CRIADOR DO CÉU E DA TERRA (I)
Deus, Pai todo-poderoso, é o «criador do céu e da terra». Assim professamos sempre com este artigo do «Credo», afirmando que o Pai todo-poderoso está na origem do dom mais radical e fontal que é a própria existência do ser humano e de todas as coisas. A criação é o início e o fundamento de todas as obras de Deus e de toda a história da salvação. A fé na criação torna explícita a resposta à questão elementar que os seres humanos de todos os tempos têm vindo a pôr-se: «De onde vimos?», «Para onde vamos?», «Qual é a nossa origem?», «Qual é o nosso fim?». Falar de criação significa enfrentar o problema das origens do mundo e do ser humano. Neste contexto, não faz sentido contrapor criação e evolução, porque não se trata somente de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando é que apareceu o ser humano; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem. Assim como a explicação científica do nascimento de uma criança não contradiz a afirmação de que ela é o fruto do livre dom de amor dos seus pais, assim também acontece com a criação do mundo e do ser humano. Nenhuma explicação científica séria sobre este assunto está em oposição ao dado da fé, porque confessar que Deus é «criador do céu e da terra» significa afirmar que a origem do mundo e do ser humano não é governada pelo acaso, por um destino cego, por uma necessidade anónima, mas por um Ser transcendente, inteligente e bom, que é Deus. Deste ponto de vista, é significativo que na Bíblia a criação seja revelada como um momento de aliança de Deus com o Seu povo, como o primeiro e universal testemunho do amor todo-poderoso de Deus.
A existência inicia-se como um dom. E, precisamente por isso, deve ser acolhida com um obrigado! Então, a fé no Criador prepara-nos para experimentarmos a admiração, a gratidão e alegria por este dom. Esta evocação do dom do Criador refere «o céu e a terra», isto é «a totalidade do que existe», porque «céu e terra» constituem, por assim dizer, os extremos em que está contido todo o mundo da nossa experiência. Cada criatura depende de Deus e a Ele deve a sua existência e o facto de ser, de estar e de permanecer viva. Confessar a nossa fé em Deus «criador do céu e da terra» significa olhar para toda a realidade criada com profundo respeito, afastando de nós o orgulho e a avidez que a deturpam e empenhando-nos em guardá-la e cultivá-la, usando-a com um coração humilde e agradecido, solicitamente atentos aos direitos e às necessidades de todos.
Nenhum cientista dispõe de um só argumento...com que possa contradizer uma tal hipótese (de um Criador). (Hoimar von Ditfurth)