Solenidade da Santíssima Trindade - Ano C - 15. Junho. 2025

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que, no mesmo Espírito, apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (16,12-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 16,12«Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas por agora não as podeis suportar. 13Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; pois não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver escutado e vos anunciará o que há de vir. 14Ele glorificar-me-á, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai tem é meu. É por isso que disse: recebe do que é meu e vo-lo anunciará».

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • A passagem de hoje faz parte do discurso de despedida de Jesus na Última Ceia, discurso que Ele pronuncia a modo de ”testamento final”. Estamos no Cenáculo. Depois de ter dado aos seus discípulos o mandamento novo do amor, como traço distintivo deles, Jesus confia-lhes a missão de serem suas testemunhas neste mundo, que os odiará e perseguirá, como o fez a Ele. Mas conforta-os, prometendo-lhes que lhes enviará o Espírito Santo para estar sempre com eles. Esta é a quinta e última promessa da vinda do Espírito Santo (14,15ss.25s; 15,26s; 16,7-11).
  • v. 12. Jesus começa por garantir aos seus discípulos que, apesar de ter que partir, a sua relação com eles nunca mais acabará. Tem ainda “muitas coisas” para lhes revelar (toda a novidade da fé e da vida cristãs inaugurada pela paixão, morte e ressurreição de Cristo: v. 13), mas eles “agora” ainda não são capazes (1Cor 3,2) de “suportar” o seu peso, ou seja, não só de perceber a sua importância, alcance e significado, mas também de o pôr em prática. Só quando tiverem renascido por ação do Espírito Santo (3,3-8), serão capazes de o ir compreendendo e pondo em prática, num processo que só concluirá na glória (vv. 14s).
  • v. 13. Sendo a missão de Jesus “dar testemunho da verdade” (18,37; Sl 45,4; Is 11,3s; 45,19), a missão do “Espírito da Verdade” (14,17; 15,26; cf. 1Jo 4,6; 5,6), será a de tornar Jesus presente e continuar a sua obra neste mundo através dos seus discípulos, que Ele introduzirá e fará progredir na verdade plena de Jesus glorificado (v. 14; 14,6).
  • O que é a “verdade”? É um dos atributos de Deus, que Ele revelou a Moisés no Monte Sinai (Ex 34,6; cf. Jo 1,14.17). “Verdade” (he.‘emet) vem de ‘em, “mãe”, significando: “o que é firme, sólido, fiável, fidedigno, permanente”, que permanece para sempre. Escreve-se com três letras: a primeira (alef), uma mediana (mem) e a última (tau) do alfabeto hebraico (bShab 104ª; Midr Ps 117). A “verdade” é quando o princípio e o fim de algo se correspondem, numa mútua conjugação de horizontes e esforços em que tudo se afirma, integra e completa, mantendo a sua unidade e coerência ao longo de todo o processo, desde o início até ao fim. É, pois, o amor criador, redentor e salvífico de Deus, plenamente revelado em palavras e obras por Jesus aos homens.
  • A missão do Espírito da verdade é testemunhar aos discípulos e “guiá-los em” (no plural: em Igreja) “toda a verdade”, ou seja, neste amor, revelando-o e descobrindo-lho plenamente (Sl 25,5!; cf. 14,26; 1Jo 2,27), já nesta vida e por toda a eternidade, dando-lho a conhecer e ajudando-os a caminhar (daí o verbo “guiar”), pondo-o em prática: a) o Nome de Deus (17,26), ou seja, Deus como é em si mesmo, Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo; b) o desígnio de Deus e a sua vontade, expressa nas Escrituras, que Jesus cumpre, mostrando o seu sentido, e consuma, levando-as à sua plenitude (1,18; 2,22; 19,28-30; 20,9); c) o que é a Igreja, quais são os seus ministérios, carismas, sacramentos e tradições (p.ex. o domingo); d) a vida nova e a prática do mandamento novo do amor (1 Jo 1,6; 3,18s); e) a verdade de cada um sobre si mesmo e sobre a sua vida (3,21; 4,19. 29; 1 Jo 1,8); f) a participação do homem na vida futura e o seu destino, a ressurreição final. O Espírito Santo, como mistagogo, introduz e “guia” (gr. odêgueô), verbo que significa: caminhar com alguém (a Igreja e os seus membros), indo à sua frente e conduzindo-o por caminhos difíceis e desconhecidos, mostrando-lhes quando e onde há que parar, comer e repousar; o que fazer e apreciar; como enfrentar os perigos, ultrapassar os obstáculos e vencer as dificuldades, levando-os até ao destino final, a posse da glória de Jesus. É o verbo do Êxodo e dos Salmos, tendo por sujeito principal o próprio Deus (Ex 15,13; 32,34; Dt 1,33; 2Sm 7,23p; Ne 9,12.19; Sl 23,3; 25,5; 43,3; 73,24; 86,11; 119,35; 139,10.24; 143,10; Is 63,14).
  • O Espírito fá-lo-á porque “não falará por si mesmo” (14,10; não “de si mesmo”, porque o Espírito também Se dará a conhecer), mas anunciará “tudo” o que Jesus Cristo, como Filho eterno glorificado, é junto do Pai e recebe do Pai. “Ele dirá tudo o que tiver escutado e anunciará o que está para vir”, ou seja, a nova ordem das coisas, originada pela morte e ressurreição de Cristo: a) o Espírito comunicará aos discípulos a Palavra de Jesus (através da pregação e das Escrituras), revelando-lhes o seu sentido, mostrando como a devem interpretar e pôr em prática (8,32; 14,26); b) Ele revelará o significado e alcance da paixão, morte e ressurreição de Jesus c) bem como da vida nova nele, em união com o Pai, d) no seio da Igreja, e) fazendo-a viver na expectativa da sua vinda e da plenitude final, f) dando-lhe a saborear já aqui na terra as primícias da vida futura; g) ajudando-a a ler os acontecimentos, a interpretar os sinais e a encontrar os caminhos para responder aos apelos e desafios dos tempos e dos homens, h) garantindo que a Palavra, a obra e a missão de Jesus sejam fielmente transmitidas e incarnem na história com atualidade e eficácia até ao fim.
  • v. 14. i) “Ele”: o pronome demonstrativo ekeinós (vv. 8.13; 14,26; 15,26) indica uma Pessoa distinta do Pai e do Filho, ou seja, o Espírito, que “glorificará” Jesus (8,54; 12,28; 13,32; 17,1.10), “porque receberá do que é meu e o anunciará” aos seus, manifestando-lhes as riquezas do mistério de Jesus, dando-lhes a conhecer quem Ele é realmente, tornando-os participantes da Sua vida de ressuscitado, na glória, em comunhão com o Pai, comunicando-a a cada um no seio da Igreja, ajudando-os a pôr em prática a palavra de Jesus e mostrando-lhes como hão de continuar a Sua obra e missão.
  • v. 15. “Tudo” o que Jesus tem é do Pai (17,10), pois Ele e o Pai são um (10,30). O Espírito Santo procede do Pai (15,26) pelo Filho, que recebeu do Pai o dom de com Ele espirar o Espírito Santo, sendo Jesus, depois de glorificado na sua humanidade, quem o enviará de junto do Pai (7,39; 14,16; 20,22). Tudo se processa com ordem e união: do Pai pelo Filho no Espírito Santo, no seio da Igreja. O Espírito Santo dará a vida eterna aos discípulos, j) fazendo-os participar, desde já, da natureza e da vida divinas (2Pd 1,4), introduzindo-os no seio da comunhão trinitária (2Cor 13,13), como filhos de Deus, membros de Cristo e templos seus l) e ressuscitá-los-á no último dia, para que tomem posse plena da glória de Jesus ressuscitado junto do Pai (17,24ss).
  • O Espírito Santo, que fez com que o plano de Deus se cumprisse na vida de Jesus em união com o Pai (14,10), é quem une os discípulos a Jesus e nele, os une uns aos outros e ao Pai, para que eles possam continuar a Sua obra e missão neste mundo, sendo perfeitos na unidade, pois só assim O glorificarão, dando testemunho da verdade (17,21), tornando-se sinal vivo do amor de Jesus e instrumento eficaz da Sua presença e ação entre os homens.

Ler o texto uma segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

      a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…

d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Que papel tem o Espírito Santo na minha vida? Escuto-o? Sou-lhe dócil?
  • Aceito toda a mensagem de Jesus e a vontade do Pai ou escolho só o que compreendo agora, o que mais gosto ou mais me convém? 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o meu coração)   

Salmo responsorial                                                                            Sl 8,4-9 (R. 2a)

Refrão: Como sois grande em toda a terra, Senhor, nosso Deus! 

Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes,
que é o homem para que Vos lembreis dele,

o filho do homem para dele Vos ocupardes?     R.

Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos,

tudo submetestes a seus pés.     R.

Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,

tudo o que se move nos oceanos.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Deus Pai, que revelastes aos homens o vosso admirável mistério, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito da santidade, concedei-nos que, na profissão da verdadeira fé, reconheçamos a glória da eterna Trindade e adoremos a Unidade na sua omnipotência. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Avé Maria...

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc