Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (6,27-38)
Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: 6,27«Digo-vos a vós, que escutais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, 28bendizei os que vos amaldiçoam, orai pelos que vos maltratam. 29A quem te bater numa face, oferece também a outra; e a quem te tirar o manto, não impeças que te leve também a túnica. 30Dá a todo aquele que te pede e a quem tirar o que é teu, não lho peças de volta. 31Tal como quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós de igual modo. 32Se amais os que vos amam, que agradecimento tereis? Também os pecadores amam os que os amam. 33E se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, que agradecimento tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. 34E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que agradecimento tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto. 35Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem nada esperar de volta. Será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é benigno até para com os ingratos e os maus. 36Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e ser-vos-á perdoado. 38Dai e ser-vos-á dado: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. Porque é com a medida com que medis que sereis medidos».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- v. 27 (vv. 27-36: Mt 5,39-48). O presente texto é a segunda parte do “Sermão da planície” (vv. 27-49). Na primeira parte (vv. 20-26), Jesus tinha em mente os seus discípulos (v. 20); agora, dirige-se “a vós que escutais”, ou seja, a todos os que o escutam (v. 18; 5,1.15; 10,24; 11,31; Jo 10,27; cf. 2Cr 9,7) ou vierem a escutar a sua palavra. “Escutar”, na Bíblia, é sinónimo de ouvir, aderir, obedecer: é a porta da fé que leva à salvação (v. 47; 10,39; At 10,22.33.44; 16,14; cf. Dt 6,4; Sl 95,7; Is 50,4).
- As palavras de Jesus são exigentes. Não se trata apenas de recomendações, mas de mandatos Ao todo, são sete: 1) “Amar os seus inimigos” (v. 35; Rm 12,20; cf. Ex 23,4s; Pv 25,21s; Jb 31,29s), ou seja, aqueles que se fazem seus inimigos, porque o cristão não tem inimigos (1,71), uma vez que Cristo matou a inimizade na cruz (23,34; Ef 2,16). 2) “Fazer o bem” (At 10,38) aos que os “odeiam” (v. 22), ou seja, não pagar o mal com o mal, mas vencer o mal com o bem (Rm 12,17.21; 1Ts 5,15).
- v. 28. 3) “Abençoar” (Rm 12,14; 1Cor 4,12; 1Pd 3,9) é a atitude de Deus em relação ao homem (Gn 1,28; 2,3; 5,2; 9,1; Nm 6,23s), que a todos quer abençoar. Para isso chamou Abraão (Gn 12,2). “Abençoar/amaldiçoar” não têm aqui apenas o sentido religioso, mas também o sentido corrente de “bendizer/maldizer”, “falar bem/falar mal”, como mostra a frase seguinte: 4) “orar pelos que vos maltratam” (cf. 23,34; 1Pd 3,16).
- v. 29. Jesus exemplifica os mandatos seguintes com dois casos. Na lei judaica, dar a alguém uma bofetada na face direita era uma ofensa tão grave que o ofendido podia exigir uma indemnização equivalente a um mês ou mais de salário (mQam 8,6). Jesus exorta a que, em vez de altercar com quem nos provoca ou agride, se lhe ofereça a outra face (Is 50,6; Lm 3,30; cf. Jo 18,22s; 19,3), ou seja, procure ver se da nossa parte não houve algum motivo para isso acontecer. E quando alguém cometer a injustiça de lhe arrebatar o manto (a peça de roupa que não se podia reter a um pobre durante a noite como penhor, porque o protegia do frio: Ex 22,25s; Dt 24,12s), Jesus convida o lesado a não o impedir de lhe levar também a túnica, a principal peça de roupa que não podia ser tirada a ninguém (a não ser a quem fosse vendido como escravo), porque se lhe descobria a nudez (Gn 37,23; Mq 2,8).
- v. 30. 5) Jesus recomenda a generosidade para com o próximo: “Dá a todo aquele que te pede” (v. 38; cf. Dt 15,7-10; Sl 112,9; Pv 3,28; 11,24s; Ne 5,1-19; At 20,35; Tg 2,15s). 6) E quer que se evitem contendas: “a quem tirar o que é teu, não lho peças de volta” (Pv 17,14; 1Cor 6,1‑7). Tomadas à letra, estas palavras parecem proteger os violentos, os vigaristas e os que roubam. Trata-se, porém, de uma linguagem figurada: Jesus apenas não quer que se entre em litígio com o próximo e recomenda que ao ódio se responda sempre com o amor (1Cor 13,7; Pv 26,4).
- v. 31. 7) Jesus conclui com a regra de ouro: “tal como quereis que os homens vos façam, fazei-lho vós de igual modo” (Mt 7,12). Até então só se conhecia a máxima de formulação negativa: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” (Tb 4,15; Did. 1,2); Jesus inverte a perspetiva e formula o princípio de forma positiva. O amor é criativo: não basta evitar o mal, é preciso tomar a iniciativa e ir ao encontro do outro.
- v. 32. Jesus fundamenta o seu ensino, mostrando que não quer apenas mudar os costumes ou inverter a situação, mas que pretende algo de novo, mais profundo e radical: transformar o coração do homem com o poder da sua graça (1Pd 2,19s) para que ele possa amar, v. 33, fazer o bem, v. 34, e “emprestar”, ser generoso, à semelhança do Pai, ou seja, Deus. Isso, porém, é fruto da graça. Por isso, em vez de falar em “recompensa” (v. 35; Mt 5,46), Lucas prefere o termo “agradecimento” (gr. cháris, “graça”, 3x: vv. 32ss; cf. At 15,11; 20,24.32; Rm 3,24; 5,2.15.17.20s; 2Cor 9,8; 12,9), porque é nesses gestos que a graça de Deus se manifesta; se o não fizer, é porque esta ainda está infrutífera nessa pessoa.
- 35. Jesus recapitula o que acabara de dizer, estendendo a prática do amor aos inimigos (v. 27), universalizando a prática do bem a todos (Gl 6,10) e insistindo na gratuidade da generosidade (Lv 25,35ss; Sl 37,26; 112,5; Pv 19,17). O seu termo de comparação, que apresenta como exemplo, é “o Altíssimo” (1,35.76), Deus, que é benigno para com todos, mesmo para com os ingratos e os maus (Sl 25,8; 86,5; 119,68; 136,1.25; 145,9; Sb 11,23; 15,1; Rm 2,4; Ef 4,32). E exorta-nos a imitá-lo, vivendo como seus filhos (1Jo 4,7-11), ou seja, a imitá-lo a Ele mesmo, Jesus, “Filho do Altíssimo” (1,32; 8,28). O amor verdadeiro procura o bem do outro, independentemente da sua origem, aspeto, qualidades e possibilidades.
- 36. Jesus anuncia então o princípio fundamental da vida cristã, imitar a Deus no que Ele tem de mais santo, mais próprio, perfeito e primordial: ser misericordioso (gr. oiktírmôn, no plural: Cl 3,12; Sl 112,4; cf. Mt 5,48), tal como revelou a Moisés no monte Sinai: “O Senhor, Deus misericordioso” (he. rahum; gr. oiktírmôn: Ex 34,6; cf. Dt 4,31; 2Cr 30,9; Ne 9,17.31; Sl 78,38; 103,8; 111,4; 145,8; Jl 2,13; Jn 4,2; Sr 2,11). É a segunda vez em Lucas que Jesus designa Deus, “Pai” (2,49; 9,26; 10,21s; 11,2.13; 22,29. 42; 23,34.46) e a primeira vez que diz “o vosso Pai” (Lc, 3x: 12,30.32).
- 37 (vv. 37-38: Mt 7,1s). Jesus aponta a seguir, no indicativo, quatro atitudes que resultam deste princípio, duas em forma negativa e duas em forma positiva, juntando-lhes quatro promessas na voz passiva, indicando que é Deus quem as realiza (passivo divino): 1a) “Não julgueis e não sereis julgados” (1Cor 4,5; Rm 2,1.3; 14,3s.10.13; Tg 2,12s); 1b) “Não condeneis e não sereis condenados” (Jo 8,7-10; Mt 12,7.37; Sb 12,15); 2a) ”Perdoai e ser-vos-á perdoado” (11,4; 17,3s; 23,34; Mt 6,12.14s; 18,35; Mc 18,25; Cl 3,13; At 7,60; Tg 2,13; Sr 28,1-7).
- 38. 2b) “Dai e dar-se-vos-á” (v. 30; Pv 19,17; 22,9; Is 58,7-10; Tb 4,7; 2Cor 8,9; 9,6-11).
- “Deitar-vos-ão no regaço”: o regaço era a dobra do manto ou da túnica, presa por uma faixa ou por um cinto, que servia de bolso ou sacola de provisões. Jesus alude ao tratamento que Deus quer ter para connosco. O dom de Deus é o dom de Si mesmo, sempre total; mas cada um só o recebe de acordo com a medida que usa com os outros: “É com a medida com que medis que sereis medidos” (cf. mSota 1,7; bSahn 100a Bar). Quanto mais generosos, gratuitos e sem limites forem a entrega e o amor do discípulo, tanto maior será o dom da graça que lhe será dado (2Cor 9,7-11; Fl 4,17ss; Dt 15,10; Pv 3,9s); mas se ele for mesquinho, incorreto e rancoroso com o outro, Deus não poderá dar-lhe a sua graça como gostaria, nem esta produzirá fruto.
- Jesus põe assim os seus ouvintes perante uma opção: optar entre a medida e os critérios humanos e a medida e os critérios de Deus, cujo amor não tem medida (cf. Jo 3,34; S. Bernardo, O amor de Deus, 1,1). Tal é o caminho da vida (Dt 30,19), vida nova que Jesus inaugura e a todos quer dar através da obediência e da fé na sua palavra, por ação da sua graça.
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Vejo os outros com os olhos de Jesus? Que faço quando eles não correspondem aos meus desejos, critérios e expectativas ou até me roubam, prejudicam ou tratam mal?
- O que quer dizer hoje “ser misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso”? Como que gestos concretos o vou por em prática?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 103,1-4.8.10.12-13 (R. 8a)
Refrão: O Senhor é clemente e compassivo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. R.
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades;
salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. R.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas. R.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados;
como um pai se compadece dos seus filhos,
assim o Senhor Se compadece dos que O temem. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, meditando continuamente nas realidades espirituais, pratiquemos sempre, em palavras e obras, o que Vos agrada. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc