Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (4,26-34)
Naquele tempo, 4,26disse Jesus à multidão: «Assim é o Reino de Deus: como um homem que lançou a semente à terra; 27dorme e levanta-se, de noite e de dia, e a semente germina e cresce, sem ele saber como. 28A terra produz fruto por si mesma: primeiro a erva, depois a espiga, depois o trigo cheio na espiga. 29E, quando o fruto está maduro, envia-se logo a foice, porque chegou a ceifa». 30E dizia: «A que havemos de comparar o Reino de Deus ou com que parábola o havemos de apresentar? 31É como um grão de mostarda que, quando é semeado na terra, é a mais pequena de todas as sementes que há sobre a terra; 32mas, quando é semeado, cresce e torna-se a maior de todas as plantas da horta e estende grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem habitar debaixo da sua sombra». 33E com muitas parábolas deste género falava-lhes a Palavra, conforme eram capazes de entender. 34E nada lhes falava sem ser em parábolas; mas, a sós, tudo explicava aos seus discípulos.
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- Na primeira parte do seu Evangelho (1,14–8,30), S. Marcos apresenta Jesus como o Messias que prega o Reino de Deus. Jesus está na Galileia, nos primeiros tempos do anúncio do Evangelho. Grande multidão o segue, embora já se comece a perfilhar a oposição.
- Para fazer chegar a todos a sua mensagem, Jesus fala em parábolas (he. mashal). A parábola é mais rica, tem mais força de evocação e poder de comunicação do que a exposição teórica, porque é tirada da vida das pessoas e interpela os ouvintes. Ela não oferece soluções, mas questiona, incita à busca, leva as pessoas a pensar por si mesmas, a tirar conclusões pessoais e a integrá-las na própria vida.
- v. 26. Depois de ter falado na parábola do semeador da qualidade da terra (4,1-20) e da importância de irradiar o Evangelho (vv. 21-25), Jesus conta mais duas parábolas relativas ao desenvolvimento da semente, a primeira referente à sua maturação, a segunda ao seu crescimento.
- A primeira parábola, exclusiva de Marcos ( 26-29), é a do grão de trigo que germina e cresce por si mesmo. “A semente é a Palavra de Deus” (Lc 8,11; cf. Mt 13,27), o Evangelho (vv. 14.33; Cl 1,5s; 1Pd 1,23), que primeiro precisa de ser semeado (Tg 5,7) pela pregação (Rm 10,14), para assim ser escutado e suscitar a fé nos que o acolhem, de modo a que neles o Reino de Deus se implante, cresça e frutifique. Na época, cria-se que a semente, lançada à terra, morria, fazendo Deus suscitar nela depois a planta (1Cor 15,36ss), que podia ou não frutificar (Qo 11,6). A semente simboliza a vida nova que brota da ressurreição de Jesus e é chamada a dar muito fruto (2Cor 9,6.8; Gl 6,8; Tg 3,18; Jo 15,5.8). Jesus aplica esta imagem a si mesmo, à sua morte e ressurreição (Jo 12,24). Uma imagem que concentra a atenção, não no passado ou no imediato, mas no futuro que a semente promete e encerra.
- v. 27. “De noite e de dia”: o AT conta os dias de um ao outro pôr-do-sol (1Sm 25,16; Est 4,16). A expressão significa “dia após dia”, sendo usada no NT para descrever a fadiga apostólica (1Ts 2,9; 2Ts 3,8) e a oração contínua (At 20,31; 26,7; 1Ts 3,10; 1Tm 5,5; 2Tm 1,3).
- v. 28. Jesus só refere a intervenção do agricultor no ato de semear e na ceifa, mas não nas demais ações (arar a terra, regar, limpar as ervas, etc.). Sem ignorar a importância do labor humano, Jesus chama aqui a atenção sobretudo para a semente, cujo crescimento depende não tanto do esforço e habilidade humanas, como da força que nela se encerra. Jesus mostra assim que o Reino é uma iniciativa divina que cresce em virtude da sua graça (2Cor 9,10s). Deus é fiel e não dorme (Sl 121,4): é Ele que guia a história e vela pelo crescimento do seu Reino até à plenitude final (cf. 1Cor 3,5-9), agindo ocultamente, sem que nada possa frustrar o seu plano (cf. Is 50,10s; 61,11).
- v. 29. Quando o grão está maduro, “logo se envia (gr. apostéllo) a foice, porque chegou a ceifa”, uma alusão a Jl 4,13 (cf. Ap 14,15) para sublinhar a natureza escatológica do Reino, que se inaugura e cresce aqui na terra, mas só atingirá a sua plenitude na ressurreição final.
- v. 30 (vv. 30-32: Mt 13,31s; Lc 13,18s). Antes de apresentar a parábola do grão de mostarda, Jesus evoca Is 40,18 (“A quem fareis semelhante a Deus ou com o que o comparareis?”) para mostrar que o Reino de Deus é o próprio Deus presente e atuante entre nós.
- v. 31. A seguir Jesus apresenta a parábola do grão de mostarda (brassica nigra), uma planta que todos tinham na horta, para condimentar a comida (v. 32). Jesus põe em contraste a pequenez da semente (Mt 17,20p), considerada no judaísmo como sendo a mais pequena quantidade de comprimento, de capacidade e de peso que se podia medir (± 1mm; 1 ml; 1mg; Toh 8,8; Nid 5,2; jBer 5,1,8d), com o porte que a planta podia atingir.
- v. 32. Apenas semeada, a mostarda cresce rapidamente até atingir 1,2 m (ou mais). Jesus usa-a, porém, numa analogia, no quadro de uma parábola do Reino, em que quanto maior é a semelhança, tanto maior é a diferença. Por isso, Jesus diz que “os seus ramos” se estendem “de tal forma que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra”, uma alusão a Ez 17,23; 31,6 (cf. Dn 4,9.18; Sl 104,12 LXX) para indicar que o Reino se estenderá até aos confins da terra, nele vindo a entrar as “aves do céu”, ou seja, pessoas de todo o mundo (13,10; 16,15), que, através do batismo, renascem do alto (Jo 3,3-8). Embora o Reino pareça débil e insignificante e tenha inícios modestos, tem a força de Deus, que escolhe o que é fraco aos olhos do mundo para confundir os fortes e manifestar todo o poder do seu amor (cf. 1 Cor 1,25-29).
- Na época em que S. Marcos escreve, muitos pretendiam instaurar o Reino de Deus à força, graças aos esforços humanos (Mt 11,12): os zelotas. com as armas, os fariseus através da meticulosa observância da Lei. Outros vieram a opor-se violentamente à sua difusão, como os judeus, os cultos idolátricos e o Império Romano. Jesus mostra que não adianta forçar o tempo, nem tentar impedir os resultados do Reino. Os discípulos não devem inquietar-se, desanimar ou perder a confiança, certos de que o Evangelho tem em si a força para germinar e produzir fruto (1Ts 2,13), apesar da oposição das pessoas. Há que continuar a semear a Palavra, a testemunhar o Evangelho, com paciência e confiança, deixando a Deus o cuidado dos frutos (Jo 4,37s), pois é Ele que conduz a história e faz o Reino acontecer no devido tempo (cf. At 1,7).
- Ao mesmo tempo, Jesus mostra que a evangelização não é uma campanha em que, pouco a pouco, se vai conquistando terreno e estendendo o próprio domínio segundo um plano preestabelecido. Os discípulos devem anunciar a Palavra em determinados centros, deixando que o Reino aí se implante e desenvolva, confiando aos evangelizados a tarefa de se tornarem eles próprios evangelizadores que difundem o Reino à sua volta. E em factos aparentemente irrelevantes, na normalidade do dia-a-dia, na simplicidade dos meios, Deus agirá, fazendo a Palavra entrar e florescer no coração das pessoas.
- v. 33. O texto conclui com um sumário (vv. 33-34: Mt 13,34). Jesus anuncia “a Palavra” (v. 15) através de parábolas (v. 2; 3,23), numa linguagem sugestiva e viva, acessível ao povo, de modo a ela poder chegar a todos, mesmo aos mais simples (cf. Jo 16,12.25.29; 1Cor 3,1).
- v. 34. No entanto, só é possível compreender o Evangelho, perceber a sua riqueza, ler a própria vida e caminhar à sua luz, se Jesus “tudo nos explicar” a nós, “seus discípulos”: a) “a sós” (9,28p; 13,3p; Mt 20,17), através de uma viva e íntima relação pessoal com Ele na oração (9,2p; Mt 14,23; 17,1; At 6,4); b) em Igreja, numa comunidade fraterna que partilha a Palavra, em ordem pô-la em prática na própria vida e a testemunhá-la aos outros por palavras e obras no meio deste mundo.
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Lembra-se de quem semeou na sua vida a Palavra de Deus e qual foi a passagem que o(a) tocou e começou a transformar?
- A sua vida cristã tem crescido? Já sentiu o desejo de semear também a Palavra? Como o tem feito ou acha que o pode fazer?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 92, 2-3.13-16 (R. cf. 2a)
Refrão: É bom louvar-vos, Senhor.
É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade. R.
O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano;
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus. R.
Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
nele, que é o meu refúgio, não há iniquidade. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Senhor, nosso Deus, fortaleza dos que esperam em Vós, atendei propício as nossas súplicas; e, como sem Vós nada pode a fraqueza humana, concedei-nos sempre o auxílio da vossa graça, para que as nossas vontades e ações Vos sejam agradáveis no cumprimento fiel dos vossos mandamentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc