Nos dias 29 e 30 de abril de 2024 realizou-se, em Fátima, a XXXVII Assembleia Geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), com o tema “Como caminhar juntos em Missão?”.
O primeiro dia da Assembleia foi dedicado à reflexão de dois assuntos que marcam a atualidade da Igreja em Portugal: a continuação do caminho sinodal 2021-2024, tendo como horizonte a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos que se realiza no próximo mês de outubro, e os desafios da pastoral juvenil no nosso país após a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.
O Professor José Eduardo Borges de Pinho, membro da Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), foi o orador convidado que falou aos presentes sobre a sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja, nomeadamente os seus fundamentos teológicos, as múltiplas razões de indiferença e resistência a esta dimensão eclesial e as interpelações pastorais no caminho da renovação sinodal
missionária. Neste âmbito, apontou exemplos como: a conversão pessoal e comunitária; a pastoral assente no acolhimento, escuta, comunicação e diálogo; os ministérios ordenados e laicais na Igreja; a relação entre a colegialidade episcopal e a sinodalidade; e a busca permanente de uma Igreja ao serviço dos mais pobres e vulneráveis.
Enquanto membro da Equipa Sinodal da CEP, partilhou também alguns elementos sobre a sinodalidade na vida da Igreja em Portugal que decorrem do relatório da segunda fase do processo sinodal elaborado por aquela comissão. Destacou o papel importante que os consagrados são chamados a desempenhar neste percurso de renovação
sinodal, pela diversidade e riqueza dos seus carismas, e lembrou que muitos contributos recebidos por parte das dioceses e outros grupos eclesiais valorizam a presença da vida consagrada nas comunidades, considerando-a indispensável.
Para refletir sobre a ação da pastoral da juventude após a realização da JMJ em Portugal, a Assembleia recebeu o Padre Filipe Diniz, assistente do Departamento Nacional de Pastoral Juvenil. O sacerdote partilhou os projetos a concretizar ao longo do próximo triénio e lembrou que estamos numa nova etapa que exige uma atenção preferencial pelos jovens, onde somos chamados a escutá-los numa perspetiva sinodal, a dar-lhes protagonismo e a acompanhá-los na sua formação e discernimento para que possam ser líderes da renovação eclesial e dar testemunho de Cristo Vivo na sociedade.
Em pequenos grupos, a Assembleia foi convidada a refletir sobre os desafios que ficam após a vivência da JMJ e a apresentar propostas de caminho a seguir, num olhar de esperança sobre o futuro. Da partilha em plenário resultaram, entre outras, as seguintes:
- Criar espaços de acolhimento, escuta, acompanhamento e discernimento, com pessoas devidamente formadas, numa lógica de maior proximidade com os jovens, de forma a potenciar a partilha de vida e de fé;
- Passar do(s) grande(s) evento(s) ao comprometimento diário da relação com Jesus, dando espaço à oração e à interioridade, arriscando uma linguagem criativa e artística, com forte componente testemunhal;
- Confiar nos jovens e deixar que, com a sua forma de ser e celebrar, tenham espaço na comunidade e sejam os protagonistas da missão, mas convenientemente acompanhados para que não descurem a exigência do que significa ser cristão;
- Enquanto consagrados, dar testemunho coerente de vida, consagração e unidade;
- Concretizar uma pastoral conjunta entre congregações e em comunhão com os demais organismos que atuam na área da pastoral juvenil, promovendo uma formação estruturada.
No segundo dia de trabalhos, orientado para os assuntos internos da CIRP, o Presidente da Direção, Padre Adelino Ascenso, lembrou os crescentes problemas sociais em que vive a sociedade portuguesa e o drama dos migrantes que chegam ao nosso país em busca de uma vida digna. Destacando os 50 anos da Revolução do 25 de Abril e o 1.º de Maio, alertou que foram adquiridos direitos e liberdades que devemos conservar.
Inserido no caminho de reparação que a Igreja em Portugal tem vindo a percorrer no âmbito da proteção de menores e adultos vulneráveis, e em comunhão com os Bispos portugueses, a Assembleia Geral da CIRP aprovou, por unanimidade, a atribuição de compensações financeiras às vítimas de abusos sexuais. Decidiu, ainda, trabalhar em conjunto com a CEP e agendou uma Assembleia Geral extraordinária (6 de junho de
2024) para aprofundar a forma de tratar este tema no seio dos Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica.
A CIRP permanece empenhada na resolução clara e firme destas trágicas situações, manifesta a sua proximidade para com todas as vítimas e deseja contribuir ativamente para a resolução deste drama no seio da sociedade em geral.
Acolhendo diversas informações sobre a vida da CIRP, a Assembleia apreciou o relatório da Assembleia Geral da União das Conferências Europeias dos Superiores/as Maiores (UCESM) que decorreu na República Checa, de 15 a 19 de abril deste ano, na qual esteve presente a Presidência da CIRP, e congratulou-se pela eleição da Irmã Ângela Coelho como Conselheira do Comité Executivo da UCESM. Tomou, ainda, nota das iniciativas previstas para a Vida Consagrada no Jubileu de 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança – No caminho da Paz”.
Por fim, a Assembleia aprovou o relatório de contas de 2023 e agendou as próximas Assembleias Gerais ordinárias: 18/19 de novembro de 2024; 19/20 de maio e 17/18 de novembro de 2025.