Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (18,1-8)
Naquele tempo, 18,1dizia Jesus aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de eles orarem sempre, sem desfalecer: 2«Havia numa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens. 3Havia também nessa cidade uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: “Faz-me justiça contra o meu adversário”. 4Por algum tempo ele não quis, mas depois disse consigo: “Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, 5uma vez que esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha importunar-me sem fim”». 6E o Senhor disse: «Escutai o que o juiz injusto diz. 7E não haveria Deus de fazer justiça aos seus eleitos que por Ele clamam dia e noite, embora use de paciência para com eles? 8Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas será que o Filho do homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- v. 1. Dizia Jesus aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de eles orarem sempre, sem desfalecer.
Continuamos na terceira etapa (17,11-19,27) do caminho de Jesus para Jerusalém (9,51-19,27), na qual Ele ensina aos seus discípulos como viver no Reino de Deus, sendo continuadores da sua missão. O presente texto, exclusivo de Lucas, vem na sequência do discurso sobre a vinda do Filho do Homem (17,20-37; cf. 18,8). Tem duas partes: a parábola do juiz e da viúva (vv. 1-5) e a sua aplicação (vv. 6-8).
Jesus ”dizia-lhes uma parábola” (5,36), muito semelhante à do amigo importuno (11,5-8), onde fala sobre a importância da persistência na oração. Agora dá mais um passo, falando “sobre a necessidade de orar sempre” (21,36; Ef 6,18; 1Ts 5,17), “sem desfalecer” (“desanimar”, “cansar-se”: 2Cor 4,1.16; Gl 6,9; 2Ts 3,13; Rm 12,12; cf. Ex 17,9-12). O judaísmo prescrevia apenas a oração três vezes ao dia (à tarde, de manhã e ao meio-dia: Dn 6,11.14; Sl 55,18; cf. Sl 119,164; bBer 31a; jBer 4,1,3; TBer 3,8-9). A exortação à oração contínua é uma nota neotestamentária, tipicamente paulina e lucana, característica da vida no Espírito (cf. 2,37; At 12,5; 26,7; Fl 1,4; Cl 1,3; 4,2; 1Ts 3,10; 2Ts 1,11; 1Tm 5,5; 2Tm 1,3).
- v. 2. «Havia numa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens.
As personagens da parábola são um juiz e uma viúva. Como sempre, Lucas faz entrar primeiro em cena o vilão, o anti-herói, aqui “o juiz”. As causas de direito patrimonial eram julgadas por três juízes leigos (Sahn 3a.5.7; 3b.5) podendo, em casos menores, ser julgadas por um juiz singular, neste caso, um jurista ordenado (autorizado: cf. Mt 5,25; Str-B 1,289; 2,238). Devia, pois, neste caso, de se tratar de uma quantia não muito elevada, que para o juiz não teria grande valor, mas que para a viúva era vital (cf. 21,2ss). Ora, este juiz “não temia a Deus, nem respeitava os homens”, não atendendo os pobres (v. 4; cf. Dt 1,16s; 27,17!), quando a Lei mandava julgar a todos, sem parcialidade (cf. Lv 19,15; 2Cr 19,6s).
- v. 3. Havia também nessa cidade uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: “Faz-me justiça contra o meu adversário”.
A viúva injustiçada era o protótipo do pobre sem defesa, vítima da prepotência dos grandes e poderosos. Ela não desiste, porém, de se queixar ao juiz e persiste em lhe exigir que julgue a sua causa contra o seu “adversário” (Mt 5,25; Is 41,11; Jr 50,34; 51,36; cf. Tg 2,6).
- v. 4. Por algum tempo ele não quis, mas depois disse consigo: “Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens…
Mas o juiz não lhe liga. Porquê? Porque na época os juízes não eram pagos pelo Estado, mas recebiam os seus honorários daqueles a quem julgavam a causa. Sendo a viúva pobre, não tinha com que lhe pagar e, por isso, ele não a atendia. O que colidia frontalmente contra a Lei (cf. Dt 10,18; Jr 5,28; Zc 7,9s). Por isso, Jesus o chama “injusto” (v. 6).
- v. 5. ... uma vez que esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha importunar-me sem fim”».
Exasperado com a insistência da viúva, que não cessa de o massacrar (cf. 11,7-8) e temendo alguma agressão da parte dela (gr. hypôpiázô: esmurrar), o juiz põe-se a refletir (cf. 16,3) e atende-a, só para se ver livre dela (cf. 11,8!; Mt 15,23). - v. 6. E o Senhor disse: «Escutai o que o juiz injusto diz.
À parábola, segue-se a sua aplicação. - v. 7. E não haveria Deus de fazer justiça aos seus eleitos que por Ele clamam dia e noite, embora use de paciência para com eles?
Jesus argumenta à maneira rabínica, do menor para o maior (cf. 16,8). Se um juiz injusto atende uma viúva, numa causa de menor, só para não a aturar, não há de Deus, que é justo (cf. Dt 32,4; Esd 9,15; Sl 7,10.12; 116,5; Is 30,18; 45,11), atender e “fazer justiça” (gr. ekdíkêsis poiein, “vindicar”: v. 8; Ex 12,12; Nm 33,4; Sl 149,7; Mq 5,15) à causa, maior, dos seus eleitos? É uma pergunta retórica: claro que sim! Se a insistência desta viúva venceu a resistência do juiz injusto, com muito mais razão Deus, que defende sempre o pobre e o fraco, há de escutar as súplicas dos “seus eleitos que por Ele clamam dia e noite”, ou seja, ininterruptamente (Sl 22,3; 87,1; Is 62,6; Jr 9,1; Lm 2,18; Qo 8,16; Sr 35,22; Ap 4,8; 6,10s; 7,15).
É uma afirmação de Jesus que evoca Sr 35,17-23. Mas, ao invés de Sr 35,19, onde se diz que “o Senhor não tarda, nem tem paciência com eles” (os gentios, que Ele há de castigar: 2Mc 6,14), Jesus afirma o oposto: “Deus usa de paciência para com eles” (cf. Sb 11,23; 12,2.15-21!). “Eles”, quem? Todos, os eleitos e os adversários: a) para com os eleitos, para que cresçam na fé, amadureçam na esperança (Rm 8,25; Tg 5,7s) e se aperfeiçoem na caridade, aprendendo a ser pacientes (cf. Sr 2,4; Pv 19,11, 1Cor 13,4; 1Ts 5,14) e a amar os seus inimigos (cf. 6,27s), sendo “misericordiosos como o Pai celeste é misericordioso” (6,36); b) para com os adversários, que oprimem os eleitos, dando-lhes tempo para que se arrependam e se salvem (cf. Is 30,18; 2Pd 3,9; Rm 2,4; 3,25s; 9,22).
- v. 8. Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas será que o Filho do homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?».
“Digo-vos”: Jesus assevera “que lhes fará justiça” “em breve” (gr. tákos: Br 4,22.24s; Rm 16,20; Ap 1,1; 22,6s), ou seja, quando Ele vier. A finalidade da oração não é que Deus faça a vontade daquele que lhe suplica (22,42) – confundindo talvez “justiça” com o desejo de vingança (cf. Is 59,17) –, mas que se faça a verdadeira “justiça”, a vontade de Deus (Mt 5,6), que “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4).
Para terminar, Jesus deixa uma interrogação, ligada ao v. 1: “Será que o Filho do Homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?”. A fé é a condição essencial para se ser escutado na oração (17,5s; 7,9. 50; 8,48; 17,19; 18,42). A pergunta mostra que a finalidade da oração contínua (v. 1) é manter viva a fé e acesa a esperança no Senhor que vem.
A menção do “Filho do homem” indica que Jesus não se refere apenas a si (cf. 17,24; 21,27.36; 22,69; Dn 7,13), mas nesta pergunta assume e exprime a expectativa de cada ser humano (“filho do homem”: Gn 11,5; Sl 8,5; 11,4), que espera poder encontrar nos cristãos uma fé viva e operante que toque o seu coração e nele suscite o desejo de uma vida nova.
“Quando vier”: Jesus vem em cada pessoa e acontecimento, até ao último Dia, em que virá a última vez, na glória, para julgar os vivos e os mortos (cf. 10,12; 2Tm 4,8; 2Pd 2,9; 3,7; 1Jo 4,17; Jd 1,6).
“Encontrará a fé sobre a terra?”. A fé, não apenas no lugar onde vivem (casa, família, trabalho, comunidade, etc.), mas na terra inteira, à qual os cristãos são enviados a anunciar o Evangelho a todos e onde eles são chamados a edificar o Reino de Deus, com o mesmo amor e ardor da primeira hora, dia após dia, ininterruptamente, até ao fim, “sem desfalecer”, apesar da oposição, indiferença ou rejeição dos outros (cf. Rm 10,14s; 2Tm 4,2), mesmo quando Jesus pareça demorar, os frutos não se vejam e os resultados tardem a aparecer.
O Senhor não abandona os seus, nem é indiferente à sua dor e apelos. Ele vem ao seu encontro em cada pessoa e acontecimento, mesmo doloroso ou adverso, “cooperando em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,28). Mas tem um plano para cada pessoa e situação que nos ultrapassa. O seu calendário e pensamentos são diferentes dos nossos (cf. Is 55,8; 2Pd 3,8; Rm 11,33-36). A fé é que nos permite reconhecê-lo e acolhê-lo em cada ser humano e circunstância, prosseguindo o Seu caminho com entusiasmo e confiança, anunciando o Evangelho a todos com fé e amor, cooperando na implantação do Reino de Deus entre os homens, para que quando Jesus vier no último dia possa encontrar a fé “sobre a terra”, ou seja, em todos, em toda a parte (cf. 24,47).
Até lá, para manter viva a chama da fé, a força da esperança e o ardor da caridade (cf. 12,49; 1Ts 1,3), há que perseverar, dia e noite, em oração, unidos ao Senhor e uns aos outros, “num só coração e numa só voz” (Rm 15,6). Sem oração a fé estiola e com uma fé débil, a espera nunca acaba, o encontro demora e o tempo custa a passar. A oração assídua, concorde e perseverante, é o que alimenta aquela fé que é o distintivo do crente e “que o Filho do homem, quando vier”, quer encontrar “sobre a terra”: uma fé acolhida e celebrada, alimentada e vivida, partilhada e anunciada pelos seus discípulos a todos, sobre toda a terra. Até que Ele venha (1Cor 11,26).
Ler o texto uma segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha... e) Que frase reter? f) Como a vou / vamos pôr em prática?
- Sinto necessidade de orar a Deus a sós e comunitariamente?
- Quando as coisas correm mal, como reajo: “amuo”, revolto-me, zango-me com Deus e com os irmãos, volto-lhes as costas, ou busco o Senhor na oração, entregando-me confiadamente a Ele, aguardando a Sua hora?
- Tenho a coragem de esperar, a ousadia de confiar, a serenidade para aguardar, a lucidez para aceitar, mesmo que Deus tarde a responder às minhas súplicas, em meu favor ou a favor dos outros?
- A minha/nossa oração leva-nos a um compromisso com a justiça em favor dos mais fracos e desprotegidos? Como? Que posso/podemos fazer?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que ela inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 121,1-8 (R. cf. 2)
Refrão: O nosso auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
Levanto os meus olhos para os montes:
donde me virá o auxílio?
O meu auxílio vem do Senhor,
que fez o céu e a terra. R.
Não permitirá que vacilem os teus passos,
não dormirá Aquele que te guarda.
Não há de dormir nem adormecer
Aquele que guarda Israel. R.
O Senhor é quem te guarda,
o Senhor está a teu lado, Ele é o teu abrigo.
O sol não te fará mal durante o dia,
nem a lua durante a noite. R.
O Senhor te defende de todo o mal,
o Senhor vela pela tua vida.
Ele te protege quando vais e quando vens,
agora e para sempre. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva:
Deus eterno e omnipotente, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na nossa vida)
Fr. Pedro Bravo, oc