Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Conclusão do Evangelho segundo S. Mateus (9,28b-36)
Naquele tempo, 28,16os Onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. 17Quando O viram, adoraram-no; mas alguns duvidaram. 18Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: «Foi‑me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19Ide, pois, e fazei discípulas todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo 20e ensinando-as a guardar tudo o que vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos tempos».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- Na conclusão do seu Evangelho, Mateus só refere uma única aparição (gr. oraô, aparição acompanhada de uma visão: Ex 4,1) de Jesus ressuscitado aos onze apóstolos (cf. 27,5), recapitulando nela os grandes temas da sua obra. O presente texto tem duas partes: a) o encontro de Jesus ressuscitado com os onze (vv. 16s); b) e o mandato missionário universal de Jesus aos seus (vv. 18s).
- v. 16. Estamos na Galileia, num dia não especificado, após a ressurreição de Jesus. A Galileia (“circuito”), habitada na sua maioria por gentios (4,15), era lugar de encontro de muitos povos. O facto de ser aí que Mateus situa a única aparição de Jesus ressuscitado aos onze é significativo. Quando ele escreve, Jerusalém já tinha sido conquistada e o Templo sido incendiado pelas tropas de Tito (70 d.C). Seis anos antes, os cristãos, alertados pelos profetas (Eus., Hist. eccl. 3, 5, 3; cf. At 11,27; 21,10), obedecendo à palavra de Jesus (24,16), tinham deixado Jerusalém e a Judeia, refugiando-se na Peréia e na Nabatéia (atual Jordânia), mas sobretudo na Galileia e na Síria (que incluía a Fenícia, até ao Mediterrâneo). Mas, considerando Is 2,3; 11,10; Mq 4,2; Zc 8,22, eles perguntavam-se: não teríamos sido infiéis a Deus, deixando Jerusalém? Não deveríamos regressar? A isto responde o texto. Tendo sido na Galileia que Jesus iniciou a sua missão e chamou os apóstolos, é também para aí que, ressuscitado, os convoca (cf. vv. 7.10; 26,32; Mc 16,7), para indicar que, embora tivesse sido em Jerusalém que no início, se deram a paixão, morte e ressurreição de Jesus e a Igreja iniciou a sua caminhada na força do Espírito (cf. At 1,8; 2), agora já não é aí, mas na “Galileia das nações”, ou seja, entre os gentios, na “Galileia” da própria vida e trabalho (cf. Jo 21), que Ele congrega e reúne a Igreja em Seu nome (18,20), para daí a enviar, de modo a continuar a Sua missão, que agora já não se restringe apenas a Israel, mas se destina a todas as pessoas de todos os povos da terra (cf. 10,5s; 12,18-21; Is 42,1-4).
- O encontro dá-se no “monte que Jesus lhes tinha indicado”. Não se diz o nome do monte, porque ele tem aqui valor teológico. No AT, o “monte” é o lugar onde Deus se revela. Foi no monte “indicado” por Deus que Ele fez a Abraão a promessa de na sua descendência abençoar todas as nações da terra (Gn 22,2.18). Foi no monte Sinai que Deus chamou Moisés, lhe confiou a sua missão, revelou a Sua Palavra e selou a Aliança com o seu Povo (Ex 3,10; 24). Foi no monte Nebo que Deus fez Moisés contemplar a Terra Prometida e lhe deu Josué (gr. Jesus) como sucessor, para que nela introduzisse o seu povo (Nm 27,12-23; Dt 34,1-4). Foi num monte que Satanás mostrou a Jesus “todos os reinos da terra” e lhos prometeu, caso o adorasse (4,9); Jesus, porém, recusou e destronou-o com a sua morte e ressurreição, recebendo agora o céu e a terra como herança para aí instaurar o Reino de Deus (v. 18).
- v. 17. Ao ver Jesus, os discípulos, prostram-se e “adoraram-no” como Deus e Senhor (cf. 2, 11; 4,10; 8,2; 14,33). “Mas alguns duvidaram” (cf. Mc 16,9-14; Jo 20,24-29). A missão cristã brota do encontro com Jesus ressuscitado. Os apóstolos, no entanto, tiveram grande dificuldade em aceder à ressurreição de Cristo, porque esta não é um dado físico, material, mas um acontecimento real, salvífico, sem paralelo neste mundo, ao qual só se tem acesso, no Espírito Santo, pela fé (At 1,2; 1Cor 15,14). Uma vez que nela se inaugura a nova criação (2Cor 5,16), que transcende o tempo e o espaço, e é na humanidade glorificada de Jesus que se revela a sua divindade (até então por ela ocultada), eles tiveram de passar por uma conversão interior (metánoia) tão radical e dar um salto tão grande na fé, que alguns, presos aos rígidos esquemas da fé judaica e à limitada capacidade da razão humana, só dificilmente deram.
- v. 18. Tendo já entrado no Reino de seu Pai (26,29), Jesus “aproxima-se” deles (cf. Js 5,13) e apresenta-se como o Filho do homem a quem “foi dada” (passivo divino: por Deus) toda a “autoridade” (gr. exousía: “potestade”), não só sobre “todas as nações” (Dn 7,14), mas também, como Deus, “no céu e na terra” (cf. Sl 2,6; 8,6; 108,6; 110; Is 51,16), porque venceu a morte, destronou Satanás e foi constituído na sua humanidade glorificada Senhor de toda a criação (cf. 11,25; Ef 1,10; Cl 1,16), por todo o sempre (cf. 25,31s.34).
- v. 19. Depois de lhes ter manifestado a sua nova condição, Jesus transmite aos seus discípulos o seu mandato missionário (vv. 19s): “Ide!” (Mc 16,15s). Neste mandato há quatro temas a destacar.
- 1) O primeiro é a universalidade da missão: “todas as nações” (24, 14; Mc 13,10; Lc 24,47), ou seja, os gentios. É uma referência a Dn 7,14 e à promessa de Deus a Abraão de na sua descendência abençoar “todas as nações” da terra (cf. Gn 18,18; 22,18; 26,4; 28,14; Gl 3,8), o que se realizaria através do Messias, filho de David (Sl 72,11.17; 117,1; 118,10; Is 2,2; Am 9,11s; At 15,16s; Rm 15,11), e se cumpriu em Jesus (cf. Gl 3,16). A comunidade dos “discípulos” de Jesus, a Igreja, nasce da missão, é essencialmente missionária e tem por missão viver e testemunhar o Evangelho a todas as pessoas de todos as nações, até ao fim dos tempos.
- 2) O segundo é a enumeração dos três momentos da ação evangelizadora da Igreja: a) “fazer discípulos”, ou querigma (“pregão”: 1Cor 15,3ss), ou seja, o anúncio do Evangelho a todos, dando-lhes a conhecer o Deus vivo e anunciando-lhes Jesus, as suas palavras e obras, para o poderem seguir; b) “Batizar” os que crerem, “mergulhando-os” na vida divina, a fim de poderem participar na comunhão trinitária;
- v. 20. c) “Ensinar” os discípulos a caminhar na vida nova que receberam, “guardando” (vivendo e transmitindo) em todos os aspetos, âmbitos e momentos da sua existência (cf. 5,2.19; 13,54; Dt 4,1.14; 6,1; At 1,1; 2,42; 11,26; 18,11.25; Cl 1,28; 3,16; Ef 4,21), o que Jesus fez e ensinou,.
- 3) O terceiro é a profissão de fé trinitária, a mais clara e concisa do NT: Deus é Trindade, uma comunhão de três Pessoas divinas, iguais na essência e distintas nas relações, sendo um só e mesmo Deus, cujo Nome (ser) as une por igual com a mesma conjunção copulativa “e” (polissíndeto): “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
- 4) O último tema é a promessa de Jesus: “Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos tempos” (lit. “século”). “Consumação” (gr. syntéleia: 13,39s.49; 24,3) é uma imagem que supõe a dissolução de tudo pelo fogo (1Cor 3,13; 2Pd 3,10s; Sf 1,18). Ela já se inaugurou em Jesus, em quem o tempo atingiu a sua plenitude (Mc 1,15), quando foi selada a nova Aliança (26,28; cf. Jr 30,22; Ez 37,27) e derramado o Espírito (3,11), cumprindo-se as Escrituras (5,17). Constituído Senhor de tudo, Jesus faz da Igreja o novo Povo de Deus que se deve estender a todas as gentes. Os discípulos poderão contar sempre com a sua presença ao longo da sua missão evangelizadora (Mc 16,20) que só terminará quando Ele “vier na sua glória” (25,31) e fizer entrar este “século”, o mundo presente, na plenitude de Deus (cf. 1Cor 15,28; Cl 1,19s; Ap 21,5).
- Jesus revela assim todo o seu mistério aos discípulos: 1) Ele é o Senhor (gr. Kyrios, he. Adonai), a quem é dado o nome reservado no AT a substituir o nome divino de Iavé; 2) É o Filho do homem a quem foi “dada toda a autoridade” sobre os anjos e os homens, os vivos e os mortos, o universo e os povos, o tempo e a história; 3) é o Messias, 4) da descendência de Abraão, 5) filho de David (1,1), em quem se cumprem as Escrituras (1,22; 2,15.23; 4,14; 5,17; 8,17; 12,17; 13,35; 21,4); 6) o Filho de Deus (11,27; 16,16), cujos ensinamentos devem chegar a todas as nações; 7) a nova e definitiva habitação de Deus entre os homens, de modo que Deus seja o seu Deus e eles o Seu povo (cf. Ex 29,45; Lv 26,11s; Ez 37,26ss; Zc 2,10s; 2Cor 6,16); 8) o Emanuel, “Deus-connosco” (Is 7,14), título com o qual se fecha a grande inclusão deste Evangelho, iniciada em 1,23.
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- A minha vida tem sido coerente com o meu compromisso batismal?
- Sinto-me enviado por Jesus a todos, a fim de lhes testemunhar o amor de Deus e anunciar o Evangelho? Como o faço?
- A promessa final de Jesus dá alegria, confiança, sentido à minha vida?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 33,4-6.9.18-20.22 (R. 12b)
Refrão: Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.
A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor. R.
A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.
Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado. R.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome. R.
A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Deus Pai, que revelastes aos homens o vosso admirável mistério, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito da santidade, concedei-nos que, na profissão da verdadeira fé, reconheçamos a glória da eterna Trindade e adoremos a Unidade na sua omnipotência. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc