Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (5,1-11)
5,1Aconteceu que, estando Jesus, de pé, junto ao lago de Genesaré, a multidão comprimia-se à sua volta para ouvir a palavra de Deus. 2E viu dois barcos que estavam junto ao lago. Os pescadores tinham desembarcado e estavam a lavar as redes. Entrando, então, num dos barcos, no que era de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. 3E, sentando-se, do barco ensinava a multidão. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te às águas profundas e deitai as vossas redes para a pesca». 5Respondendo, Simão disse: «Mestre, afadigámo-nos toda a noite e não apanhámos nada. Mas, à Tua palavra, deitarei as redes». 6Tendo-o feito, capturaram tão grande quantidade de peixes que as redes começaram a romper-se. 7Fizeram então sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar. Eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam. 8Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos joelhos de Jesus, dizendo: «Afasta-Te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador». 9Com efeito, o espanto tinha-se apoderado dele e de todos os que estavam com ele por causa da quantidade de peixes que tinham apanhado. 10O mesmo sucedeu a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. E Jesus disse a Simão: «Não temas. A partir de agora serás captor de homens». 11E, tendo levado os barcos para terra, deixaram tudo e seguiram-no.
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- 1 (vv. 1-11: Mt 4,18-22; Mc 1,16-20; cf. Jo 21,1-11). O texto de hoje narra o chamamento de Pedro e dos primeiros discípulos. Enquanto os outros Sinóticos situam este chamamento no início da atividade pública de Jesus e o apresentam de forma esquemática, Lucas torna-o mais compreensível, ampliando a narração e situando-a numa ocasião em que a fama de Jesus já se tinha espalhado, tendo curado muitos doentes (4,14.37). Jesus está “junto ao lago de Genesaré” (Mt 13,1; Mc 2,13; 4,1) e as pessoas acorrem em massa a Ele para escutar “a palavra de Deus”, ou seja, o Evangelho (8,11.21; 11,28; At 6,7; 12,24; 17,1; cf. Am 8,11; Dt 18,18).
- 2. Comprimindo-o numerosa multidão, Jesus vê “dois barcos junto ao lago” e toma a iniciativa de entrar no barco de Simão (4,38), o chefe daquele grupo de pescadores que acaba de regressar da faina. Pede-lhe então que se afaste um pouco da terra, para do barco falar ao povo (cf. Mt 13,1s; Mc 3,9; 4,1), aproveitando a água como amplificador e as margens do lago como um anfiteatro natural.
- 3. Do barco, assumindo a postura típica de um rabino que “no princípio se sentava, permanecendo os alunos em pé” (Maimónides, Mischné Torá, 1.3.4.3), Jesus “ensina” (4,15.31; 5,17; 6,6; 13,22.26; 19,47; 20,1; 21,37; 23,5; Jo 8,2). Fá-lo introduzindo algumas novidades: não ensina apenas nas sinagogas, a um público seleto (4,15.31; 6,6; 13,10), ou em casa, só a homens, mas também às pessoas, no lugar onde acorrem para o escutar.
- 4. Acabando de falar, Jesus assume o comando e diz a Simão que se faça ao alto, às águas profundas, com os seus companheiros e que aí deitem as redes para pescar.
- 5. Simão reage, surpreendido. Desabafa o cansaço e a frustração, sua e dos companheiros, e contrapõe a Jesus a sua competência profissional: se se “afadigaram” (At 20,35; 1Cor 4,12; 15,10; Gl 4,11; Fl 2,16; Cl 1,29; 1Ts 5,12; 1Tm 4,10; 5,17) a noite inteira, a ocasião mais propícia para a pesca, sem nada apanharem, que resultado irão ter de dia? Simão, porém, é humilde, crê em Jesus, que já vira curar a sua sogra e outros doentes (4,38-41) e agora escolheu o seu barco e lhe pediu ajuda, submete-se a Ele e obedece-lhe, chamando-o pela primeira vez: “Mestre” (Lc, 7x: 8,24.45; 9,33.49; 17,13). “À Tua palavra” (Gn 19,21) evoca Dt 8,3 (cf. Mt 4,4): Pedro acredita em Jesus, apoia-se na sua Palavra e obedece-lhe (Dt 1,26; 9,23). Para “deitar as redes” era necessária a ajuda do outro barco. Simão arrisca assim o seu prestígio perante os companheiros, que o acompanham (v. 7), obedecendo à palavra de Jesus, que é mais forte que a sua frustração e cansaço, porque é “Palavra de Deus” (v. 1!), que faz o que diz (cf. Nm 23,19; Is 55,11; Ez 37,14; 1Ts 2,13; Rm 1,16; Hb 4,12).
- 6. Mal armam as redes, apanham tanto peixe que estas começam a romper-se e o barco ameaça afundar-se com o que recolhem. Embora Lucas não o refira, André está no barco com Simão, como indica o plural (vv. 4.7.9), v. 7, e ambos pedem ajuda aos sócios do outro barco.
- 8. “Simão Pedro” é uma designação típica de João (17x) que ocorre apenas aqui e em Mt 16,16. Jesus só dá a Simão o nome de “Pedro” em 6,14. Lucas faz assim remontar o chamamento de Simão a este episódio.
- 9. Constatando em Jesus uma desconcertante presença divina (cf. Jz 6,22; Dn 10,12.19), Simão, estupefacto (4,36), prostra-se aos joelhos do Mestre, sentado no barco, e chama-o “Senhor”. É a primeira vez que em Lucas alguém aplica a Jesus este título divino, revelado pelo Anjo (2,9). “Afasta-Te de mim, porque sou um homem pecador”: perante Jesus, Simão reconhece que é pecador (18,13). Diante de Deus todos somos pecadores (cf. Is 6,5; Sl 51,7). E, estupefacto, reage de forma contraditória: por um lado, reconhece-se pecador, mas lança-se e prostra-se aos joelhos de Jesus (cf. 7,38; 10,39); por outro, denuncia a marca do pecado, a autossuficiência, pedindo a Jesus que se afaste dele (8,28). Mais tarde, em ocasião semelhante, após a ressurreição de Jesus (Jo 21,1-22), sabendo-se já pecador, que por si nada pode, fará o contrário.
- 10. Jesus tranquiliza Pedro e os seus companheiros, tomados de temor sagrado: “Não temas” (1,13.30; 2,10). E chama‑o: “A partir de agora” é uma expressão que em Lucas assinala uma nova etapa do plano de Deus (1,48; 12,52; 22,28.69; At 18,6). Ao chamamento de Simão, segue-se a promessa de Jesus: “Serás captador de homens” (cf. Jr 16,16). Jesus atribui a Pedro uma missão que associa ao vocabulário do mar. Missão difícil, porque na evangelização, tal como na pesca, há que partir cada dia de noite, às escuras, para o desconhecido, arriscando a própria vida; há que “deitar as redes” sempre de novo, independentemente do resultado que se espera obter, deixando-o ao cuidado do Senhor. Mas enquanto para o peixe ser tirado do mar significa morrer, para um homem ficar no mar significa não ver e morrer; e ser capturado do mar (símbolo das forças do mal e da morte: 8,33; Is 27,1) significa ser arrancado do poder das trevas, de Satanás, do pecado da morte, (cf. At 26,16ss) e ser salvo, viver.
- Apesar de Tiago e João, filhos de Zebedeu, “sócios” (gr. koinônos) de Pedro na pesca, estarem presentes (cf. Mt 4,21), Lucas concentra em Pedro o chamamento de Jesus aos apóstolos (Mc 1,17p). Porque Pedro representa toda a Igreja e assim o chamamento e missão confiados a Pedro (cf. Jo 21,15-19) são os mesmos da Igreja, onde todos são chamados a cooperar na mesma obra, em comunhão (koinônia) uns com os outros: anunciar o Evangelho a todos, testemunhando a obra da graça de Deus. Ao mencionar, porém, os outros apóstolos, depois de Simão, Lucas mostra que, tal como na pesca, na evangelização nada se consegue sozinho: há que trabalhar unidos ao Senhor e unidos nele.
- 11. Pela fé estes rudes pescadores experimentam a misericórdia de Jesus e a força da Sua Palavra, aceitam-no como Mestre “e seguem-no”. “Seguir” Jesus é ser seu discípulo, viver com Ele, ir atrás dele, escutá-lo, aprender a sua Palavra, comprometer-se com Ele, imitá-lo e obedecer-lhe. “Deixaram tudo” é uma expressão típica de Lucas que apresentar a necessidade de abandonar tudo como condição para seguir Jesus, ideia que sublinha várias vezes (v. 28; 12,33; 14,33; 18,22; cf. Mt 19,27). Começa aqui uma nova etapa na missão de Jesus que marca a génese da Igreja. Até então Jesus tinha evangelizado sozinho (4,15); doravante outros irão ser chamados e envolvidos na sua missão. Com uma novidade: entre os judeus são os discípulos que escolhem o rabino, que só aceita pessoas dignas e capazes (Maimónides, Mischné Torá, 1.3.4.1: “Não se ensina a Torá, a não ser a um aluno decente, de bom proceder”); Jesus, ao invés, é quem toma a iniciativa de escolher os seus discípulos, chamando pessoas simples, pecadoras (v. 32) e inaugurando uma nova forma de agir, que será Boa Nova para o povo: trabalhar em equipa, como comunidade de irmãos (8,21).
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Estou no barco com Jesus ou embarco em projetos que não são os seus? Que devo largar para o seguir mais fiel e generosamente?
- Sigo a Palavra de Jesus ou têm mais sentido para mim a minha maneira de ver, os meus interesses ou os valores do mundo?
- Sei-me, sinto-me e sou continuador da missão de Jesus? Como o faço?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 138,1-5.7-8 (R. 1c)
Refrão: Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei, Senhor.
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. R.
Hei de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. R.
Todos os reis da terra Vos hão de louvar, Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor. R.
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Guardai, Senhor, com paternal bondade a vossa família; e, porque só em Vós põe a sua confiança, defendei-a sempre com a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc