na palavra que o anjo lhes anunciou, o Messias Senhor (v. 11). E “voltam” cheios de alegria, anunciando a Boa Nova a todos (10,17; 24,33) e –como Lucas gosta sempre de notar, após o relato duma manifestação divina ou de um milagre – “louvando e glorificando a Deus” (1,46; 4,15; 5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15; 18,43; 23,47; At 4,21; 11,18; 13,48; Sl 22,24; Dn 4,34.37). O louvor dos homens une-se ao louvor dos anjos do céu, fazendo-o ressoar sobre a terra (v. 13; cf. Sl 56,11; 148; 150).
  • “Por tudo o que tinham ouvido e visto” (cf. At 4,20). A escuta precede a visão, porque a fé nasce da escuta da Palavra de Deus (Rm 10,17; Gl 3,5), sendo ela que possibilita “ver” a salvação (2,30; cf. Jo 11,40).
  • «Tal como lhes fora dito» (1,55.70; 2Sm 7,25; Sl 48,9; Dt 26,19; 1Rs 2,24; 5,19.26; 8,12.20; 9,5; Tb 14,5; Jon 3,3). Deus é fiel à sua Aliança, a sua Palavra é verdadeira, cumpre-se sempre. Os pastores acreditaram na palavra do anjo e obedeceram-lhe, vendo assim a salvação.
  • A atitude sapiente de Maria, a primeira discípula, é completada pela ação missionária dos pastores, que dão a conhecer a salvação de Deus, celebrando o Seu amor (vv. 10-14). Completa-se assim o ciclo da fé, típico de Lucas: 1) anúncio; 2) escuta; 3) obediência da fé; 4) caminhada; 5) experiência (“ver”); 6) anúncio jubiloso; 7) louvor a Deus.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

    a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Em que creio eu, onde ponho a minha esperança e busco a minha segurança: em Jesus e na sua Palavra, em mim mesmo, nos outros ou nas coisas do mundo?
  • Já me encontrei com Jesus na minha vida? Como? Sou feliz por isso e tenho-o anunciado?
  • Sou capaz de agradecer a Deus pelo dom da fé e por todos os outros dons que o Senhor me dá ou limito-me apenas a pedir?
  • Que vou fazer este Natal para levar Jesus, conforto e alegria aos que passam necessidade e aos marginados?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?) 

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)  

Salmo responsorial                                               Sl 97,1.6.11-12

Refrão: Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor.

O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória.      R.

A luz resplandece para os justos
e a alegria para os corações retos.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor
e louvai o seu nome santo.       R.

Pai-nosso…

Oração conclusiva

Concedei, Deus todo-poderoso, que, inundados pela nova luz do Verbo encarnado, resplandeça nas nossas obras o que pela fé brilha nos nossos corações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO...  (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc