Com licença, amigos! Será que posso entrar? Eu sou a Criança de que tantos falam neste tempo, o Menino Jesus… a criança indefesa e frágil que já pediu a colhimento e protecção no seio de Maria, Nossa Senhora.
Hoje apresento-me de novo a vós, sempre da mesma forma, sempre como criança, para que ninguém tenha medo de mim, para que ninguém me confunda com um ladrão ou um cobrador de impostos.
Para dizer a verdade, eu nem saberia de que outra forma mais amigável me poderia apresentar. Até porque sei que vós adorais as crianças! “Elas são a nossa maior riqueza”, dizeis!
No entanto lembro-me de uma noite em que me fechastes a porta, não me quisestes receber, não tínheis lugar para mim nas vossas casas! Não é possível dizer-vos como fiquei triste! Mas isso já foi há muito tempo!
Hoje certamente isso não vai acontecer. Hoje as pessoas são mais civilizadas, não abandonam as crianças… Hoje certamente não precisarei de uma gruta para nascer!
Então, amigos, com licença, vou entrar! Vou nascer nas vossas casas, iluminar os vossos lares, partilhar o meu amor com todos!
Mas se vos parecer que estou a perturbar, não há problemas, vou-me embora. Hoje também haverá alguma gruta ou uma barraca pobre onde possa nascer! E não vai faltar ocasião para a gente se encontrar de novo. Não vos preocupeis, eu voltarei, eu volto sempre!
Acho que vale a pena voltar. Acho que não podemos desistir de amar, desistir de levar a paz às famílias, um abraço amigo aos desanimados, um gesto de perdão ao pecador! Eu volto sempre, mesmo correndo o risco de ser uma vez mais rejeitado, abandonado, crucificado.
Sim, meus amigos, mesmo arriscando a vida, eu voltarei. Vós sabeis que só quem não ama não volta mais…
Uma coisa, porém, tem de ficar bem clara: se não me convidardes, eu nunca entrarei em vossas casas. Não quero arrombar portas, prefiro que elas se abram por dentro.
E onde encontraria eu a força para arrombar as vossas portas?
Sou apenas uma Criança…
Com licença, amigos, deixem-me entrar!
Pe. Virgílio, Ssp.