Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (4,35-41) 

4,35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus diz aos seus discípulos: «Atravessemos para a outra margem». 36E deixando a multidão, levam Jesus no barco, assim como estava. E iam outros barcos com ele. 37Levantou-se, então, uma grande tempestade de vento e as ondas arremessavam-se contra o barco, de modo que ele já se começava a encher de água. 38Jesus estava na popa a dormir, com a cabeça sobre a almofada. Eles despertaram-no e dizem-lhe: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» 39E Ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: «Cala-te, aquieta‑te». O vento amainou e houve grande bonança. 40Depois disse-lhes: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?». 41Eles sentiram um grande temor e diziam uns aos outros: «Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?».

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • O texto de hoje descreve uma tempestade no lago de Genesaré, enquanto Jesus dorme no barco. Nas parábolas, Jesus tinha apresentado o mistério do Reino, presente entre os homens; agora manifesta o seu poder sobre o mal e a morte, poder que exerce em favor dos discípulos, do povo e, sobretudo, dos marginalizados e excluídos.
  • v. 35 (vv. 35-41: Mt 8,18.23-27; Lc 8,22-25). Jesus estivera em Cafarnaum (3,20), sentado num barco, sobre o mar, a falar ao povo, que o escutava, de pé, junto à margem, dispondo-se em anfiteatro natural numa das enseadas do lago de Genesaré (v. 1; Lc 5,3). Terminado o discurso das parábolas (4,2-34), Jesus diz aos discípulos para atravessarem “para a outra margem” (6,45; 8,13), a região gentia da Decápole. Os discípulos levam-no no barco, “assim como estava”, na posição magistral e senhorial de estar “sentado no barco” (4,1; cf. Sl 80,2; 99,1; 110,1; Sr 1,8; Dn 3,55), e atravessam o lago em direção ao porto de Gérasa (ou Gergesa: 5,1; cf. Lc 8,26, a atual Kursi, 11 km a SE, na margem este do lago, e não Gadara, a atual Umkeis Ain, numa colina da Jordânia, 65 km a SE de Cafarnaum, a 8 km do lago de Genesaré, cf. Mt 8,28).
  • v. 36. A nota de que “outros barcos” vão “com ele”,o barco de Jesus, evoca o êxodo, quando Israel saiu do Egito acompanhado por outras pessoas que com ele passaram o Mar Vermelho (Ex 12,38; 14,22). parece ser uma alusão às comunidades cristãs que mais tarde nasceram da pregação apostólica e cooperaram na missão dos apóstolos e que, na época em que Marcos escreve, estavam a passar por diversas tribulações (cf. 10,30; 1Ts 2,14; 3,3s; 2Ts 1,4; 2Cor 1,8ss; Hb 10,32ss). Indica também que certas situações, provações e dificuldades pelas quais a Igreja passa, também acontecem a outras pessoas e grupos.
  • v. 37. Levanta-se então uma tormenta, aqui descrita com termos de Jn 1,4-6. O lago de Genesaré não raro é agitado por tempestades repentinas, com ventos fortes e mar agitado, que fazem com que embarcações modestas, de gente pobre, logo metam água. É o que acontece e os discípulos, pescadores experientes, sabem que a situação é grave.
  • v. 38. Estavam no termo de um dia cansativo e Jesus, extenuado, deitara-se na popa do barco, com a cabeça pousada sobre uma almofada, e adormecera, dormindo profundamente (cf. Jn 1,5). A popa é o lugar onde está o leme e se põe o timoneiro para manobrar o barco (Tg 3,4). Mesmo a dormir, é Jesus quem dirige o barco. O seu sono não é apenas sinal de cansaço, mas também de confiança em Deus (cf. Sl 3,6; 4,8; 121,4; 124,2.4ss; Is 43,2; At 12,2). Os discípulos, porém, pensavam humanamente (cf. 8,33) que o Mestre não tinha consciência da realidade, da situação em que se achavam, e despertam-no, dizendo: “Mestre, não Te importas que pereçamos”, nós e os que nos acompanham (cf. Lc 10,40)? “Despertar” (gr. egueirô) é o verbo usado no NT para falar da ressurreição (cf. 5,41; 6,14.16; 9,27; 14,28; 16,6.14).
  • v. 39. Jesus “levanta-se” (gr. diegueírô; 2Pd 1,13; 3,1: “recordar”) e “repreende” o vento, termo que evoca o Êxodo (Sl 106,9). Depois ordena ao mar: “Cala-te, aquieta-te”. E logo vem a bonança (6,51). Isto era algo que só Deus podia fazer (Jn 1,5s): Jesus é Deus e, por isso, domina o mar apenas com a sua palavra (Sl 65,8; 89,10; 107,29; Jb 38,11).
  • v. 40. Depois, à boa maneira dos rabinos, Jesus responde aos discípulos, contrapondo-lhes duas perguntas: “Porque sois tão medrosos”, assustadiços, tímidos, cobardes? (cf. 2Tm 1,7; Jz 7,3; 1Mc 3,56; Sb 9,14; Sr 2,12s; Ap 21,8). E aponta-lhes a causa do medo: “Ainda não tendes fé?” (11,22; Jo 14,1; 1Jo 5,4s). A fé em Jesus liberta não só do medo, mas, sobretudo, da sua raiz: o medo da morte (Hb 2,14s). É este o ensinamento central do episódio: ter sempre fé em Jesus, em todas as situações.
  • v. 41. Os discípulos sentem um “grande temor”, o temor sagrado que o ser humano experimenta perante uma manifestação do divino (5,15; Sl 77,17; Jn 1,10.16). Mas não respondem a Jesus, limitando-se doravante a interrogar-se: “Quem é este” (cf. 6,14s; 8,27ss) que tem um poder que só Deus tem: o de, com uma só palavra, mandar nas forças da natureza, que prontamente lhe “obedecem” (Sir 42,23)?
  • Marcos mostra que apesar de viverem com Jesus, os apóstolos não O conhecem, porque não têm ainda a fé pascal, sendo incapazes de se aperceber da inaudita novidade divino-humana que está com eles e que se lhes revela: Jesus é “o Filho de Deus” (1,1; 15,39), o Emanuel (Mt 1,23), o Verbo encarnado que pôs a sua tenda entre nós (Jo 1,14).
  • Este episódio tem um significado emblemático. Em Marcos, “o barco” é símbolo da Igreja, que navega neste mundo, ao longo da história; o “mar” é símbolo do caos, dum ambiente hostil, adverso, perigoso, agitado pelas forças do mal e da morte, que se levantam e lutam contra Deus e contra a Igreja, ameaçando tudo destruir; a “travessia” simboliza as novas frentes missionárias da Igreja, rumo aos gentios.
  • Na vida das pessoas, das comunidades cristãs e na ação missionária da Igreja levantam-se subitamente tempestades, surgem tribulações e rebentam até graves perseguições que tudo parecem querer arrasar, dando, por vezes, Jesus a impressão de nada fazer, de não ligar ou não se importar com isso. Mas Jesus “não dormita, nem adormece” o Senhor que nos “guarda” (Sl 121,4) e triunfa sobre o mal (1,27), o Senhor a quem “até o vento e o mar obedecem”. Ele está sempre com os seus, como prometeu (Mt 28,20), dirigindo, como Deus, as pessoas, a história e os acontecimentos, e estando sempre atento à sua vida e súplicas. Por isso, perante a oposição, as tribulações e as dificuldades, os cristãos não podem ficar comodamente instalados em suas casas, nem fugir, como Jonas, pensando estar assim seguros e protegidos, ao abrigo das provações, mas devem sair e ir sem medo ao encontro dos outros, para lhes levar a Boa Nova da salvação, obedecendo à Palavra de Jesus, a quem tudo obedece, apoiados nela, certos que, mesmo nas maiores “tempestades” da vida (cf. 2Cor 11,25), nele podem repousar (cf. Sl 61,1; At 12,6), pois Ele nunca os deixará sós, mas tudo dispõe com sabedoria e amor (cf. Sb 3,1-9; 11,20-26; 12,15-18; 2 Cor 1,3-7), fazendo com que tudo concorra para o bem daqueles que o amam (Rm 8,28).

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • O mar da vida e das preocupações já ameaçou afogar-te? Quem ou o que é que te salvou (ou salva)?
  • Qual é para nós, hoje, o mar agitado? Que fazemos nós para manter a nossa fé e anunciar Jesus nessas situações?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                             Sl 107, 23-26.28-31 (R. 1b)

Refrão:        Cantai ao Senhor, porque é eterno o seu amor. 

Os que se fizeram ao mar em seus navios,
a fim de labutar na imensidão das águas,
esses viram os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto mar.      R.

À sua palavra, soprou um vento de tempestade,
que fez encapelar as ondas:
subiam até aos céus, desciam até ao abismo,
lutavam entre a vida e a morte.      R.

Na sua angústia invocaram o Senhor
e Ele salvou-os da aflição.
Transformou o temporal em brisa suave
e as ondas do mar amainaram.      R.

Alegraram-se ao vê-las acalmadas,
e Ele conduziu-os ao porto desejado.
Graças ao Senhor pela sua misericórdia,
pelos seus prodígios em favor dos homens.     R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva 

Senhor, fazei-nos viver a cada instante no temor e no amor do vosso santo nome, porque nunca a vossa providência abandona aqueles que formais solidamente no vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.

Ave-Maria...

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc