Acolhimento. Sinal da cruz. Oração inicial. Invocação do Espírito Santo:
A. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
T. E acendei neles o fogo do vosso amor.
A. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado
T. E renovareis a face da terra.
A. Oremos. Senhor, nosso Deus, que iluminastes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, tornai-nos dóceis às suas inspirações, para apreciarmos retamente todas as coisas e gozarmos sempre da sua consolação. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amen.
1) LEITURA (Que diz o texto? Que verdade eterna, que convite/promessa de Deus traz?)
Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (13,1-9)
13,1Nesse momento, chegaram alguns que contaram a Jesus sobre os galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles. 2Ele, respondendo, disse-lhes: «Julgais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus por terem sofrido estas coisas? 3Não, digo-vos. Mas, se não vos arrependerdes, perecereis todos de modo semelhante. 4Ou aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre em Siloé e os matou? Julgais que eles eram mais culpados do que todos os homens que habitavam em Jerusalém? 5Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo». 6Dizia então esta parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar fruto nela, mas não encontrou. 7Disse então ao vinhateiro: ‘Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não encontro. Corta-a, portanto. Para que há de estar a ocupar inutilmente a terra?’. 8Mas ele respondeu-lhe: “Senhor, deixa-a ficar ainda este ano. Entretanto, vou cavar à sua volta e deitar-lhe estrume. 9Talvez, no futuro, venha a dar fruto; de contrário, cortá-la-ás”».
Ler a primeira vez… Em silêncio, deixar a Palavra ecoar no coração… Observações:
- O texto de hoje, exclusivo de Lucas, faz parte do grande inciso lucano da “subida de Jesus para Jerusalém” (9,51-19,28; cf. At 1,21s). Trata-se, mais do que um percurso geográfico, de um itinerário espiritual que Jesus percorre, acompanhado pelos seus discípulos. Durante esse percurso, Jesus prepara-os para captar e assumir os valores do Reino, para que daí a pouco possam continuar a sua obra e missão.
- Jesus lança aqui um apelo veemente ao arrependimento. Destina-se a todas as pessoas, em geral, e aos seus discípulos, em particular. Mostra que, embora seja misericordioso, Jesus não é dúplice: Ele urge todos ao arrependimento, antes que seja tarde demais. O texto tem duas partes, unidas pelo mesmo tema, o arrependimento (gr. metánoia, “mudança a partir do íntimo, do pensamento, atitudes e ações”): 1) dois apelos ao arrependimento (vv. 1-5); 2) a parábola da figueira (vv. 6-9)
- v. 1. Na primeira parte (vv. 1-5), Jesus aproveita dois acontecimentos de crónica diária, que apenas Lucas menciona e cujos detalhes não conhecemos a partir doutras fontes históricas. A primeira é a da morte e mistura do sangue de alguns galileus com o das vítimas dos seus sacrifícios, por ordem de Pilatos. Apenas Flávio Josefo, o grande historiador judeu do séc. I, narra que Pilatos matou alguns judeus que se tinham revoltado em Jerusalém, mas não sabemos se se trata do mesmo episódio (Ant. 18,3,2; cf. ib. 20,5,3; At 5,37). Certo é que Josefo apresenta Pilatos como um homem sanguinário e menciona frequentemente os galileus como um povo turbulento e aguerrido, sempre pronto a aproveitar todas as ocasiões para perturbar a autoridade romana.
- v. 4a. A notícia da queda acidental da torre das muralhas de Jerusalém que ficava junto da piscina de Siloé (cf. Fl.Jos. Bell 5,4,2; Jo 9,7.11), não é referida por nenhum outro autor, embora a arqueologia tenha descoberto os fundamentos de uma torre junto ao aqueduto de Siloé.
- v. 2.4b. A conclusão que Jesus tira destes dois acontecimentos é clara: aqueles que morreram nestes desastres não eram “mais pecadores” (v. 2) ou eram mais culpados (lit. “estavam mais endividados”: v. 4; cf. 11,4) do que os outros que não morreram. Jesus refuta assim o princípio judaico da retribuição divina, segundo a qual, quando alguém era atingido por alguma desgraça, esta era atribuída a algum pecado grave oculto que essa pessoa teria cometido (cf. Jo 9,2). Tal juízo levava à conclusão de que as pessoas que não tinham sido vítimas destes acidentes seriam justas, porque não terem morrido nessa ocasião. O que não era verdade.
- v. 3.5. “Não, digo-vos”: de facto, perante Deus todos são pecadores, diz Jesus: E acrescenta: “Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos de modo semelhante” (v. 3; “do mesmo modo”: v. 5). Não se trata de uma ameaça, mas de uma advertência que Jesus dá na sequência do que dissera antes (cf. 12,20.40.46.56): todos precisam de se arrepender (gr. metanoéô) e mudar de vida (3,3; cf. At 2,37-40; Sl 7,13; Jr 12,17) para saírem de um caminho que, se não se voltarem para Deus e mudarem interiormente de atitude para caminharem segundo a Sua palavra, acabará por ter um desfecho tão grave como a perda imprevista, seja ela violente ou trágica (como aquelas), da própria vida.
- v. 6. A segunda parte (vv. 6-9) é a parábola da figueira. Era possível ter uma figueira plantada numa vinha (Plínio, Hist. nat. 17,35,200), embora isso não fosse muito aconselhável (Teofrasto, De caus. plant. 3,10,6). A “parábola” (5,36; 6,39; 18,1) serve para ilustrar as oportunidades que Deus dá para a conversão. No AT, a figueira era símbolo do Povo de Deus (Os 9,10.16s; Jl 1,7), bem como da sua infidelidade à aliança (cf. Jr 8,13; Mq 7,1; Hab 3,17). Deus espera que o seu povo (a figueira) dê bom fruto, ou seja, que se converta e arrependa (cf. Jr 24,2-6), abraçando com fé e pondo em prática a palavra que Jesus lhe anuncia.
- v. 7. Na sua bondade, misericórdia e paciência, Deus dá a todos tempo (“três anos”, uma possível alusão ao tempo que, segundo o Evangelho de João, durou o ministério de Jesus) para que a sua transformação comece a dar fruto (3,8; Sb 11,23; Rm 2,4). Esta espera, porém, não será indefinida, pois nesse caso Deus não se importaria com a sorte do homem, pactuando com um pecado que se iria agravando de dia para dia e cujo desfecho Ele sabe que seria trágico (como o que aconteceu aquando a revolta judaica de 66 d.C., que levou ao cerco e destruição de Jerusalém pelas tropas romanas, comandadas pelo general Tito, no ano 70). O senhor acha que a figueira que não dá fruto, prejudicando o fruto (e como tal a qualidade do vinho) da vinha, deve ser “cortada” (gr. ekkóptô: v. 9; 3,9p; cf. Mt 5,30; 18,8; Dt 20,20).
- v. 8. O vinhateiro (v. 7), porém, pede ao senhor mais um ano, deixando que ele, da sua parte, faça tudo o que for necessário (cavar à volta da figueira e deitar-lhe estrume) para que ela de novo possa dar fruto (cf. 3,8: “frutos dignos de arrependimento”). A parábola da figueira é antes de mais um apelo à compaixão para com o discípulo que vacila ou esmorece ao longo da caminhada da vida cristã.
- v. 9. Ao mesmo tempo, a parábola é uma advertência contra os discípulos improdutivos (cf. 3,8-9; 6,43-49; Rm 11,22): quem não der fruto será “cortado”, expulso do Reino (e lançado ao fogo: 3,9; Mt 18,18).
Ler o texto segunda vez... Em silêncio, escutar o que Deus diz no segredo...
2) MEDITAÇÃO… PARTILHA… (Que me diz Deus nesta Palavra?)
a) Que frase me toca mais? b) Que diz à minha vida? c) Oração em silêncio… d) Partilha e) Que frase reter? f) Como a vou/vamos pôr em prática?
- Quais são os valores a que dou prioridade e que não estão em sintonia com a vontade de Deus?
- Concretamente, em que é que a minha atitude e conduta devem mudar? O que é que me leva ainda a adiar a concretização disto?
3) ORAÇÃO PESSOAL… (Que me faz esta Palavra dizer a Deus?)
4) CONTEMPLAÇÃO… (Saborear a Palavra em Deus, deixando que inflame o coração)
Salmo responsorial Sl 103,1-4.6-8.11 (R. 8a)
Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. R.
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. R.
O Senhor faz justiça
e defende o direito de todos os oprimidos.
Revelou a Moisés os seus caminhos
e aos filhos de Israel os seus prodígios. R.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem. R.
Pai-nosso…
Oração conclusiva
Senhor, nosso Deus, autor de todas as misericórdias e de toda a bondade, que nos fizestes encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno os remédios do pecado, olhai benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. T. Amen.
Ave-Maria...
Bênção final. Despedida.
5) AÇÃO... (Caminhar à luz da Palavra, encarnando-a e testemunhando-a na própria vida)
Fr. Pedro Bravo, oc