Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (9,30-37)

Naquele tempo, 9,30Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia, mas Ele não queria que alguém o soubesse, 31porque ensinava os seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do homem é entregue nas mãos dos homens e matá-lo-ão; mas Ele, três dias depois de ter sido morto, ressuscitará”. 32Eles, porém, não compreendiam a palavra e tinham medo de lhe perguntar. 33E chegaram a Cafarnaum. Quando estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que estáveis a discutir pelo caminho?”. 34Mas eles ficaram calados, porque pelo caminho tinham estado a discutir uns com os outros sobre qual deles era o maior. 35E, sentando-se, chamou os Doze e diz-lhes: “Se alguém quer ser o primeiro seja o último de todos e o servidor de todos”. 36E, tomando uma criança, pô-la, de pé, no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes: 37”Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe; e quem me recebe, não me recebe a mim, mas Àquele que me enviou”.

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações: 

  • A passagem de hoje prossegue o tema do evangelho do domingo passado. É o segundo dos três anúncios feitos por Jesus acerca da sua paixão, morte e ressurreição, através das quais manifestará que Ele é o Messias, o Filho de Deus, que realiza o desígnio do Pai, não à maneira dos homens, mas como Servo de Iavé, à maneira de Deus.
  • O texto divide-se em duas partes: na primeira (vv. 30-32), Jesus “no caminho”, anuncia a sua Páscoa, em Jerusalém, que passará pela sua paixão e morte; na segunda (vv. 33-37), Jesus, já em Cafarnaum, “em casa”, ensina aos discípulos como viver segundo o Espírito do Reino.
  • v. 30 (vv. 30-32: Mt 17,22s; Lc 9,43b-45). Jesus regressa de Cesareia de Filipe (8,27) a Cafarnaum (v. 33), caminhando com os seus discípulos “através da Galileia” (Lc 17,11; Jo 7,1). Mas Jesus não quer que se saiba, porque se quer ocupar da formação deles, a fim de lhes transmitir os valores do Reino. Os discípulos já sabem que Ele é o Messias (8,29), estando convencidos que irá triunfar em Jerusalém como chefe político, guia invencível que, pela força (cf. 14,47), libertará Israel do jugo romano. Jesus conversa com eles e anuncia-lhes, pela segunda vez, que “o Filho do Homem” deve ser entregue e morto para depois ressuscitar. É uma alusão a Is 52,13-53,10. Jesus guiava-se pela Bíblia, quer na realização da sua missão, quer na formação dos seus discípulos.
  • v. 31. Neste segundo anúncio paixão, Jesus não usa palavras muito diferentes das do primeiro (8,31; 10,33s). Intitula-se “o Filho do homem”, expressão que tanto pode designar apenas um ser humano (Sl 8,4; Ez 2,1), como também, de forma velada, o Messias-Rei (cf. Sl 80,16; Tg.Ket Ps. 80,16) anunciado por Dn 7,13s (13,26; 14,62; cf. Ez 1,26). Jesus usa este título para indicar que é o “Filho” (cf. Is 9,5) de Deus (1,1,11; 9,7) feito homem, que assume em si a história, humilhação, debilidade, sofrimento, destino e morte “do homem”, ou seja, de cada ser humano. Por isso “é entregue” está no particípio presente do indicativo passivo (14,21.41; Mt 26,2.24.45; Lc 22,22), um passivo divino intemporal, que indica que se trata de um desígnio divino eterno, escondido desde sempre em Deus (Rm 16,25; 1Cor 2,7; Ef 1,4.9s; 3,9; Cl 1,26; 1Pd 1,19s).
  • A perspetiva deste segundo anúncio da paixão é, porém, universal: Ele “é entregue nas mãos dos homens”,o pior desfecho que se podia esperar (14,41; 2Sm 24,14; Jr 39,17; Sr 2,18). Jesus sabe que estes o vão matar, mas anuncia que “três dias depois ressuscitará” (cf. 14,58; 15,29; At 10,40; 1Cor 15,4).
  • v. 32. Tal como na primeira vez, os discípulos “não compreendiam a palavra” (8,32; 9,10; 16,20; cf. 2,2; 4,14-20.33; Lc 9,45), ou seja, o querigma (2,2; 16,20; At 2,41; 4,4; 6,2; 8,4; 10,36), aqui enunciado, querigma que é a chave para compreender o desígnio de Deus, expresso nas Escrituras, e, portanto, também a chave para entender as próprias Escrituras (Lc 24,45s; 2Cor 3,14ss). Ninguém imaginava que o Messias fosse o Servo sofredor de Iavé anunciado por Isaías. Por isso, os discípulos ficam calados (Is 52,15!), e não ousam perguntar nada sobre isto a Jesus, com medo que a sua reação seja a mesma que teve com Pedro (cf.8,32s).
  • v. 33. A segunda parte (vv. 33-37: Mt 18,1-5; Lc 9,46ss) decorre em Cafarnaum (1,21), com todos já em “casa”. Não sabemos de que casa se trata: se de Jesus (v. 28; 2,1; 7,17), de Simão Pedro (1,29) ou doutra pessoa (2,15;9,28)? Em Marcos, “a casa” é uma cifra da Igreja, a comunidade cristã reunida com Jesus (3,20.34). Enquanto caminhavam, os discípulos vinham, como era hábito, cerca de 9 m atrás do rabbi. neste caso, discutindo entre si. Jesus finge que não sabe e pergunta-lhes sobre o que tinham discutido tanto (o verbo está no imperfeito) “pelo caminho”. Jesus age com tato, como bom pedagogo: não intervém logo, aguarda o momento oportuno para os abordar; deixa que eles se expressem primeiro.
  • v. 34. Eles, porém, ficam outra vez calados (v. 32) e não respondem. É o silêncio dos culpados: “porque pelo caminho tinham estado a discutir uns com os outros sobre qual deles era o maior” (Mt 11,11). O tema da hierarquia dos postos, pessoas e lugares era um problema sério para os judeus. Nas assembleias, sinagogas e banquetes, a ordem de apresentação das pessoas estava rigorosamente definida, gerando-se, com frequência, conflitos inultrapassáveis por causa de pretensas infrações ao protocolo hierárquico. Os discípulos estavam imbuídos desta mentalidade. E como esperavam para breve o triunfo de Jesus, acharam melhor distribuir desde logo entre si os postos chave na cadeia de poder do reino messiânico, para evitar futuros conflitos. A insistência na expressão “no caminho” sublinha que os discípulos, embora acompanhem Jesus exteriormente, interiormente ainda não entenderam nada da mensagem de Jesus.
  • v. 35: 10,43s; Mt 20,26s; Lc 22,26. Jesus aborda calmamente o problema e encara-o de frente. Primeiro “senta-se (12,41), como os rabinos faziam antes de ensinar os discípulos. Depois “chama os Doze” e, tal como depois do primeiro anúncio da paixão, diz-lhes como o podem seguir (cf. 8,34), mostrando que na sua comunidade não há cadeias de grandezas, com alguns no topo e muitos na base. Nela, o primeiro é o que, por amor, se faz “o último de todos”, pondo os outros à frente, em primeiro lugar, demonstrando o seu amor nas obras, fazendo-se “o servidor” (gr. diákonos) “de todos”, isto é, não só dos irmãos, mas também dos de fora, sem buscar o seu próprio interesse, nem esperar reconhecimento ou recompensa dos outros (o último lugar não dá direito a prémios ou recompensas), mas procurando apenas ser-lhes útil, promovendo o bem e a salvação não apenas de um, mas “de todos”, de modo a edificar a comunidade, construindo a comunhão entre eles.
  • v. 36. Para exemplificar o que entende por “último de todos” e o modo de os servir, Jesus toma uma criança ainda sem uso da razão (gr. paidíon), abraça-a (10,16), põe-na de pé no meio deles e diz:
  • v. 37: Mt 18,5; 10,40; Lc 9,48; Jo 13,20. “Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe”. “Em meu nome” (v. 39; 13,6), ou seja, “por causa de mim”, “como se fosse Eu”, “com os meus gestos e sentimentos”. Jesus identifica-se com os “mais pequeninos” (Mt 25,40), as “crianças”, que na hierarquia social judaica ocupavam o quinto e último lugar, não contando nas estatísticas, nem gozando de voz ou de direitos legais. Elas representam os últimos, os pobres e indefesos, os sem voz e sem direitos: é a estes que os discípulos devem pôr em primeiro lugar, servir e “abraçar”, sabendo que sempre que o fazem, é ao próprio Jesus que o estão a fazer.
  • Não basta “seguir Jesus”, estar com Ele: é preciso ser regenerado à Sua imagem (cf. Rm 12,2), pois só quem está imbuído do Seu Espírito e disposto a servir a todos, recebendo os mais pequeninos “em seu nome”, é que se identifica com Ele e o recebe. Entre os seus discípulos, o poder não pode ser usado em benefício próprio, para se pôr acima dos outros e os dominar, mas apenas para se aproximar dos outros, em especial dos mais fracos e necessitados. A verdadeira grandeza que conta no Reino de Deus, é o serviço e o amor aos mais pequenos. Quem os recebe é ao próprio Jesus que recebe. E quem recebe Jesus, recebe o Pai, tornando-se participante da vida divina.

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Que valor e significado tem a vontade de Deus que dia a dia descubro nos mais pequenos incidentes, nas dificuldades e nas dores da minha vida? Vejo aí a presença, o amor, o projeto do Pai?
  • Qual é a motivação mais profunda do meu “eu”: o domínio, a primazia, as honras e elogios? Ou o amor ao próximo e o serviço ao outro?
  • Que serviço presto ao próximo? Testemunho Jesus Cristo na família, no trabalho e na paróquia? Que serviço presto? Sou capaz de acolher e amar as pessoas de outros grupos, os que levam uma vida pouco exemplar, os marginalizados, os imigrantes, as pessoas difíceis, os doentes incuráveis, aqueles que ninguém quer e ninguém ama?

 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                             Sl 54,3-6.8 (R. 6b)

Refrão:        O Senhor receberá a minha vida. 

Senhor, salvai-me pelo vosso nome,
pelo vosso poder fazei-me justiça.
Senhor, ouvi a minha oração,
atendei às palavras da minha boca.      R.

Levantaram-se contra mim os arrogantes
e os violentos atentaram contra a minha vida.
Não têm a Deus na sua presença.      R.

Deus vem em meu auxílio,
o Senhor sustenta a minha vida.
De bom grado oferecerei sacrifícios,
cantarei a glória do vosso nome, Senhor.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva:

Senhor, nosso Deus, que fizestes consistir a plenitude da lei no vosso amor e no amor do próximo, dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento, para alcançarmos a vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc