«Cristo, nos dias da sua vida terrena, apresentou orações e súplicas àquele que o podia salvar da morte, com grande clamor e lágrimas, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho de Deus, aprendeu a obediência por aquilo que sofreu e, tornado perfeito, tornou-se para todos os que lhe obedecem fonte de salvação eterna». (Heb 5,7-9)
O P. Tiago contempla da vida de Cristo Jesus a cumprir em tudo a vontade do Pai. Citará muitas vezes o episódio do Getsémani: «Não se faça a minha vontade, mas a Tua» - Fiat voluntas tua. (Lc 22,42). A 20 de Setembro de 1936 em Chaville, deu um retiro para as pessoas que pertenciam à Ordem Terceira Carmelita. São pessoas leigas, homens e mulheres, casados ou celibatários, que exercem uma vida profissional e/ou familiar e que, estando no mundo, querem viver a espiritualidade do Carmelo. As palavras que ele lhes dirige conservam a sua actualidade e pertinência para nós hoje:
«Não pensemos que as mais belas orações são aquelas que consistem em nos recolhermos na solidão duma capela. “O mais belo louvor é fazer em todo o momento o que a vontade de Deus quer que eu faça”. O que a vontade de Deus pede é que o nosso ser cante incessantemente a Sua glória, vivendo atentos à Sua acção na nossa vida. Louvar a Deus é isso, é respeitar a Deus e a Deus servir. Fazer o que Ele quer, fazê-lo como Ele quer e fazê-lo porque Ele quer. E vede, quando sabemos estas verdades, quando pertencemos inteiramente a Deus, quando temos apenas uma função na Terra, que é a de louvar a Deus, viver totalmente para Deus, transformar toda a nossa vida num canto magnífico e silencioso de amor de Deus e de adoração a Deus, a vida torna-se muito simples, porque pouco importa se as mãos estão a fazer alguma coisa, pouco importa a situação em que Deus nos coloca, pouco importam as ocupações que temos durante o dia, que sejam mais ou menos consideradas aos olhos do mundo. Que importância tem isso aos olhos de Deus? O olhar de Deus procura sempre e por todo o lado o nosso coração, a nossa vontade, a nossa atenção. E só importa uma coisa na terra: querer o que Deus quer. Fazer tudo por obediência, por Deus, essa é a função essencial, uma função muito simples, que significa que não procuremos a Deus fazendo tal ou tal coisa, mas que sirvamos a Deus sempre, seja qual for a actividade que estejam a exercer as nossas faculdades: servimos a Deus ao varrer, ao dormir, se é hora de dormir, ao rezar se está na hora da oração, dando uma aula, recitando o Ofício… Servimos a Deus em tudo isso, desde que tudo isso seja o nosso dever de estado. E aos olhos de Deus não há obrigações mais ou menos importantes: o que há são corações mais ou menos cheios de amor. Colocar em tudo uma soma inestimável de amor. Ter como disposição fundamental a preocupação única de amar a Deus, de servir a Deus, fazendo com muita serenidade o que Deus pede, como uma ocupação muito especial. Em tudo isto existe uma possibilidade surpreendente de amor e as almas não se diferenciam aos olhos de Deus senão pela intenção que existe no seu amor».
Deixemo-nos interpelar pelas palavras do P. Tiago. Perguntemos-lhe como viver a obediência no concreto da vida. Como procuramos fazer a vontade de Deus? Recordando-nos que a vontade de Deus é a nossa santificação. (cf. 1Ts 4,3)
5ª Semana: “Aprender a Obediência”
Segunda-feira, 18 de Março: Na escola de Cristo
«Peço-Te, ó meu Menino Jesus, que sejas o meu educador. Ensina-me iluminar e a manter no meu coração o fogo sagrado do teu divino Amor. Acima de tudo, ensina-me a tudo suportar pacientemente e depois a desejar tudo ardentemente!...» (Padre Tiago, Martyr de la charité, p. 50)
«Só tendes um Mestre, Cristo.» (Mt 23,10)
O Senhor Jesus é o meu verdadeiro Mestre, aquele que me educa em profundidade?
19 de Março: Confiar em São José
«Creio que vivemos num tempo em que é muito necessário ‘vigiar’. De repente, os mais diversos acontecimentos podem exigir de nós o sacrifício da própria vida. Como é bom, em tempos como estes, abandonarmo-nos sem preocupação nem vão temor nas mãos da Divina Providência.» (Carta de 1938)
«José fez como o anjo lhe ordenara.» (Mt 1,24)
Como vivo concretamente a minha confiança na Providência divina, assumindo ao mesmo tempo as minhas responsabilidades?
Quarta-feira, 20 de Março: Saber quem sou
«A educação, para ser frutuosa, exige muitas condições que se podem resumir assim: saber o que se quer, saber o que se pode fazer, saber criar o ambiente adequado. (Bulletin en Famille n°1 de 1935)
«Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?» (1Cor 3,16)
Tomo algum tempo para a formação, para saber quem sou diante de Deus?
Quinta-feira, 21 de Março: Escolher a rectidão
«Ser santo é ser um homem em todo o sentido da palavra. E ser homem é guardar o sentido da honra, ter gosto em viver de consciência recta e vontade de nunca tornear o meu dever.» (Bulletin en Famille...Quand même de 1942)
«Já te foi revelado, ó homem, o que é bom, o que o SENHOR requer de ti: nada mais do que praticares a justiça, amares a lealdade e andares humildemente diante do teu Deus.» (Mi 6,8)
Como posso ser mais recto, mais justo na minha vida?
Sexta-feira, 22 de Março: A vontade de Deus
«Não importa se chove ou se o sol brilha, se o que se me oferece é a alegria ou, pelo contrário, a dor, se surgem contradições ou honras (...)! A nossa riqueza (...) é que seja a vontade de Deus que as traga!» (Sermão de 1929)
«Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.» (1 Tm 2,4)
Faço minha a vontade de Deus?
Sábado, 23 de Março: O dom de si
«Não chega dizer a Deus ‘Ó Senhor, eu amo-vos!’ O verdadeiro amor é o dom de si mesmo.» (Dito de 1932 ou 1933)
«Jesus levantou-se da mesa, tirou o manto, (…) e começou a lavar os pés dos seus discípulos.» (Jo 13,4-5)
Preparo o meu coração para entrar com Jesus na Sua Paixão de amor