A piedade cristã recolheu os padecimentos de Nossa Senhora e fala das “sete dores”… Nossa Senhora nunca pediu nada para si, nunca. Para os outros, sim: pensemos em Caná, quando fala com Jesus. Ela nunca disse: «Eu sou a mãe, olhai para mim: serei a rainha-mãe”. Nunca disse isso. Nunca pediu nada importante para si no colégio apostólico. Aceita apenas ser mãe. Ela acompanhou Jesus como discípula, pois o Evangelho mostra que ela seguiu Jesus: com as suas amigas, mulheres piedosas, ela seguiu Jesus, ouviu Jesus. Certa vez alguém a reconheceu: “Ah, aqui está a mãe”, “A tua mãe está aqui”... (Cf. Mc 3, 31)... Ela seguia Jesus. Até ao Calvário. E ali, em pé... as pessoas certamente disseram: “Mas, pobre mulher, como deve sofrer”, e os malvados certamente disseram: “Mas, a culpa também é dela, porque se ela o tivesse educado bem, isto não teria acabado assim”. Ali estava ela, com o Filho, com a humilhação do Filho.
Honrar Nossa Senhora e dizer: “Esta é minha Mãe”, porque ela é Mãe. E este é o título que ela recebeu de Jesus, ali mesmo, no momento da Cruz (cf. Jo 19, 26-27) … E por isso, como Mãe, devemos pensar nela, procurá-la, rezar a ela. Ela é a Mãe. Na Igreja Mãe. Na maternidade de Nossa Senhora vemos a maternidade da Igreja que recebe a todos, bons e maus: todos.
Hoje far-nos-á bem parar um pouco e pensar na dor e nos sofrimentos de Nossa Senhora. Ela é a nossa Mãe. E como os carregou, como os suportou bem, com força, com choro: não era um choro falso, era precisamente o seu coração destruído pela dor. Far-nos-á bem parar um pouco e dizer a Nossa Senhora: “Obrigado por terdes aceite ser Mãe quando o Anjo te deu o anúncio, e obrigado por teres aceite ser Mãe quando Jesus o disse.” (Papa Francisco, Homilia, 3 de abril, 2020).
Primeira Dor: A Profecia de Simeão (Lc 2, 25 - 35)
Maria acolheu com fé a profecia de Simeão e o que ele dizia a respeito dela e do Menino. Simeão diz a Maria que uma espada de dor lhe atravessaria a alma, por isso, algumas imagens de Nossa Senhora das Dores têm uma espada no peito. Que o Senhor nos encha de fé e de esperança para carregarmos as nossas cruzes do dia-a-dia.
Nesta dor, rezemos por tantas mães que perderam os seus filhos, seja pela violência, tráfico, desastres, doença... Peçamos que o Espírito Santo as conforte.
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e a dor que sentiste quando Simeão te anunciou que uma espada de dor atravessaria a tua alma e te manifestou que a tua participação na nossa redenção levaria consigo sofrimentos, ajuda-nos a ser dignos filhos teus e a imitar as tuas virtudes.
Segunda Dor: A Fuga para o Egipto (Mt 2, 13-14)
Após o nascimento de Jesus, o Rei Herodes quis matá-lo e, por causa disso, um anjo do Senhor apareceu a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egipto; fica lá até que eu te avise”. Obediente, “José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe, e partiu para o Egipto” (Mt 2, 13-14).
Unidos à dor que Maria sentiu nessa ocasião, peçamos forças para suportarmos com paciência as dores da nossa vida, e para nos mantermos afastados do pecado. Estejamos unidos a tantos que sofrem perseguição e são obrigados a fugir dos seus países.
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e a dor que sentiste quando tiveste que fugir à pressa, passando grandes penas com o teu Filho tão pequenino, faz que rejeitemos sempre as injustiças e ajudemos os que sofrem.
Terceira Dor: Maria procura Jesus em Jerusalém (Lc 2, 41-48)
Depois que voltaram do Egipto, Jesus, Maria e José, como judeus piedosos, peregrinavam a Jerusalém todos os anos para celebrarem a Páscoa. Quando Jesus completou 12 anos, fizeram esta peregrinação. A caravana de Nazaré voltou para casa. Porém, Jesus ficou no Templo discutindo com os Doutores da Lei, enquanto seus pais pensavam que ele estivesse com os meninos na caravana. Quando notaram a sua falta, voltaram a Jerusalém aflitos e só o encontraram depois de três dias de procura, quando Jesus lhes disse que “Deveria cuidar das coisas de seu Pai.” A perda do Menino Jesus, sem dúvida, foi uma grande dor para o coração de Maria, e também uma grande lição que ela guardou no seu coração.
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e a dor que sentiste pela perda do teu Filho quando tinha doze anos, e pelos três dias que o procuraste cheia de angústia, faz que as crianças e os jovens não se percam em maus caminhos.
Quarta Dor: Jesus encontra sua Mãe no caminho do Calvário (Lc 23, 26-29)
Imagina-se a dor de Nossa Senhora ao ver o seu filho carregando uma cruz, condenado como um bandido, rumo à morte. E, no caminho, o povo insultava e ofendia-o, como se fosse um malfeitor. Que mãe não sofre ao presenciar isto!
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e pela dor que sentiste ao ver o teu Filho carregando a cruz às costas, depois de ter sido chicoteado e flagelado, como se fora um malfeitor, e coroado de espinhos, submetido a humilhações, para nos libertar da escravidão do pecado, faz que sejamos dignos discípulos dele e saibamos ser humildes como ele foi.
Quinta Dor: Maria ao pé da Cruz (Jo 19, 25-27)
Maria acompanhou de perto todo o sofrimento de Jesus na Cruz, e assistiu de pé à sua morte: “junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena” (Jo 19, 25). Depois de três horas de tormentosa agonia, Jesus morre. Maria, sem duvidar um só instante, aceitou a vontade de Deus e, no seu doloroso silêncio, entregou ao Pai a sua imensa dor, pedindo, como Jesus, perdão para quem o condenou e matou.
Quantas situações de cruzes e de morte existem na nossa sociedade! Miséria, fome, enfermidade, preconceito, indiferença, violência, insegurança, injustiça, maldades, maledicência… Quantas dores nos fazem sofrer! Unidos a Maria, estejamos de pé diante da Cruz.
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e pela dor que sentiste ao ver como atravessavam com cravos as mãos e os pés do teu amado Filho, e depois vendo-o a agonizar na cruz, não permitas que o pecado nos vença e faz com que possamos receber os frutos da redenção.
Sexta Dor: Maria recebe nos braços o corpo do Filho (Lc 23, 50-53)
Acima de tudo, foi preciso ter forças para Maria receber o seu filho nos braços.
Foi a fortaleza de Maria que lhe permitiu permanecer em pé e incólume diante da cruz. Muitas de nossas mães teriam desmaiado... Esta dor requer de nós uma extrema confiança em Deus e em Maria quando estiver pesada a nossa cruz.
Que diante da noite da falta de esperança que pode levar ao desespero, lembremo-nos de Nossa Senhora, a Mãe de Jesus e Mãe nossa.
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e pela dor que sentiste ao ver um soldado com uma lança a perfurar o coração do teu Filho, e ao recebê-lo morto nos teus braços, vítima dos nossos pecados, faz que saibamos amar Jesus como ele nos amou.
Sétima Dor: Maria acompanha o sepultamento de Jesus (Jo 19, 38-42)
Consideremos como a Mãe dolorosa quis acompanhar os discípulos que levaram Jesus morto à sepultura. Depois de tê-lo acomodado com as suas próprias mãos, diz um último adeus ao Filho e ao seu sepulcro, e volta para casa com as perguntas que toda a mãe faz, ao mesmo tempo em que mergulha no mistério de Deus. Maria suportou muitas dores, mas sempre esteve ao lado do Filho. Ela é exemplo de fiel discípula, que vive a dor na esperança da Ressurreição.
Oração: Virgem Maria, pelas lágrimas que derramaste e pela dor que sentiste ao sepultar o teu Filho, pela tua solidão e aflição, concede-nos a graça de sentir a tua companhia protectora na hora da nossa morte.