Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (6,7-13)

Naquele tempo, 6,7Jesus chama a si os Doze e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes autoridade sobre os espíritos impuros 8e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser só um bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro na cintura; 9mas que fossem calçados com sandálias e que não vestissem duas túnicas. 10E disse-lhes: «Quando entrardes numa casa, permanecei nela até partirdes de lá. 11E se nalgum lugar não vos receberem, nem vos escutarem, ao sairdes de lá, sacudi o pó debaixo dos vossos pés como testemunho para eles». 12E partindo, pregavam para que se convertessem; 13expulsavam muitos demónios, ungiam com azeite muitos enfermos e curavam-nos.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • Na primeira parte do seu Evangelho, Marcos apresenta Jesus como o Messias que proclama a Boa Nova, manifestando o amor e o poder divinos (1,14-8,30). Ao mesmo tempo, mostra como, à medida que o anúncio do Reino progride, se vai formando um grupo de discípulos, dentre os quais Jesus escolhe Doze para estarem com Ele (3,14), de modo a formá-los na “escola do Reino” (Mt 11,29), preparando-os para cooperar na sua obra e continuar a sua missão. O texto de hoje é um resumo, válido para todos os cristãos, das instruções que Jesus lhes deu e do modo como eles as puseram em prática.
  • v. 7 (vv. 7-13: Mt 10,1.7-11.14; Lc 9,1-6). Jesus toma a iniciativa de chamar a si os Doze que escolhera (3,13). São “doze”, número que simboliza as doze tribos de Israel de que se compunha o Povo de Deus (Gn 25,16; Ex 28,21; 1Rs 18,31; Ap 21,12). Os Doze representam o novo Povo de Deus, “o Israel de Deus” (Gl 6,16) que se reúne à volta de Jesus e por Ele é enviado em missão. Neles é toda a Igreja e cada cristão que é chamado por Jesus e por Ele enviado a difundir o Reino de Deus. A vida cristã é dom e serviço, vocação e missão.
  • Jesus chama os Doze para os “enviar” (gr. apostellô: 3,14) como missionários itinerantes; daí o seu nome de “apóstolos”, isto é, “enviados” (Lc 6,13). Envia-os “dois a dois” (11,1; Lc 10,1), para garantir a veracidade do seu testemunho, segundo a Lei (cf. Dt 19,15; Dn 13,51; Jo 8,17) e assegurar a Sua presença no meio deles (Mt 18,20). Ao mesmo tempo, o serem dois permite que façam companhia um ao outro, se apoiem, completem e ajudem mutuamente. Mas também para que sejam um sinal da vida nova que Jesus dá, geradora de comunhão e amor fraternos (cf. Jo 17,23; Ef 4,3). A evangelização tem sempre uma dimensão comunitária: é feita em Igreja e em nome da Igreja, transmitindo uma Palavra que não é sua, mas que lhe foi confiada pelo Senhor.
  • Sendo a missão dos apóstolos profética (cf. v. 4; Mt 5,12; 10,41), a sua Palavra é acompanhada por “sinais” que atuam a salvação e os acreditam como enviados de Jesus (cf. 16,17.20; Rm 15,18; 2Cor 12,12; Hb 2,3s). Para tal, Jesus fá-los participar da sua própria potestade (gr. exousía: 3,15; 1,22.27; 2,10; 11,28-30.33), a “autoridade” e poder que o Pai lhe deu como seu enviado pessoal. Esta autoridade não se estende apenas aos “espíritos impuros” (1,23.26s; 3,11.30; 5,2.8.13; 7,25; 9,25), associados no AT ao culto dos mortos, ou seja, à idolatria (5,2.8; cf. Zc 13,1s), mas também a todo o tipo de enfermidades que então se julgava serem causadas por eles. A autoridade de Jesus incide sobre todo mal que é consequência do pecado, submetendo o homem ao jugo de Satanás. A ação libertadora de Jesus, pela qual irrompe a salvação, deverá chegar a todos os homens através dos seus discípulos, que pelas obras, mostram que Jesus é o Messias, o Filho do homem, a quem o Pai conferiu todo o poder (Dn 7,14).
  • v. 8. A seguir Jesus dá instruções sobre a missão dos apóstolos. Primeiro, as relativas à sua partida: eles não devem levar “pão”, ou seja, comida; nem “alforge” onde se punham os mantimentos (cf. Jt 10,5; 13,10.15); nem “dinheiro”, literalmente “moedas de cobre” (gr. kalkós), as moedas mais pequenas; “na cintura”, na faixa que cingia a túnica e onde os judeus costumavam levar uma pequena quantidade de moedas, pois, quando levavam mais, usavam uma bolsa (cf. Jo 12,6; 13,29; Lc 10,4; 22,35s). Os apóstolos devem mostrar-se livres e disponíveis para a missão, totalmente despojados dos bens materiais e de seguranças humanas. Isso será um sinal de credibilidade que lhes permitirá testemunhar pessoalmente e aos outros a solicitude, providência e amor do Pai (cf. Ne 9,20ss; Dt 8,3s; 29,4; Mt 6,25-33p).
  • Em Marcos, ao invés de Mateus e Lucas, Jesus diz aos apóstolos para levarem “um bastão”. O bastão ajudava a caminhar (Gn 32,11; Zc 8,4), indicando que a missão dos apóstolos se deverá estender ao longe (16,15.20). Evoca Moisés (Ex 4,17.20; 14,16; 17,9) e o Messias (cf. Is 11,1; Sl 2,9; 110,2), mostrando que os apóstolos vão revestidos do poder do alto para levar aos homens a salvação e os apascentar, conduzindo-os ao Reino de Deus (cf. Sl 22,4; Mq 7,14; Zc 11,7).
  • v. 9. É só em Marcos também, que Jesus manda aos apóstolos que vão “calçados com sandálias” (cf. At 12,8). Na época, os mensageiros calçavam sandálias porque os ajudavam a andar mais depressa e lhes permitiam chegar a toda a parte, percorrendo os caminhos mais inóspitos (cf. Ex 3,5; Dt 29,5). Marcos sublinha assim a urgência sua missão, mostrando que os apóstolos são os mensageiros de Jesus, enviados a toda a parte, ao longe e ao largo, a anunciar a Boa nova da paz (cf. Ef 6,15).
  • Finalmente, eles não devem vestir “duas túnicas”, a fim de se proteger do frio (cf. 2Cor 11,27).
  • v. 10. Em seguida, vêm as instruções relativas ao acolhimento dado aos apóstolos (vv. 10-11). Quando forem acolhidos nalguma casa, aí devem permanecer algum tempo (para formar a comunidade), não andando de um lugar para o outro, ao sabor das amizades, em busca de dinheiro, de vantagens ou de interesses, próprios ou alheios.
  • v. 11. Se não forrem recebidos nalgum lugar, devem “sacudir o pó debaixo dos pés” ao abandonar esse lugar (At 13,51). Os judeus consideravam impura a terra dos gentios. De modo que quando regressavam de território gentio, antes de entrar na sua terra, faziam esse gesto, simbolizando a sua renúncia à impureza. Aqui, o gesto é feito “como testemunho para” os que não os receberam ou não escutaram a Palavra, para lhes indicar que, ao rejeitá-los, continuam no pecado.
  • v. 12. Por último, Marcos anota a realização da missão pelos apóstolos (vv. 12-13). Obedecendo a Jesus, e como Ele, pregam o núcleo central da mensagem evangélica, o querigma, aqui resumido no apelo à conversão (gr. metanoia: 1,15; At 17,30; 20,21; 26,20), ou seja, a voltar-se para Deus e aceitá-lo como Senhor, centro e meta de toda a sua vida e ser, numa mudança radical da sua mentalidade, atitudes e comportamento, para fazer a vontade de Deus segundo o Evangelho.
  • v. 13. Jesus, porém, continua a ser o agente principal da missão, pois é Ele que através dos seus discípulos, leva a cabo a sua obra, confirmando a Palavra deles com os mesmos sinais que Deus, por Seu intermédio, operou. Estes são aqui resumidos na expulsão dos demónios e na cura dos enfermos. Estas são o sinal e a antecipação da vitória de Jesus sobre Satanás, o pecado e a morte.
  • Para curar os enfermos, os apóstolos ungem os doentes com azeite, prática que doravante será continuada pela Igreja (cf. Tg 5,14). O azeite usava-se para tratar as feridas (cf. Is 1,6; Lc 10,34) e, misturado com essências, para perfumar (cf. Sl 45,7; Mq 6,5; Lc 7,46). Os discípulos prolongam e continuam a obra de Jesus, expulsando demónios e curando os enfermos (16,17s). “Curar” não é apenas fazer que recuperem a saúde, mas tratar também das suas feridas, para que, convertendo-se, possam receber a vida nova e exalar o bom odor de Cristo (cf. 2Cor 2,15), percorrendo com os irmãos o caminho da salvação.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • Sinto necessidade de ser libertado do mal e curado do pecado?
  • Estou consciente que Jesus também me chama e envia em missão?
  • Que missão profética me confia Jesus? Como procuro levá-la a cabo? 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração) 

Salmo responsorial                                                Sl 85,9-14 (R. 8)

Refrão:        Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor
e dai-nos a vossa salvação.

Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra.      R.

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu.      R.

O Senhor dará ainda o que é bom,
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor nosso Deus, que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade para poderem voltar ao bom caminho, concedei a quantos se declaram cristãos que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome, sigam fielmente as exigências da sua fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc