Nono Domingo do Tempo Comum - 2024

 

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (2,23-3,6)

2,23E aconteceu que, passando Jesus através das searas num dia de sábado, os seus discípulos começaram a fazer caminho, arrancando as espigas. 24Diziam-lhe então os fariseus: «Vê! Porque fazem ao sábado o que não é lícito?». 25Diz-lhes Ele: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os que com ele estavam? 26Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e os deu também aos que com ele estavam?». 27E dizia-lhes: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. 28Por isso, Senhor é o Filho do homem também do sábado». 3,1E entrou de novo na sinagoga e estava lá um homem que tinha uma das mãos ressequida. 2E observavam-no, para verem se o iria curar ao sábado, a fim de o poderem acusar. 3E diz ao homem que tinha a mão ressequida: «Levanta-te e vem para o meio». 4E diz-lhes: «É lícito ao sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matá-la?». Mas eles ficavam calados. 5Então, olhando em redor para eles com ira, condoído com a dureza dos seus corações, diz ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão dele ficou restabelecida. 6Saindo, os fariseus reuniram-se logo com os herodianos em conselho contra Ele para ver como o fariam perecer.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • Os dois episódios de hoje são a conclusão da primeira secção do Evangelho de S. Marcos (1,14-3,6), onde ele descreve a fase inicial do ministério de Jesus. São as duas últimas das cinco controvérsias entre Jesus e as autoridades judaicas (2,1-3,6). Neste caso, são ambas relativas à observância do sábado: o episódio das espigas arrancadas pelos discípulos (vv. 23-28) e o episódio do homem com a mão ressequida (3,1-6). Note-se que Jesus só critica as normas acrescentadas pela tradição oral dos judeus na Halakhá (“o caminho”) relativas à observância do sábado, o qual, tanto Ele como os seus discípulos observam, obedecendo ao terceiro mandamento (1,21; 6,2; 15,42; 16,1).
  • v. 23 (vv. 23-28: Mt 12,1-8; Lc 6,1-5) Num sábado Jesus e os seus discípulos atravessam uma seara. Os discípulos têm fome (Mt 12,1) e apanham espigas para comer. Segundo a Lei era lícito colher espigas de uma seara alheia, desde que fosse com a mão e não se usasse a foice (Dt 23,26), podendo os pobres apanhar as espigas das bordas e as caídas nos campos para matar a fome (Lv 19,9s). Marcos, que escreve para gentios romanos, que desconheciam a casuística judaica, procura tornar compreensível a reação dos fariseus, dizendo que os discípulos arrancavam espigas para fazerem caminho através da seara.
  • v. 24. Os fariseus, porém, tomando a parte pelo todo, ensinavam que colher uma espiga era ceifar. Criticam, por isso, junto de Jesus os seus discípulos (Jesus não é visado aqui por eles), acusando-os de violar o sábado, no qual era proibido trabalhar (Ex 20,10), nomeadamente ceifar (Ex 34,21), sob pena de morte (Ex 31,15; 35,2; Nm 15,35s). Aflora aqui pela primeira vez o tema da ameaça de morte contra Jesus e os seus discípulos, que será uma constante da história da Igreja, primeiro. em Israel e depois no Império romano.
  • v. 25. Jesus defende os seus discípulos e responde aos fariseus através duma comparação com um episódio relatado em 1Sm 21,1-6.
  • v. 26. Este episódio, porém, não se passou com Abiatar, mas com o Sumo-sacerdote Aquimelec, que oficiava no Templo, a “Casa de Deus” (Gn 28,17.21s; cf. Jo 1,51), e a quem Saul mandará matar, juntamente com os sacerdotes que estavam com ele, por causa da ajuda que deu a David e aos seus companheiros, tendo escapado apenas Abiatar, filho de Aquimelec (1Sm 22,9-23; Sl 52,2). É a segunda alusão ao tema da ameaça de morte contra Jesus e os seus discípulos. Naquela época não havia livros impressos e Marcos, que não dispõe das Escrituras junto de si, cita de memória o episódio e troca o nome do pai pelo do filho, o que, aliás, era comum, sobretudo no caso dos sacerdotes (1Cr 18,16; 24,6.31; 2Sm 8,17), que não raro usavam dois nomes, o seu e o do seu pai (cf. 1Mac 2,1-5; Lc 1,59; Jos.Fl., Ant. 20, 9, 1). Os “pães da proposição” eram santos, só podendo ser comidos pelos sacerdotes (cf. Ex 25,30; Lv 24,5-9). Uma vez que David e os seus companheiros estavam em campanha e não se tinham contaminado, estavam “santos” e, passando necessidade, Aquimelec deu-lhos (1Sm 21,5s). É o que se passa aqui: Jesus é o Templo de Deus entre os homens, sendo os seus discípulos que o seguem e servem um povo sacerdotal, uma nação santa (1Pd 2,5.9; Ex 19,5s).
  • v. 27. Deste exemplo, Jesus infere uma afirmação sobre o sábado, usada na Igreja primitiva em relação aos seus membros mais rigoristas, provindos do farisaísmo, para justificar a sua liberdade em relação ao sábado e a substituição deste pelo domingo: “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”. Para Jesus a necessidade não conhece lei, nem nenhuma lei existe por causa de Deus ou de si mesma, mas para o bem do homem, devendo estar ao serviço deste.
  • v. 28. Depois, fundamenta a sua posição numa afirmação cristológica: “Por isso, Senhor é o Filho do homem também do sábado”. Ao designar-se “Filho do homem” (2,10; 8,38; 9,9.31; 10,33.45; 14,21.41), Jesus indica veladamente que é o Messias (Dn 7,9.13s), acrescentando também lhe pertence o título divino de “Senhor” (gr. Kyrios, he. Adonai: 11,3; 12,36; 16,19; Sl 110,1), reservado a Deus, sendo, por isso, também “Senhor do sábado”.
  •  3, v. 1 ( 1-6: Mt 12,9-14; Lc 6,6-11). O episódio seguinte passa-se igualmente em dia de sábado. Jesus entra “de novo na sinagoga”, como era seu hábito (cf. 1,21.39). Achava-se ali “um homem que tinha uma das mãos ressequida”, ou seja, uma mão inerte (“mão” pode designar também o braço na Sagrada Escritura). Um deficiente físico era considerado impuro, já que a doença era vista como um castigo pelo pecado. Assim, neste caso, esse homem, embora pudesse assistir ao culto, devia manter-se afastado, sendo, por isso, marginalizado.
  • v. 2. A preocupação dos fariseus não era, porém, o mal deste homem, mas observar Jesus, para ver se fazia curas ao sábado, a fim de o acusar. Para os fariseus, curar um doente equivalia a trabalhar, pois quem cura os doentes é o médico, sendo esse o seu trabalho. O mesmo aplicavam erroneamente a Deus (Jo 5,17). Por isso, nos casos de doenças que não representavam perigo de morte, proibiam tratar delas ao sábado, antepondo assim as suas leis ao bem das pessoas.
  • v. 3. Jesus rejeita esta leitura e ordena a este homem duas coisas. A primeira é: “levanta-te”. “Levantar-se” é o verbo que o NT usa para dizer “ressuscitar”. Jesus começa por “ressuscitar” o homem e o levantar, fazendo-o escutar a sua palavra (cf. Jo 5,24s). “E vem para o meio”: para Jesus, os marginalizados e excluídos devem ser acolhidos e ocupar o lugar a que têm direito, no meio da comunidade.
  • v. 4. Depois não pergunta aos fariseus se é lícito curar ao sábado (a resposta imediata seria “não”), mas se “é lícito ao sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matá-la”. Para Jesus “curar” é o mesmo que “fazer o bem”, “salvar uma vida”, e “não curar” o mesmo que “fazer o mal”, “matar”. Jesus põe o dedo na ferida, mostrando que qualquer lei que proíba fazer o bem e promover a vida é geradora de morte. Os fariseus, porém, calam-se e não lhe respondem (cf. Sr 20,6).
  • v. 5. Perante o fechamento dos seus adversários, Jesus “olha em redor” para eles (v. 34; 5,32; 10,23) com ira (gr. orguê). A “ira de Deus”,  associada ao “Dia de Iavé” que inaugura os tempos messiânicos (cf. Is 5,25; Am 1,18; Zc 1,15; Mt 3,7; Rm 1,18), é a atitude de indignação com que o Deus santo e misericordioso (cf. Os 11,9; Ex 34,6) reage à injustiça do homem, que o rejeita, continuando a pecar, apesar de advertido por Deus. Deus, então, respeita-o e “entristecido” (Sl 69,21; Is 51,19s; cf. Is 63,10) “com a dureza do seu coração” (cf. Is 6,10; Mt 13,15; Jo 12,40; Rm 11,25; Ef 4,18), deixa-o arrastar-se no pecado, para que o homem, “castigado” pelas consequências que então dele sofre (Jr 2,19; 21,14; Ez 22,31), se arrependa e volte para Deus (cf. Am 4,6-10). Por último, Jesus manda o homem estender a mão, curando-o sem lhe tocar, só com a sua palavra, evidenciando que é Deus que age por meio dele (cf. 16,20).
  • v. 6. Os fariseus decidem aqui pela primeira vez matar Jesus e reúnem-se com influentes funcionários de Herodes para combinar o que hão de fazer para tal, violando assim o quinto mandamento de Deus: “Não matarás”.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • O sábado é para o homem e não vice-versa. Que princípios, hábitos e rotinas devo mudar na minha vida?
  • Os pobres e os excluídos têm lugar privilegiado na nossa comunidade eclesial? Que fazemos para os socorrer e acolher?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração) 

Salmo responsorial                              Sl 81,3-6.8a.10-11b (R.2a)

Refrão:        Exultai em Deus, que é o nosso auxílio. 

Aclamai a Deus, nossa força,
aplaudi ao Deus de Jacob.
Fazei ressoar a trombeta na lua nova
e na lua cheia, dia da nossa festa.     R.

É uma obrigação para Israel,
é um preceito do Deus de Jacob,
lei que Ele impôs a José,
quando saiu da terra do Egito.     R.

Ouço uma língua desconhecida:
«Aliviei os teus ombros do fardo
e soltei as tuas mãos dos cestos;
gritaste na angústia e Eu te libertei.     R.

Não terás contigo um deus alheio,
nem adorarás divindades estranhas.
Eu, o Senhor, sou o teu Deus,
que te fiz sair da terra do Egito».     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, cuja providência não se engana em seus decretos, humildemente Vos suplicamos: afastai de nós todos os males e concedei-nos todos os bens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc