Rezar pelos vivos e defuntos

Rezar pelos vivos e defuntos

 

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A última obra de misericórdia espiritual pede que se reze pelos vivos e pelos defuntos. (…) Rezar pelos defuntos, antes de tudo, é um sinal de gratidão pelo testemunho que nos deixaram e pelo bem que praticaram. É uma ação de graças ao Senhor por no-los ter doado e pelo seu amor e amizade. A Igreja reza pelos defuntos de modo particular durante a Santa Missa. O sacerdote diz: «Recordai Senhor dos vossos fiéis que nos precederam com o sinal da fé e dormem o sono da paz. Doai, Senhor, a eles e a todos os que repousam em Cristo, a beatitude, a luz e a paz» (Cânone romano). Uma recordação simples, eficaz, cheia de significado, porque confia os nossos entes queridos à misericórdia de Deus. Rezemos com esperança cristã para que estejam com Ele no paraíso, na expectativa de nos encontrarmos naquele mistério de amor que não compreendemos, mas que sabemos ser verdadeiro porque é uma promessa que Jesus fez. Todos ressuscitaremos e permaneceremos para sempre com Jesus, com Ele.


A recordação dos fiéis defuntos não deve fazer com que nos esqueçamos de rezar também pelos vivos, que connosco diariamente enfrentam as provações da vida. A necessidade desta oração é ainda mais evidente se a pusermos à luz da profissão de fé que diz: «Creio na comunhão dos santos». É o mistério que exprime a beleza da misericórdia que Jesus nos revelou. De facto, a comunhão dos santos indica que todos estamos imersos na vida de Deus e vivemos no seu amor. Todos, vivos e defuntos, estamos na comunhão, isto é, como uma união; unidos na comunidade de quantos receberam o Batismo, e de quantos se nutriram do Corpo de Cristo e fazem parte da grande família de Deus. Todos somos a mesma família, unidos. E por isso rezemos uns pelos outros.


Quantos modos diversos temos para rezar pelo nosso próximo! Todos são válidos e aceites por Deus se feitos com o coração. Penso de maneira particular nas mães e pais que abençoam os seus filhos de manhã e à noite. Ainda permanece este hábito nalgumas famílias: abençoar o filho é uma oração; penso na oração pelos doentes, quando vamos visitá-los e rezamos por eles; na intercessão silenciosa, às vezes com as lágrimas, em muitas situações difíceis pelas quais rezar. Ontem veio à Missa em Santa Marta um homem bom, um empresário. Aquele homem jovem deve fechar a sua fábrica porque não consegue mantê-la e chorava dizendo: «Não tenho coragem de deixar sem trabalho mais de cinquenta famílias. Poderia declarar a falência da empresa: volto para casa com o meu dinheiro, mas o meu coração chorará a vida inteira por estas cinquenta famílias». Eis um bom cristão que reza com as obras: veio à missa para rezar a fim de que o senhor lhe indique uma solução, não só para ele, mas para as cinquenta famílias. Este é um homem que sabe rezar, com o coração e com as ações, sabe orar pelo próximo. Está numa situação difícil. E não procura a saída mais fácil: «Que se arranjem eles». Este é um cristão. Fez-me muito bem ouvi-lo! E talvez haja tantos como ele, hoje, neste momento em que muitas pessoas sofrem pela falta de trabalho; penso também no agradecimento por uma boa notícia sobre um amigo, um parente, um colega... «Obrigado, Senhor, por esta boa coisa!», também isto é rezar pelos outros! Agradecer ao Senhor quando as coisas correm bem. Às vezes, como diz São Paulo, «não sabemos como rezar de modo conveniente, mas o próprio Espírito intercede com gemidos inexprimíveis» (Rm 8, 26). É o Espírito que ora dentro de nós. Portanto, abramos o nosso coração de maneira que o Espírito Santo, perscrutando os desejos que estão no mais profundo de nós, possa purificá-los e realizá-los. Contudo, por nós e pelos outros, peçamos sempre que se faça a vontade de Deus, como no Pai-Nosso, porque a sua vontade é certamente o maior bem, o bem de um Pai que nunca nos abandona: rezar e deixar que o Espírito Santo reze em nós. Isto é bonito na vida: rezar agradecendo, louvando a Deus, pedindo algo, chorando quando há uma dificuldade, como aquele homem. Mas o coração esteja sempre aberto ao Espírito para que reze em nós, connosco e por nós.


Concluindo estas catequeses sobre a misericórdia, comprometamo-nos a rezar uns pelos outros para que as obras de misericórdia corporais e espirituais se tornem cada vez mais o estilo da nossa vida. As catequeses, como disse no início, acabam aqui. Fizemos o percurso das catorze obras de misericórdia mas a misericórdia continua e devemos exercê-la nestes catorze modos. Obrigado.


Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral, 30 de Novembro de 2016

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