Sagrada Família de Jesus, Maria e José - 2024 - Ano C

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis

T. E acendei neles o fogo do vosso amor.

A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado

T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que, no mesmo Espírito, apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (2,41-52) 

2,41Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a Festa da Páscoa. 42Quando Ele fez doze anos, subiram até lá segundo o costume da festa. 43Completados os dias, eles regressaram, mas o Menino Jesus ficou em Jerusalém sem que os seus pais o soubessem. 44Pensando que Ele vinha na caravana, percorreram um dia de caminho. E começaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos. 45Não o tendo encontrado, regressaram a Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, encontraram-no no Templo, sentado no meio dos mestres, a ouvi-los e a interrogá-los. 47Todos os que o ouviam estavam espantados com a sua inteligência e as suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram perplexos; e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Eis que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». 49E Ele disse-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que é necessário que Eu esteja nas coisas de meu Pai?». 50Mas eles não entenderam a palavra que lhes disse. 51Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe conservava todas estas palavras no seu coração. 52E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça junto de Deus e dos homens.

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • v. 41. O episódio da perda e encontro do Menino Jesus no Templo, exclusivo de Lucas, é a última das “narrativas da infância de Jesus”. Percorrendo as principais etapas da iniciação religiosa judaica, Lucas mostra de forma retrospetiva os sinais da vida futura de Cristo. Este episódio tem como pano de fundo a narrativa da infância de Samuel (“pais”, “todos os anos”: 1Sm 1,3.7.21; 2,19). Ao impor o seu nome a Jesus na sua circuncisão ao oitavo dia (v. 21), Ieshuah bar-Iosef (aram. “Jesus, filho de José”: 4,22; Jo 1,45; 6,42), José assume a paternidade legal de Jesus, sendo considerado para todos os efeitos pai dele. A partir de então, Lucas designa sempre José e Maria como “os pais de Jesus” (vv. 27.43.48), embora anotando que José era apenas pai putativo de Jesus (3,23). A Lei prescrevia que os homens fossem três vezes por ano ao Templo por ocasião das grandes festas: Páscoa, Pentecostes e Tendas (Ex 23,17; 34,23s; Dt 16,16). Era o que toda a Sagrada Família fazia cada ano, pelo menos pela Páscoa.
  • v. 42. Em Israel o rapaz atingia a maioridade por volta dos 12 anos (desde que desse provas de maturidade) ou de preferência aos 13 anos, idade que será legalmente fixada no s. XVI. Celebra então a bar-mitzvá (ar. “filho do mandamento”). Nessa altura o adolescente alcança a independência da autoridade paterna e passa a ser considerado responsável pelos seus atos a) na fidelidade à Aliança, b) no estudo da Lei e c) na observância dos mandamentos. Embora seja considerado desde então adulto do ponto de vista religioso, não quer dizer que já tenha atingido a plena maturidade humana. A data marca apenas o momento a partir do qual ele toma consciência dos problemas que o cercam e que atingem os seus semelhantes, sendo progressivamente inserido na vida da comunidade, como membro ativo e responsável também pelo crescimento desta. É então que a Sagrada Família faz a viagem de 120 km até Jerusalém (4 dias a pé, 30 km/dia) com alguns parentes e conhecidos. Em Lucas, é em Jerusalém que tudo começa (1,5; At 1,4.8.12) e se consuma o destino de Jesus (9,31.51; 19,28; 24,52).
  • v. 43. Passados os oito dias da Páscoa em Jerusalém (desde a manhã de 14 de Nissan, véspera da Páscoa, até à tarde de 21, festa dos Pães Ázimos: Ex 12,15.18), Maria e José regressam a Nazaré.
  • v. 44. Na época peregrinava-se em caravana (gr. sinodía), os homens num grupo e as mulheres noutro, juntando-se ambos ao fim do dia para comer. Até aos 12/13 anos, as crianças viajavam com a mãe, mas a partir de então os moços iam com o pai e as moças com a mãe. Daí a confusão: Maria pensava que Jesus voltava com José, enquanto José cria que Ele ainda vinha com a mãe.
  • v. 45. Embora fossem pais atentos, Maria e José não eram controladores e sabendo que Jesus era responsável e obediente não se preocuparam, só se tendo apercebido da sua ausência quando se juntaram ao fim do dia para comer. Na manhã seguinte regressam a Jerusalém à sua procura, fazendo mais um dia de viagem.
  • v. 46. Jesus não era “beato”. Só dois dias depois (“passados três dias”: Mt 27,63; Mc 8,31; 9,31; 10,34) é que foram ao Templo, onde o “encontram” (24,29.33) sentado, no meio dos Doutores da lei (os eruditos que explicavam a Lei e a ensinavam a cumprir). É no Templo que se abre e fecha o Evangelho de Lucas (1,9; 24,53). Jesus escuta-os para aprender, interroga-os para compreender (1,29.34) e fala com tal sabedoria, v. 47, que todos ficam “estupefactos” (Mt 12,23; Jo 7,15).
  • v. 48. Ao encontrá-lo, seus pais ficam “admirados” (4,32; 9,43). Maria intervém, mas sem dramatizar, nem reclamar a posse dele (não diz “meu filho”, mas apenas “filho”, gr. téknon); não se põe no centro, mas pensa primeiro em Jesus e em José, que chama “pai” de Jesus, mostrando ter assimilado plenamente o desígnio de Deus. Também não acusa, nem incrimina Jesus, mas sabendo que Ele sempre foi responsável e obediente, indaga o motivo do comportamento dele, que ela não compreende, mas corrige.
  • v. 49. Jesus responde, fornecendo a chave do episódio nas primeiras palavras dele registadas nos Evangelhos e que são como que o resumo do seu programa de vida: “Porque me procuráveis? Não sabíeis que é necessário que Eu esteja nas coisas de meu Pai?” (Jo 2,16). A expressão “meu Pai” aparece aqui e no fim do Evangelho (24,29), formando uma inclusão. Jesus evoca Josué (gr. Jesus), sucessor de Moisés, que nunca se afastava da Tenda da Reunião (Ex 33,11), e Samuel, que desde menino vivia no templo de Silo, onde teria começado a profetizar aos 12 anos (1Sm 3,1-21; Fl. Jos, Ant. 5,10,4).
  • Jesus manifesta aqui, pela primeira vez, a consciência de que José não é seu pai carnal, mas apenas Deus é seu Pai, cujo nome aparece aqui, no princípio e no termo da sua vida (23,46) e antes de subir ao céu (24,49; At 1,7). A identidade de Jesus, que resulta da sua relação com o Pai (22,29.42; 23,34), de Quem Ele sabe ser o Filho, o desígnio que o Pai lhe confiou e que Ele sabe “ser necessário” cumprir (gr. dei: 9,22; 17,25; 22,37; 24,7. 44), são tão únicos que Ele não pode ser encontrado a partir do que nos é familiar e conhecido, mas apenas a partir de Deus (10,21s), que está muito acima dos laços carnais (cf. 8,21; 14,26), bem como de tudo o que se possa pensar ou imaginar.
  • v. 50. “Mas eles não entenderam” a sua relação com o Pai, nem como esta pudesse estar acima da relação com eles e sofrem. Começa a cumprir-se a profecia de Simeão a Maria (vv. 34s). O episódio alude assim à paixão, morte e ressurreição de Jesus que decorrem em Jerusalém, por ocasião da Páscoa. Em ambos os casos Jesus é deixado por pessoas que “não entenderam” o desígnio do Pai (aqui os “pais”, lá os discípulos: 9,45; 18,34), procurado pelos seus e encontrado só ao “terceiro dia” (24,5.21), explicando-lhes que “é necessário” que se realize o que Pai determinou nas Escrituras (cf. 24,7.25ss.45s).
  • v. 51. O episódio teve consequências. Jesus percebe que a vontade do Pai, embora sobrepondo-se à família, não está desvinculada, nem é indiferente ou se opõe aos deveres para com os outros, mas leva antes a assumir as próprias responsabilidades no seio da família, da sociedade e do mundo (cf. 3,23-38), estando atentos à situação e aos sentimentos dos outros, de modo a aí corresponder à vontade do Pai que passa pelas mediações humanas e pela própria vida concreta.
  • Maria, por sua vez, de mãe, passa a ser também discípula de Jesus, “conservando todas estas palavras” (he. dabar, “palavra, coisa, acontecimento”) proféticas “em seu coração” (v. 19; Gn 37,11), aguardando que se cumpram, de modo a assim se revelar o seu sentido.
  • v. 52. Jesus, homem verdadeiro, vai crescendo em idade e estatura (v. 40; cf. 1,80), amadurecendo em “sabedoria” (o dom divino que faz o homem conhecer a Deus, o une a Ele e lhe revela os seus mistérios: 2,40; 11,31;21,15) e “em graça” (a manifestação pessoal do amor de Deus ao homem: 1,28.30), “junto de Deus e dos homens” (1Sm 2,21.26), formando-se pouco a pouco para mais tarde poder assumir com plena consciência e responsabilidade a sua missão. No caminho da fé todos podem dar e todos precisam de receber. Também Jesus.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Para Jesus, a prioridade fundamental é sempre a vontade do Pai, o seu plano para cada um. Qual é a minha prioridade fundamental?
  • Aceito a identidade e vocação próprias daqueles com quem vivo na família ou na comunidade? Como potenciar o seu crescimento?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                                                    Sl 128,1-5 (R. cf. 1)

Refrão: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os seus caminhos.
 

Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.     R.

Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa.     R.

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.     R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, Pai santo, que na Sagrada Família nos destes um modelo de vida, concedei que, imitando as suas virtudes familiares e o seu espírito de caridade, possamos um dia reunir-nos na vossa casa para gozarmos as alegrias eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Avé Maria...

Bênção final. Despedida.

5) AÇÃO...  (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc