Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (6,1-6)

Naquele tempo, 6,1Jesus vai à sua terra e seguem-no os seus discípulos. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga e muitos, ouvindo-o, maravilhavam-se, dizendo: «De onde lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E que prodígios são estes que se fazem pelas suas mãos? 3Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E escandalizavam-se com Ele. 4Jesus dizia-lhes: «Um profeta não é desprezado, a não ser na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». 5E não podia fazer ali nenhum milagre. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos. 6E estava admirado com a falta de fé deles. E percorria as aldeias em redor, a ensinar.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • Na primeira parte do Evangelho (1,14-8,30), Marcos apresenta Jesus como o Messias que prega a Boa Nova, manifestando a misericórdia, sabedoria e poder divinos. Ao mesmo tempo mostra como, à medida que o anúncio do Reino avança, também vai crescendo a oposição e se multiplicam as incompreensões em volta da figura de Jesus, da sua mensagem e da novidade que traz. O episódio de hoje ilustra-o bem.
  • v. 1 (vv. 1-6a: Mt 13,53-58; Lc 4,16-20). Ao fim dalgum tempo de atividade, Jesus, acompanhado dos seus discípulos, vai à sua terra Situada num enclave judaico na Galileia, 22 Km a oeste do lago de Genesaré e a uns 48 km de Cafarnaum (pelo Wadi Hamam), Nazaré (“rebento”: cf. Is 11,1) era um lugar completamente desconhecido, nunca tendo aparecido até então o seu nome, nem no AT, nem em nenhum documento civil ou religioso de então (inclusive nas listas de impostos dos romanos e nas do Templo). Foi neste lugarejo, aparentemente à margem dos caminhos de Deus e da história (cf. Jo 1,46), que a família de Jesus se fixou e Ele, nascido em Belém (Mt 2,1; Lc 2,4-7), foi criado (Mt 2,23; 4,12s). Num meio tão pequeno, todos estavam a par e comentavam o que Jesus fazia e ensinava (cf. 3,21) desde que se mudara para Cafarnaum (Mt 4,13).
  • v. 2. Quando chega o sábado, Jesus, como é seu hábito (Lc 4,16), vai de manhã à sinagoga, para participar no culto e para aí, fazendo uso do direito que todo o israelita adulto tem de ler e comentar as Escrituras, “ensinar” (v. 6; 1,21; 2,13). Jesus fala de tal modo, que os seus conterrâneos “se maravilham” (1,22; 7,37; 10,26; 11,18), mas por pouco tempo, pois logo de seguida se escandalizam com tamanha ousadia, acabando por improvisar ali uma espécie de processo contra Ele (gr. oûtós, lit. “este”, 3x, vv. 2-3), incidindo sobre três questões.
  • A primeira questão, a decisiva, tem a ver com o fundamento da sua autoridade, a origem da sua missão: «Donde lhe vem tudo isto?». A segunda, diz respeito ao seu ensino: «Que sabedoria é esta que lhe foi dada»? (cf. Dn 5,14; Tg 3,17). A terceira, detém-se na sua obra, nos “sinais” que se operam “através das suas mãos” (cf. Lc 10,13; At 19,11), creditando-o como enviado de Deus (cf. 8,11; Jo 10,37s).
  • v. 3. A seguir, aduzem o contraditório, pondo a ridículo o currículo de Jesus: “Não é este o carpinteiro?” O carpinteiro (gr. téktôn: “operário”) era um artesão que trabalhava a madeira, o metal e a pedra. Rabbi, não é Jesus certamente porque nunca estudou a Escritura com nenhum mestre conhecido (Jo 7,15), não tendo por isso habilitações para ensinar. Profeta também não é, porque não fez ali nenhum sinal para mostrar que é um enviado de Deus. E ufanam-se de o conhecer perfeitamente, pois até sabem nomes dos seus “irmãos” e “irmãs” (cf. 3,31s; Mt 12,46; Jo 2,12; 7,10; At 1,14; 1Co 9,5): “Tiago” (At 12,17; Tg 1,1; 1Co 15,7; Gl 1,19; 2,9.12); “José” (Mc 15,40p); “Judas” (Jud 1) e “Simão” (Mt 13,55). O termo “irmão” (“irmã”) entre os semitas é muito vasto: significa irmão carnal, mas inclui também os membros da mesma família ou tribo (Gn 13,8; 24,27), podendo mesmo significar “conterrâneo” (Gn 19,7; 29,4). Os parentes de Jesus, apesar de serem da descendência de David, eram pessoas pobres e humildes, sem nada de extraordinário, que viviam honestamente do trabalho das suas próprias mãos (cf. Eusébio, Hist. eccl. 3,19-20,6). Não se trata, pois, de irmãos carnais de Jesus, que os não tinha, como os próprios conterrâneos de Jesus afirmam, designando-o “o filho de Maria”, com artigo definido, no singular.
  • Do desprezo passam ao insulto: em vez de chamarem Jesus como era habitual, primeiro pelo seu nome próprio e depois pelo nome do pai (“Jesus, filho de José”: Jo 1,45; 6,42), chamam-no “o filho de Maria”, ou seja, uma espécie de “filho da mãe”, tresloucado (3,21.30), presunçoso e ambicioso de fama e de glória, que só sabia falar e andava a enganar o povo (cf. Jo 7,47ss). E escandalizam-se dele.
  • v. 4. Jesus responde-lhes, citando um provérbio (cf. Jo 4,44), com o qual se assume como profeta (v. 15; 8,28; cf. Lc 13,33), enviado por Deus: “Um profeta não é desprezado, a não ser na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa”.
  • v. 5. Eles, porém, rejeitam-no e persistem na sua incredulidade (Jo 7,3.5), de modo que Jesus não pôde fazer ali nenhum milagre, limitando-se a curar alguns enfermos, impondo-lhes as mãos (cf. 5,23; 16,18; Mt 9,18; At 19,11; 28,8). A diferença entre o milagre e a cura é que o milagre é instantâneo e irreversível, nascido de uma fé sem hesitação (11,23; Mt 8,13; 9,29; 15,28), ao passo que a cura é progressiva, destinando-se a fazer crescer a fé do beneficiário até ao seu total restabelecimento; mas se ele não acreditar, a cura pode retroceder e o doente pode voltar ao estado anterior ou até piorar (cf. Jo 5,14).
  • v. 6. Só Marcos, entre os evangelistas, nota a surpresa de Jesus perante a falta de fé dos seus conterrâneos. “Santos de casa não fazem milagres”: uma experiência que tantos apóstolos, profetas, missionários, pastores, catequistas, até pais, fazem no exercício da sua missão. Falta de fé em Jesus que também pode vir a ser o caso dos discípulos, mesmo dos mais fervorosos, com o passar dos anos, o embate das dificuldades, as provas da vida, a falta de perdão, uma vida de pecado ou o esquecimento da própria história de fé.
  • Apesar do embate com os seus conterrâneos, Jesus continua a “ensinar” (vv. 2.34; 4,1s; 10,1) a Boa nova do Reino “nas aldeias em redor” (cf. Mt 9,35; Lc 9,6). Deus tem a sua hora para cada um e mais tarde, após a ressurreição de Jesus, ainda antes do Pentecostes, a família de Jesus acabará por acreditar nele e integrar a comunidade cristã (cf. 1Cor 15, 7; At 1,14; Gl 1,19; Eusébio, eccl. 2,1,2-5; 3,11; 3,20,6).
  • Tal como Jesus, o cristão, membro do Corpo de Cristo, não pode deixar de transmitir e testemunhar o Evangelho em casa, na família e a todos ao seu redor, apesar do insucesso, das dificuldades e da oposição dos outros com que possa vir a deparar. Mas deve continuar a testemunhar o Evangelho, sem desanimar, confiando a Deus a hora e o despontar dos frutos do seu trabalho (cf. Jo 4,37s; 1Cor 3,1-15).

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Quem são os profetas de hoje? Escuto-os ou não?
  • A minha adesão a Jesus e à sua Palavra transforma-se em fé, confiança, serviço, anúncio e testemunho sempre renovados ou degenerou numa rotina acomodada, num racionalismo estéril, em crítica áspera, num azedume corrosivo, num moralismo asfixiante, numa burocracia cinzenta ou num desânimo paralisante?
  • Sinto-me, como Jesus, profeta a quem Deus chamou e envia ao mundo para testemunhar a salvação a todos as pessoas, a começar por aquelas que estão ao meu redor?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                            Sl 123,1-4 (R. 2cd)

Refrão:        Os nossos olhos estão postos no Senhor,
até que Se compadeça de nós.

Levanto os meus olhos para Vós,
para Vós que habitais no Céu,
como os olhos do servo
se fixam nas mãos do seu senhor.     R.

Como os olhos da serva
se fixam nas mãos da sua senhora,
assim os nossos olhos se voltam para o Senhor nosso Deus,
até que tenha piedade de nós.     R.

Piedade, Senhor, tende piedade de nós,
porque estamos saturados de desprezo.
A nossa alma está saturada do sarcasmo dos arrogantes
e do desprezo dos soberbos.     R. 

Pai-nosso…

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria...

 Bênção final. Despedida.

 5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc