Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que, no mesmo Espírito, apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Traz alguma verdade eterna, convite/promessa de Deus?)
Leitura do Evangelho segundo S. João (6,60-71)
6,60Ao ouvirem Jesus, muitos dos seus discípulos disseram: «Dura é esta palavra. Quem pode ouvi-la?» 61Sabendo em si mesmo que os seus discípulos murmuravam por causa disto, Jesus disse-lhes: «Isto escandaliza-vos? 62E se virdes o Filho do homem subir para onde estava antes? 63O Espírito é o que vivifica, a carne não serve para nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e são vida. 64Mas há alguns entre vós que não acreditam». Jesus bem sabia, desde o princípio, quem eram os que não acreditavam e quem era o que o havia de entregar. 65E dizia: «Por isso é que vos disse: ‘Ninguém pode vir a Mim se não lhe for dado pelo Pai’». 66Desde então, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele. 67Disse então Jesus aos Doze: «Também vós quereis ir embora?». 68Respondeu-lhe Simão Pedro: «Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. 69E nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus». 70Respondeu-lhes Jesus: «Não fui Eu que vos escolhi, aos Doze? E um de vós é um diabo». 71Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes; este, de facto, estava para o trair, um dos Doze.
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- O texto de hoje é a conclusão do discurso de Jesus sobre o Pão da vida. Inclui os dois últimos diálogos: o sexto, com os discípulos (vv. 60-66), e o sétimo, com os Doze (vv. 67-69). Até aqui, Jesus tinha falado na sinagoga de Cafarnaum; agora, João não se diz onde Jesus se encontra.
- v. 60. Os discípulos percebem que Jesus os pôs perante uma opção fundamental: ou continuar a viver segundo a sua própria lógica, carnal, terrena, humana, ou entrar na Páscoa de Cristo, “passando” com Ele para o Espírito do Pai. Presos aos seus esquemas mentais, «muitos dos seus discípulos» (Lc 6,17) endurecem o seu coração (Is 48,4; Dt 31,27) e recusam-se a aceitar a palavra de Jesus (8,43), que consideram «dura» (v. 52). «Quem pode escutá-la?»: a palavra de Jesus só pode ser escutada, isto é, compreendida e posta em prática (com amor: Dt 6,4-9) por quem está disposto a ter “um coração novo e um espírito novo” (Ez 36,25ss), renascendo da água e do Espírito Santo (cf. v. 63; 3,3).
- v. 61. Jesus “sabe” (v. 64; 1,48; 4,19.29; 13,1.3; 18,4), pelo dom do conhecimento (1Cor 12,8; 14,24) que tem, não por revelação profética (Ex 32,7s; 2Rs 2,3ss; 5,25; 6,12), mas «em si mesmo»,enquanto Deus (v. 64; 7,24; Js 22,22; 1Sm 16,7) que “sabe tudo” (21,17), que os seus discípulos estão a murmurar contra Ele por causa das suas palavras (tal como tinham feito os judeus: v. 41) e pergunta-lhes se isso os escandaliza (cf. Mt 11,6).
- v. 62. Na sua réplica, Jesus vai mais longe, contrapondo à “questão menor” que os escandaliza, a “verdade muito maior” de que o seu caminho, a sua Páscoa, não tem um desfecho meramente terreno, mas só termina na sua exaltação junto do Pai (1,51). Ao invés de Moisés, que “subiu” e “desceu” o monte Sinai para receber a Lei e a transmitir ao povo (Ex 19,3.20.24; 24,18; 32,7), o qual a interpretou de forma literal, sem que tivesse força para a pôr em prática, Jesus “desceu” do céu (vv. 33.38.41s.50s.58), de junto do Pai, fez-se “Filho do homem” (vv. 27.53; 1,51s; 3,13s; 8,28; 9,35; 12,23.34; 13,31; Dn 7,13) para “passar” deste mundo para o Pai (13,1), “subindo” (3,13; 20,17), na humanidade que assumiu (1,14), através da sua paixão, morte na cruz e ressurreição, à glória que possuía junto do Pai (17,5.24). Esta verdade muito maior, para a qual Jesus chama agora a atenção, é a que a vai ser anunciada na segunda parte do Evangelho. A Eucaristia é memorial da ressurreição de Jesus e da sua exaltação junto do Pai.
- v. 63. É daí, de junto do Pai, que Jesus glorificado (7,39; 20,22) enviará o Espírito Santo aos que nele creem, «o Espírito que dá a vida» (cf. 4,14; Ez 37,9.14; 1Cor 15,45; Gl 6,8; 1Pd 3,18; 2 Cor 3,6). Esta é a Páscoa de Jesus, que dá a vida eterna. Para dela participar, não basta «a carne», a vontade do homem ou a pertença ao povo escolhido (o único que podia comer a Páscoa judaica: 18,28; Ex 12,43ss): é preciso passar da “carne” para o “Espírito”, renascendo do alto (3,3-8), graças à fé (1,12s). Ora, a fé nasce da escuta da Palavra de Deus (Rm 10,17; Gl 3,2.5) e só o Espírito mostra o sentido e dá a conhecer a verdade plena das palavras de Jesus (14,26; 16,13), as quais, por isso, – ao invés da Lei transmitida por Moisés no Sinai, que não deu a vida aos que a receberam, porque nenhum deles entrou na Terra prometida, exceto dois (Nm 14,30; 32,12; Dt 1,36ss) – «são Espírito e vida», porque comunicam, pelo Espírito, a vida divina aos que creem em Jesus, dando-lhes a força para as pôr em prática, tornando-se, assim, vida (3,34; Ez 36,27; cf. Jr 31,33).
- v. 64. A resposta à palavra de Jesus é a fé. Aqueles que pensam segundo a lógica humana, na realidade não é em Jesus que acreditam, mas em si mesmos, nem é a Ele que procuram, mas antes a própria glória ou satisfação pessoal: a sua adesão a Jesus é meramente exterior e superficial. Jesus sabe-o (2,24s; Ap 2,23;cf. Hb 4,13) «desde o princípio» (1,1), porque foi, enquanto Deus, que Ele, ainda antes da criação do mundo, escolheu os seus (15,16.19). Ele sabe quem é que acredita nele ou não (v. 36; 5,38; 8,45; 10,26) e sabe até que um dos Doze, Judas Iscariotes (v. 71; 12,4; 13,11.26; 18,4), o vai trair e entregar nas mãos dos chefes do seu povo (13,26; 18,2.5; 21,20). Mas aguarda com serenidade a decisão dos discípulos, sem forçar ninguém, esperando que respondam, com total liberdade, ou seja, na fé.
- v. 65: v. 44. A vida eterna que Jesus dá é dom de Deus, oferecido a todos (3,16s), mas só “pode” (gr. dynamai: 3,3ss) recebê-la quem, aceitando o convite do Pai (v. 37; 3,27), vier a Jesus, acreditando na sua Palavra (1,12s; 3,18), para assim renascer do alto. Quem não crê (Nm 14,11) não escuta o Pai, não recebe Jesus (1,11) e permanece na morte.
- v. 66. É o que acontece com muitos discípulos de Jesus, que tinham murmurado contra Ele, porque não acreditavam, acabando por «voltar para trás», como Israel que murmurou contra Moisés e quis voltar para trás, à escravidão do Egito (cf. Ex 16,2.8; Nm 14,2ss; Ne 9,17).
- v. 67. Confirmado o abandono desses discípulos, Jesus pede ao grupo mais restrito dos seus discípulos, os «Doze» (designação usada aqui pela primeira vez em João) que faça a sua opção: «Também vós quereis ir embora?». Jesus não muda nada, não suaviza as suas palavras, nem acomoda a sua exigência; Ele está disposto a correr o risco de ficar sem ninguém, mas não prescinde da radicalidade do dom do Pai, pois só ele leva à vida eterna. Agora cabe aos discípulos responder.
- v. 68. Confrontados com esta opção fundamental, os Doze definem que o caminho que querem percorrer é aceitar a palavra de Jesus e segui-lo. Quem responde em nome do grupo (e da Igreja) é Simão Pedro (Mt 16,15s; Mc 8,29; Lc 9,20): «Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna». Só em Jesus e na sua Palavra é que se encontra a vida eterna (3,16; 14,6; cf. 5,39); os outros caminhos prometem apenas uma vida efémera, mas podem levar à escravidão e à morte; só em Jesus está a vida plena, definitiva e duradoura.
- v. 69. Quem crê em Jesus, vive unido a Ele e pode «reconhecer», por experiência pessoal, que Ele é «o Santo de Deus». Esta designação, aplicada aos nazireus (Jz 13,7; 16,17) e aos profetas (2Rs 4,9), não aparece no AT como título (Nm 16,5; 2Rs 4,9). Designa o Messias, Sacerdote fiel (cf. Lv 20,26; 21,8; Nm 15,40; Esd 8,28) e Profeta, anunciado por Moisés (cf. Dt 18,15, Mc 1,24p), indicando que ele desceria de junto de Deus, sendo por Ele ungido pelo Espírito Santo para a transmitir a sua Palavra e realizar a sua obra, definitiva e universal (cf. Dn 4,17; 8,13).
- v. 70. A resposta de Pedro é a resposta que cada cristão é chamado a dar. Mas, assim como entre os Doze que Jesus escolheu (13,18) houve um «diabo» (13,2.27), v. 71, Judas Iscariotes, que o entregou (Mt 26,14ss; Mc 14,10s; Lc 22,3-6), também hoje, mesmo entre os seus discípulos, há quem rejeite Jesus e a sua Palavra e até se lhe oponha, como o diabo o faz em relação a Deus (Sl 42,10; Jb 1,11; 2,5).
Ler o texto outra vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz, no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio…
d) Partilha… e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Que tipo de discípulo de Jesus sou? Procuro aprender e seguir as suas palavras ou prefiro seguir o que é meu?
- Que decisões tomo e que respostas dou? Aconteceu-me algo de “duro” que me fez murmurar e me levou a afastar-me dele e até a traí-lo?
- Hoje há muita gente que deixou de andar com Jesus. Porquê?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Tudo apreciar em Deus, à luz da sua Palavra)
Salmo responsorial Sl 34, 2-3.16-23 (R. 9a)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes. R.
Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória. R.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as suas angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido. R.
Muitas são as tribulações do justo,
mas de todas elas o livra o Senhor.
Guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado. R.
A maldade leva o ímpio à morte,
os inimigos do justo serão castigados.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele se refugiam. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Senhor Deus, que unis os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. T. Amen.
Avé Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (encarnar a Palavra na própria vida e testemunhá-la, unidos em Cristo)
Fr. Pedro Bravo, oc