Vigésimo Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. João (6,51-58)

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 6,51“Eu sou o pão vivo que desceu do Céu: se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que Eu darei é a minha carne pela vida do mundo”. 52Discutiam, então, os judeus entre si, dizendo: “Como pode este dar-nos a sua carne a comer?” 53Então, disse-lhes Jesus: “Amen, amen vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. 55Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele. 57Assim como o Pai, que vive, me enviou e Eu vivo pelo Pai, também quem me come viverá por mim. 58Este é o pão que desceu do Céu; não é como o que comeram os pais e morreram; quem comer este Pão viverá para sempre”.

      Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • O texto de hoje retoma a conclusão do discurso anterior (v. 51) e apresenta o quinto diálogo (vv. 52-59) do ensinamento de Jesus sobre o Pão da vida. Partindo da experiência humana da fome e do “sinal” da multiplicação dos pães (vv. 1-15), Jesus aprofunda o significado da Eucaristia, contrapondo-a à Páscoa judaica (v. 4) e ao maná que Israel comeu no deserto até entrar na Terra prometida (Ex 16,14; Js 5,12).
  • Neste diálogo, que decorre na sinagoga de Cafarnaum (v. 59), Jesus responde aos judeus, recorrendo, como é típico no Quarto Evangelho, à figura literária do mal-entendido: 1) uma afirmação de Jesus 2) é interpretada à letra, de forma terrena, pelos interlocutores, provocando um mal-entendido, 3) que Jesus esclarece, dando-lhe um sentido mais profundo, espiritual.
  • v. 51. O texto é introduzido pela fórmula teofânica “Eu sou”, que Jesus repete pela quarta vez (vv. 35.41.48), aplicando a si o Nome que Deus revelou a Moisés (Ex 3,6.14; Is 41,4; 43,10.25). Ao Nome divino Jesus junta uma especificação que revela a sua obra e missão enquanto Verbo encarnado (1,14): “o Pão vivo”. Jesus é: a) “o Pão” (com artigo). “Pão” é sinónimo de “alimento” e símbolo de tudo o que o homem precisa para viver. b) “O vivo” (com artigo: v. 57; 4,11), designação usada aqui em sentido absoluto, na sua dupla dimensão, divina e humana. Jesus é “o vivo” porque: a) é Deus, que vive eternamente (v. 57; 4,14; Sr 18,1; Tb 13,2; 2Mac 7,33; 15,4); b) é “o Filho do Homem que “desceu do céu” (v. 58; 3,13) e que, pela sua morte e ressurreição, é “o Vivente” (Ap 1,18) que vive (14,16) e que dá a vida eterna aos que nele creem (cf. v. 33.58), alimentando-os com o Pão que Ele é: “Se alguém comer deste Pão viverá para sempre”.
  • “E o Pão que Eu darei é a minha carne pela vida do mundo”. Jesus revela o que é a Eucaristia. “O pão” que Jesus “dará” aos seus discípulos é o “memorial” da sua Páscoa (Lc 22,19; 1Cor 11,24s), em que Ele lhes dá a comer “a sua carne”, isto é, Ele mesmo na dádiva que fez de si mesmo, do seu Corpo, como verdadeiro Cordeiro pascal (1Cor 5,7), imolado de uma vez para sempre na cruz (Rm 6,10; 1Pd 3,18; Hb 7,27; 9,12.26ss; 10,10). “Carne” dada “pela (gr. hyper, “em favor da”) vida do mundo”, ou seja, como vítima sacrificial (cf. Is 53,4-12; Mc 14,24; 1Cor 15,3; 2Cor 5,21) oferecida a Deus em favor de toda a humanidade (o mundo), para a “redimir” do pecado e da morte pelo seu Sangue (1Cor 1,13; Gl 2,20; 1Jo 3,16), oferecido em resgate (Mq 6,7; Is 43,3s; Ez 40,39), e, deste modo, a reconciliar com Deus, dando-lhe mediante a sua ressurreição, não só “a vida” que o homem tinha perdido pelo pecado, mas também “a vida” que ele por si mesmo não podia alcançar: a vida de Deus, a vida eterna (vv. 10,11.15; 11,52). Jesus é a árvore da vida que reconduz o homem ao paraíso da comunhão com Deus que este perdera e lhe dá o “fruto” (da sua morte na cruz: 12,24) que o fará viver para sempre (Gn 3,22ss).
  • v. 52. Os judeus entendem as palavras de Jesus no sentido real que Ele lhes deu, mas à letra, de forma física, terrena, e, por isso, não compreendem o que Ele diz, discutindo como seria isso possível.
  • v. 53. Jesus responde, declarando-lhes de forma assertiva, como promessa verdadeira e irrevogável – “Amen, amen” (fórmula típica de Jo: 24+1v), em verdade, em verdade “vos digo” –, que só quem comunga o seu Corpo e bebe o seu Sangue “tem a vida em si”, porque é só assim que se pode ter realmente Cristo vivo em si, o qual, como Deus, tem a vida em si mesmo (5,26; Dt 30,20) e é a própria vida (11,25; 14,6).
  • v. 54. “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue”. Jesus repete o que acaba de dizer, mas agora de forma positiva. “Carne e sangue” designam no AT o homem todo, enquanto criatura fraca e mortal (1,13; 1Cor 15,50; Gl 1,16). É a comunhão na “carne” que faz os homens “irmãos” (2Sm 19,13; Gn 27,27) e a comunhão no “sangue” que estabelece entre eles relações de familiaridade (Hb 2,14s). Sabendo que “a vida da carne está no sangue”, o sangue servia para fazer a expiação pelo pecado (Lv 17,11.14; 16,27; Gn 9,4), não sendo por isso permitido comer a carne com o sangue (Dt 12,23) e, quando se oferecia um sacrifício, a carne e o sangue eram oferecidos sobre o altar separadamente: o sangue era oferecido a Deus, “derramando-o” sobre o altar (Lv 17,11; 16,27; Gn 9,4), ao passo que a carne era queimada (assada) e comida pelos oferentes (Dt 12,24.27). Ao mencionar a carne e o sangue separadamente, Jesus sublinha a realidade da sua morte na cruz (a carne e o sangue separaram-se na sua morte: 19,34), bem como o sentido desta como sacrifício expiatório, em que o seu sangue “derramado” (Mt 26,28; Mc 14,24; Lc 22,20) é oferecido por Ele a Deus como propiciação, expiando os pecados da humanidade (cf. Rm 3,25; Hb 2,17; 1Jo 2,2; 4,10).
  • “Comer a carne” de Jesus significa comungar o Seu Corpo, de modo a formar um só Corpo com Ele e com os irmãos. “Beber o seu sangue” não é um sacrilégio, como se afirmava no AT (Lv 3,17; 7,26s; 17,10; At 15,20; 21,25), mas é ser irrigado por dentro, a partir do Coração de Cristo, para viver animado pela sua mesma vida, a sua caridade, que é a vida do próprio Deus. Quem os comunga “tem a vida eterna”, ou seja, a vida do próprio Deus, na sua comunhão trinitária (3,36; 17,3). “E Eu ressuscitá-lo-ei no último dia” (4x, aqui: 39.40.44). A Eucaristia é fármaco de imortalidade, penhor da ressurreição futura.
  • v. 55. Jesus fundamenta esta sua última afirmação. O seu Corpo e o seu Sangue são “verdadeira comida” e “verdadeira bebida”. O adjetivo verdadeiro (gr. alêthês: 3,33) indica que Jesus não está a falar de forma simbólica, mas real. Só o Corpo e o Sangue de Cristo dão a verdadeira vida que neles está, a vida divina, que alimenta e dessedenta para sempre todo aquele que n’Ele crê (cf. vv. 35.51). Eles são dados como verdadeira comida e bebida, sob a forma de pão e de vinho, na Eucaristia, para que também o corpo do homem possa participar da vida divina que eles encerram e assim também ele possa recuperar a vida que tinha perdido pelo pecado, tomando parte na ressurreição.
  • v. 56. A terceira afirmação de Jesus sobre a Eucaristia é que “quem come a minha carne e bebe o meu sangue”, ou seja, deles participa regularmente (“comer” e “beber” estão no presente), “permanece em mim e Eu nele”, vive em Jesus e estreita a sua união com Ele, de modo que Jesus permanece nele e a Sua vida em comunhão com o Pai nele cresce, de modo a animá-lo e a manifestar-se nele.
  • v. 57. Ao invés do alimento e da bebida naturais que o homem toma, são assimilados pelo seu corpo, ao comungar o Corpo e o Sangue de Cristo, não são eles que são transformarmos por aquele que comunga, mas é este que é transformado em Cristo que neles recebe, recebendo em Cristo também o Pai e assim vive neles e a partir deles, formando com os irmãos um só Corpo e um só Espírito.
  • v. 58. Jesus é “o pão que desceu do céu” (vv. 41.51). É a sétima e última vez que a expressão “descer do céu” aparece neste discurso. Enquanto os “pais” comeram o maná no deserto e “morreram” (v. 49) por causa da sua incredulidade (cf. Nm 14,29s.32) ou por ter chegado o termo da sua vida (cf. Jz 2,8ss), “quem comer este Pão”, comunga Jesus e “viverá para sempre”, porque já vive em Deus, participando da sua vida, a vida eterna, de uma forma que jamais acabará, mas apenas se transformará.

Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

      a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática? 

  • Participo regularmente na Eucaristia? Que importância tem ela na minha vida?
  • Pela Eucaristia vivemos em Jesus e Jesus vive em nós. Como é que ela influencia a minha vida, as minhas atitudes e comportamentos?

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                                            Sl 34, 2-3.10-15 (R. 9a)

Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.      R.

Temei o Senhor, vós os seus fiéis,
porque nada falta aos que o temem.
Os poderosos empobrecem e passam fome,
aos que procuram o Senhor não faltará riqueza alguma.      R.

Vinde, filhos, escutai-me,
vou ensinar-vos o temor do Senhor.
Qual é o homem que ama a vida,
que deseja longos dias de felicidade?      R.

Guarda do mal a tua língua
e da mentira os teus lábios.
Evita o mal e faz o bem,
procura a paz e segue os seus passos.      R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Senhor, nosso Deus, que preparastes bens invisíveis para aqueles que Vos amam, infundi em nós o vosso amor, para que, amando-Vos em tudo e acima de tudo, alcancemos as vossas promessas, que excedem todo o desejo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc