Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum - 2024

Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:

A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.

A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen. 

1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?) 

Leitura do Evangelho segundo S. Marcos  (10,35-45)

Naquele tempo 10,35, Tiago e João, os filhos de Zebedeu, aproximam-se de Jesus, dizendo-lhe: «Mestre, queremos que nos faças o que te vamos pedir». 36Ele disse-lhes: «Que quereis que vos faça?». 37Eles disseram-lhe: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda». 38Mas Jesus disse-lhes: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o cálice que Eu bebo ou ser batizados com o batismo com que Eu sou batizado?». 39Eles disseram-lhe: «Podemos». Jesus, porém, disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu bebo e sereis batizados com o batismo com que Eu sou batizado. 40Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me cabe a mim concedê-lo; é para aqueles para quem está preparado». 41Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se com Tiago e João. 42Mas Jesus, chamando-os a si, diz-lhes: «Sabeis que aqueles que pensam ser governadores das nações exercem domínio sobre elas e os seus grandes fazem sentir sobre elas a sua autoridade. 43Mas entre vós não é assim: aquele entre vós que quiser tornar-se grande, será vosso servidor, 44e aquele entre vós que quiser ser o primeiro, será servo de todos. 45Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos».

     Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:

  • Jesus prossegue o seu caminho para Jerusalém, indo à frente dos discípulos, que o seguem “cheios de temor” (v. 32). Este caminho não é apenas uma viagem, mas sobretudo um percurso interior durante o qual Jesus vai completando a formação deles sobre o espírito e as exigências do Reino. A cena de hoje segue-se ao terceiro anúncio da paixão de Jesus (vv. 32-34). O texto tem duas partes: o pedido de Tiago e de João (vv. 35-40); a reação dos outros dez apóstolos. que ocasiona um ensinamento de Jesus sobre o exercício da autoridade entre os irmãos (vv. 41-45).
  • v. 35(vv. 35-40: Mt 20,20-23). Na primeira parte apresenta-se o pedido de “Tiago e de João, os filhos de Zebedeu” (1,19; 3,17), a Jesus. Querem que Ele faça o que lhe vão pedir (em Mt 20,20 é a mãe deles que faz o pedido). Mais que um pedido, parece ser uma reivindicação de quem se acha no direito de reclamar um privilégio por saber que, juntamente com Pedro, faz parte do círculo mais próximo dos discípulos de Jesus (5,37; 9,2; 14,33). 
  • v. 36. Jesus pergunta-lhe o que querem que lhes faça.
  • v. 37. Eles pedem-lhe que lhes conceda sentarem-se na sua glória, “um à direita e o outro à esquerda” dele, os dois lugares mais importantes na hierarquia judaica (Joma 3,9). A nota “na sua glória”, ou seja, no seu poder terreno (cf. Dn 4,30.36), mostra que eles viam em Jesus apenas um Messias terreno, nos termos de Dn 7,13s, que iria restaurar o reino de Israel (cf. At 1,6). Tiago (he. Ia’aqob, gr. Iákôbos: “suplantador”: Gn 25,26) e João apressam-se a assegurar os primeiros lugares ao lado de Jesus no seu reino, para que quando ele for instaurado em Jerusalém já esteja tudo preparado. Eles pensam de forma humana, só em termos de poder e autoridade terrenos (cf. 8,33).
  • v. 38: Lc 12,50. Jesus vê-se obrigado a esclarecer as coisas. Antes de mais, diz-lhes que não sabem o que pedem (cf. Rm 8,26). De facto, não só não sabem que o reino de Jesus não é deste mundo (cf. Jo 18,36), como também ignoram o que é a glória de Deus, bem como caminho que a ela conduz, e, igualmente, que não basta aspirar a um cargo, mas é necessário ser capaz de o desempenhar. Depois pergunta-lhes se estão dispostos a beber o cálice que Ele bebe (cf. 14,36 p) e receber o batismo que Ele recebe. Os verbos estão no presente do indicativo. É uma forma velada de aludir à sua paixão e morte, que não se limita ao tempo em que decorreu, mas que é uma realidade supratemporal (cf. 1Pd 1,20), que abarca toda a sua existência (cf. Hb 5,7ss) e se prolonga nos membros do seu Corpo (cf. At 9,5).
  • No AT, o “cálice” significa a sorte, o destino (bom ou mau) que cabe a alguém (Sl 11,6; 16,5; 23,5; 75,9; 116,13; Is 51,17.22; Jr 25,15; 51,7; Martyr Jes 5,13). Na ceia pascal bebiam-se três cálices: Jesus associou o último (“o cálice da bênção”: 1Cor 10,16) à sua paixão (14,23s). Beber o cálice de Jesus significa participar na sua paixão, partilhar o seu destino até ao fim, derramando por Ele o próprio sangue. O “batismo” evoca o resultado disto: a morte. “Batismo” (gr., “lavagem”: 7,4; “imersão”: cf. 2Rs 5,14) em hebraico diz-se mikvá, o banho ritual de imersão. Ao preparar um cadáver para a sepultura, antes de o ungir com perfumes e envolver em panos de linho, os judeus rapam-lhe os pelos, lavam-no bem (requitzá) e purificam-no (tahará), imergindo-o numa mikvá (ou derramando sobre ele um jorro contínuo de água: Sl 42,8; 69,3; Jn 2,3). “Receber o batismo” de Jesus significa: entrar na Sua morte. Só pode sentar-se com Ele no seu reino (Ef 2,6) quem tiver “mergulhado” com Ele na sua morte pelo batismo (Rm 6,3; Col 2,12) e só pode entrar na sua glória, no céu, quem participar da sua paixão, na terra (cf. Fl 3,10s; 2Tm 2,11ss).
  • v. 39. Tendo Tiago e João aceitado as condições de Jesus, Ele promete-lhes que hão de passar pelo seu “martírio” (cf. At 12,2; Ap 1,9). Nesta terra, os discípulos são associados à glória de Jesus, não sentando-se a seu lado, mas dado a sua vida como Ele, participando da sua sorte.
  • v. 40. Acedendo ao seu desejo, Jesus, porém, não acede à sua pretensão. Ele não veio à terra distribuir galardões, mas dar aos seus o que nenhum rei pode dar. Por mais alto que seja o cargo que um rei confira a alguém, nunca lhe poderá dar a sua realeza, e por maior que seja a recompensa, jamais lhe poderá dar a própria vida. Mas isso é o que Jesus dá a quem o segue e nele crê. Quanto ao prémio da glória não é Jesus que o dá, aqui na terra, mas o Pai (passivo divino) que o dá, no céu, àqueles “para quem está preparado” (cf. Mt 25,34; Jo 14,2s; Hb 11,16).
  • v. 41 (vv. 41-45: Mt 20,24-28). Na segunda parte temos a reação dos outros discípulos ao pedido dos dois irmãos. A sua indignação mostra que todos eles tinham as mesmas pretensões, tendo considerado o pedido dos dois irmãos uma jogada de antecipação.
  • v. 42. Sem criticar nenhum deles, Jesus aproveita a ocasião para os formar no espírito do Reino. Começa por mostrar que os que “se consideram governantes das nações” (“consideram” porque só Deus reina) e “os seus grandes” fazem sentir a sua autoridade e poder, dominando os povos e oprimindo-os pela força (Lc 22,25-27; 1Pd 5,3), exigindo serviços, tributos, honras e privilégios, promovendo-se a si e aos seus colaboradores à custa dos outros (cf. 1Sm 8,5.11-18).
  • v. 43. No Reino de Deus não é assim; nele os discípulos são chamados a ser servidores (gr. diakónos) uns dos outros (cf. 1Pd 4,10s). Quem o fizer será “grande” (cf. Mt 5,19). 
  • v. 44. E no Reino quem quiser ser o primeiro, deve fazer-se o último, o servo (ou “escravo”) de todos” (9,35p; Mt 23,11), isto é, não só dos cristãos, mas também dos que o não são. Isto vale em especial para os presidem à comunidade (1Cor 9,19; 2Cor 4,5; 1Pd 5,3), que devem promover os dons, a responsabilidade, a iniciativa, a comunhão e a participação de todos os seus membros, a começar pelos mais pequenos, na obra e na missão que a todos respeita.
  • v. 45. Jesus convida então os discípulos a imitá-lo. Confirma que é o “Filho do homem” (Dn 7,13s), frisando, porém, “que não veio para ser servido, mas para servir” (cf. Jo 13,3ss), devendo consumar a sua missão como Servo de Iavé dando “a sua vida em resgate por muitos” (Is 53,5.8.11s). “Dar a sua vida” é sofrer o martírio para salvar os homens (cf. 1Ma 2,50; 6,44). O “resgate” (gr. lytron) era o preço que se devia pagar para comprar a libertação de um escravo ou de um prisioneiro. “Muitos” evoca Is 53,10ss; é um semitismo que significa “todos” (cf. v. 44; 2Cor 5,14s; Rm 5,18; 1Tm 2,6; 1Jo 2,2). Assumindo o sofrimento e a morte do homem, Jesus resgatará “muitos” de todos os povos, tempos e lugares, vivos ou mortos (cf. Rm 14,9). Esta é uma obra que só Deus pode fazer (cf. Sl 49,8ss; Os 13,14; Is 11,11s; 43,3; 52,3).
  • Jesus resume assim a sua missão e dá a chave de interpretação da sua paixão e morte, que não serão um imprevisto ou fracasso, mas o dom universal de redenção, oferecido por Deus a todos (cf. 1Cor 15,3; 2Cor 5,19). Ao dar livremente a sua vida, derramando o seu sangue na cruz, Jesus pagou bem alto o preço da libertação do homem do poder de Satanás, do pecado e da morte, para que todos pudessem receber a vida que Ele dá e que a Igreja deve levar e servir a todos, imitando o exemplo e seguindo os passos do seu Mestre (cf. Jo 13,15; 1Pd 2,21).  

Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo... 

2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)

     a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?

  • Que costumo pedir a Jesus? Só me aproximo dele quando preciso de algo? Agradeço-lhe? Como reajo, quando Ele não faz o que lhe peço?
  • Como reajo com os outros? Só sou amável com os que me elogiam, com os que têm poder ou dinheiro, procurando obter algo deles?
  • Como me relaciono com os mais pobres, pequenos e marginalizados? Procuro levar-lhes também Jesus, a sua vida e palavra? 

3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?

4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)

Salmo responsorial                                     Sl 33,4-5.18-21 (R. 22)

Refrão:        Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia,
que ela venha sobre nós.

A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.     R.

Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.     R.

A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.     R. 

Pai-nosso… 

Oração conclusiva

Deus todo-poderoso e eterno, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen. 

Ave-Maria... 

Bênção final. Despedida. 

5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)

Fr. Pedro Bravo, oc