Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (5,21-43) 

5,21Tendo Jesus atravessado novamente no barco para a outra margem, reuniu-se uma grande multidão à sua volta. E Ele estava junto ao mar. 22Vem então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao vê-lo, cai a seus pés 23e suplica-lhe muito, dizendo: «A minha filhinha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que seja salva e viva». 24E foi com ele. Seguia-o uma numerosa multidão, que o apertava. 25Ora, uma mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos 26e tinha sofrido muito nas mãos de muitos médicos, tendo gasto tudo o que tinha sem nada melhorar, antes piorava cada vez mais, 27tendo ouvido falar de Jesus, veio por trás, entre a multidão, e tocou no seu manto, 28pois dizia: «Se tocar ao menos nas suas vestes, serei salva». 29E logo se secou a fonte do seu sangue e sentiu no corpo que tinha sido curada do tormento. 30Jesus, apercebendo-se logo em si mesmo que dele saíra um poder, voltando-se para a multidão, dizia: «Quem tocou nas minhas vestes?» 3E diziam-lhe os seus discípulos: «Vês a multidão que te comprime e dizes: ‘”Quem me tocou’”». 32Jesus, porém, olhava em redor, para ver quem fizera isto. 33A mulher, com medo e a tremer, sabendo o que lhe acontecera, veio, prostrou-se diante dele e disse-lhe toda a verdade. 34Ele disse-lhe: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica curada do teu tormento». 35Ainda Ele estava a falar, quando vêm da casa do chefe da sinagoga dizer: «A tua filha morreu. Porque incomodas ainda o Mestre?». 36Mas Jesus, tendo escutado a palavra que tinham dito, diz ao chefe da sinagoga: «Não temas. Crê somente». 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, o irmão de Tiago. 38E chegam à casa do chefe da sinagoga e vê um alvoroço, com gente que chorava e se lamentava muito. 39E entrando, diz-lhes: «Porque estais alvoraçados e chorais? A criança não morreu, mas está a dormir». 40E riam-se dele. Mas Ele, tendo expulsado todos, toma consigo o pai e a mãe da criança e os que estavam com Ele e entra no local onde estava a criança. 41E agarrando a mão da criança, diz-lhe: «Talitha, qûm», que significa: «Menina, Eu te digo: ergue-te». 42A menina levantou-se logo e começou a andar, pois tinha doze anos. E ficaram estupefactos, com grande assombro. 43E mandou-lhes muito que ninguém soubesse disto e disse para lhe darem de comer.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • O texto de hoje apresenta duas ações de Jesus em favor de duas mulheres: 1) a cura de uma hemorroíssa (vv. 25-34); 2) e a ressurreição da filha de Jairo (vv. 21-24.35-43). A intercalação (cf. 1,21-28; 2,1-12; 6,7-30; 11,12-21) da primeira cura na segunda é intencional: a cura da primeira pela fé, sem intervenção deliberada de Jesus, é um estimulo à fé de Jairo. Ambas as narrativas destinam-se a mostrar o poder de Jesus sobre o mal e sobre a morte.
  • v. 21 (vv. 21-43: Mt 9,18-26; Lc 8,40-56). De Gérasa (v. 1: Kursi), Jesus regressa “no barco” a Cafarnaum e o povo acorre. 
  • v. 22. Então Jairo (he. “Ele ilumina”), um dos chefes da sinagoga (do Conselho dos anciãos ou um dos responsáveis pela economia), vem e lança-se aos pés de Jesus (7,25; Jo 11,32; At 10,25). 
  • v. 23, Pede a Jesus que vá impor as mãos sobre a sua “filhinha” que está a morrer (Mt 9,18: “acaba de morrer”; cf. 1Rs 17,17-24; 2Rs 4,8.17-37; At 9,36ss). A imposição das mãos fazia parte dos rituais de cura (cf. 6,5; 16,18; Mt 9,18; 2Rs 5,11; At 19,11; 28,8). 
  • v. 24. Jesus acompanha-o e o povo segue-os, comprimindo-se à sua volta.
  • v. 25. Entra então em cena uma mulher hemorroíssa, que sofria de um fluxo de sangue (hipermenorreia) há doze anos. Era um “tormento” que a tornava impura e tornava impuro quem a tocasse (Lv 15,25ss; Zab 5,1), não podendo ela ter contacto físico com ninguém, nem sequer com o marido. Era, por isso, incapaz de gerar vida.
  • v. 26. Andara de médico em médico, mas, apesar de neles ter gasto tudo (só Marcos o diz), apenas piorou. 
  • v. 27. “Tendo ouvido falar de Jesus” (7,25; Rm 10,14), nasce nela uma nova esperança e logo forja um plano: aproximar-se “por trás” de Jesus e “tocar” (4x: 27s.30s; 1,41) no seu manto enquanto o povo o estiver a apertar (3,9), sem que ninguém se aperceba de nada. 
  • v. 28. A mulher pensa consigo mesma: “Se ao menos tocar nas suas vestes, serei salva” (passivo divino: 6,56; Mt 14,36; At 19,12), ou seja, curada. No AT, as vestes são como que uma emanação da pessoa (Gn 27,27; 1Rs 19,19s; 2Rs 2,13s). 
  • v. 29. Mal o faz, não é Jesus que fica impuro, mas ela que fica curada (“salva”), sem qualquer intervenção deliberada de Jesus. O poder de Jesus vai muito além do que se pode imaginar (cf. Ef 3,20).
  • v. 30. Jesus apercebe-se de que “uma força” (Lc 5,17) saíra dele e pergunta quem lhe tocou. Não é pelo contacto físico, mas pela fé que se toca em Jesus (cf. 1Jo 1,1). 
  • v. 31. Os discípulos desconhecem a sensibilidade espiritual de Jesus, acham-no ingénuo e quase se riem dele (cf. v. 40). 
  • v. 32. Mas Jesus, olhando em redor (3,5), quer saber quem lhe tocou, a fim de provocar a sua confissão de fé (cf. Rm 10,10). 
  • v. 33. A mulher, ao ver-se descoberta, fica cheia de medo, pois sabe que, segundo a Lei, podia ser apedrejada, mas enche-se de coragem e confessa a verdade.
  • v. 34. Jesus diz-lhe: (1) “Filha” (cf. v. 23; 2,5; Mt 9,22). Jesus, o Filho de Deus (1,1; 15,39) é a presença e a revelação do amor, da misericórdia e do poder do Pai, que de todos se compadece, sem excluir ninguém. (2) “a tua fé te salvou” (10,52), ou seja, curou; (3) “vai em paz” (Lc 7,50; 1Sm 1,17; 20,42; 2Sm 15,9; 2Rs 5,19; Jdt 8,35; At 16,36; Tg 2,16), não precisas de fazer os ritos de purificação prescritos na Lei (Lv 15,28-30). Jesus dá uma vida nova à mulher, restaura a sua dignidade e reintegra-a na comunidade. Não é pelas obras da Lei, mas pela fé, que se é salvo (cf. At 15,6).
  • v. 35. Entretanto dizem a Jairo que a filha dele morreu; já não há nada a fazer! 
  • v. 36. Jesus ouve, olha para Jairo e desafia-o a continuar a crer, com fé pura, sem medos, nem hesitações, pois a fé faz acontecer aquilo em que se crê (cf. 11,23; Mt 8,13; 9,29; 15,28). É a mesma atitude que encontramos em Elias (cf. 1Rs 17,17-24) e em Eliseu (cf. 2Rs 4,18-37).
  • v. 37. Jesus só permite aos seus três discípulos mais íntimos que vão com Ele: Pedro, Tiago e João (os mesmos que testemunharão a transfiguração e a agonia de Jesus no horto: 9,2; 14,33). 
  • v. 38. Ao chegar a casa de Jairo e presenciar a algazarra, 
  • v. 39. Jesus convida-os a não se perturbarem (At 20,10) e diz: “A criança não morreu, mas está a dormir”. Na Bíblia, “dormir” é um eufemismo para morrer (Jo 11,11; Sr 48,11; Mt 27,52; At 7,60; 13,36; 1Cor 7,39; 15,6.20.51; 1Ts 4,13ss; 2Pd 3,4). Em Cristo não é a morte, mas a ressurreição, a última palavra (1Cor 15,18). 
  • v. 40. As pessoas riem-se dele (v. 31). É o mesmo riso de Abraão e de Sara, dos que ainda não sabem que para Deus nada é impossível (Gn 17,17; Lc 1,37). Jesus “expulsa a todos” (11,15; At 9,40), para que a falta de fé da multidão não leve Jairo a vacilar na fé, e entra no quarto apenas com os três discípulos e os pais da menina.
  • v. 41. Apesar da morte tornar impuro todo aquele que tocasse no cadáver de um morto (cf. Nm 19,11), Jesus não só toca a menina (cf. Lc 7,14; 2Rs 4,34s), como lhe agarra a mão (1,31p; 9,27) e lhe diz: “Talitha, qum. Menina, ergue-te” (cf. At 9,40). Só Marcos reproduz o aramaico, a língua que Jesus falava. Egeirô (“acordar/erguer”: v. 41; 2,11; 6,16; 14,28; 16,6.14; Lc 7,14; 1Cor 15,4) e anístêmi (“levantar”: v. 42; 8,31; 9,9s.31; 10,34; 16,9) são os dois verbos da ressurreição no NT. 
  • v. 42. E a menina levanta-se. Jesus, não só vence as forças do mal (4,35-5,20), como também a morte, imperando sobre ela como Deus, apenas com o poder da sua palavra (cf. 4,39). Os presentes ficam fora de si, literalmente: “ficaram extasiados com um grande êxtase” (cf. 16,8!; At 3,10).
  • v. 43. Jesus mantém a calma e impõe segredo a todos (também aos discípulos; cf. 9,9; Mt 8,4), pois não quer que a sua real identidade seja conhecida antes da sua morte e ressurreição. E “mandou dar de comer à menina” (cf. 6,37; 14,22). Marcos destaca a grande humanidade, tato e sensibilidade de Jesus em relação aos que sofrem e aos excluídos, dando grande importância ao “toque”, ao contacto físico com eles, mostrando assim que Ele é a proximidade de Deus em relação ao homem que sofre e está morto pelo pecado, proximidade que não segrega, nem ameaça de morte (cf. Ex 19,12s; Nm 17,13; Ez 43,7s), mas é portadora de comunhão e fonte de vida, capaz de gerar nova vida.
  • Duas mulheres são curadas: uma aos doze anos, a outra ao fim de doze anos de exclusão. Doze é uma alusão ao povo de Israel. Um Israel que como toda a humanidade está impuro e morto pelo pecado. Jesus traz a verdadeira purificação e dá uma vida nova, ressuscitada, a todo aquele que a Ele acorre e nele põe a fé.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Procuro no meu dia-a-dia, aproximar-me de Jesus e tocá-lo, para viver unido a Ele? Como?
  • Busco ocasiões para estar a sós com Jesus, para escutar a sua Palavra, falar com Ele e crescer na fé e na vida nova que Ele me deu?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração) 

Salmo responsorial                           Sl 30,2-6.11.12a.13b (R. 2a)

Refrão:        Louvar-vos-ei, Senhor, porque me salvastes. 

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer ao túmulo.      R.

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
                     \ e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
                     \ e ao amanhecer volta a alegria.      R.

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.     R.

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, que pela vossa graça da adoção nos tornastes filhos da luz, não permitais que sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas permaneçamos sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc