O Reino de Deus é para os pobres

O REINO DE DEUS É PARA OS POBRES

Na Bíblia encontramos delineada em traços impressionantes, a condição dos pobres: duramente explorados nos trabalhos ocasionais; espoliados do boi, do burro e das ovelhas; curvados pelas canseiras e pelas humilhações; alimentam-se de ervas que encontram nos campos e de algumas uvas esquecidas nas vinhas depois das vindimas; passam a noite despidos e indefesos face ao frio, encharcados de chuva, quando nem sequer encontram uma gruta onde se possam refugiar. (Jb 24, 2-11; Is 1, 10-28; Am 2, 6-8; Mq 3, 1-12). De um modo geral são considerados pobres todos aqueles que, por causa da sua fragilidade, não conseguem fazer valer os seus direitos e todos os que sofrem, de uma forma ou de outra, a opressão dos prepotentes.

Segundo a Bíblia, um rei é justo quando se torna defensor dos pobres, dos órfãos e das viúvas, de todos quantos não têm capacidade de se fazer respeitar. Por maioria de razão, a justiça real de Deus manifesta-se a favor dos oprimidos, dos famintos, dos doentes, dos aflitos, dos perseguidos e começa a libertá-los: “Feliz o que tem por auxílio o Deus de Jacob, o que põe a sua confiança no Senhor, seu Deus, que fez o céu e a terra, o mar e quanto neles existe. Eternamente fiel à sua palavra, faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome. O Senhor dá liberdade aos cativos, o Senhor dá vista aos cegos; o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos. O Senhor protege o estrangeiro, ampara o órfão e a viúva, e entrava o caminho aos pecadores. O Senhor reina eternamente. Sião, o teu Deus é rei por todas as gerações” (Sl 145, 5-10; Mt 10, 7-8; 11, 4-6; Lc 4, 18-21; 6, 20-22).

Tornando visível, por meio do seu comportamento, a própria actuação de Deus, Jesus vai ao encontro de todas as misérias espirituais e materiais. Alimenta com a palavra e o pão as multidões cansadas e sem guia, desprezadas pelos grupos religiosos cumpridores. Comove-se perante os doentes, que se aglomeram à sua volta e cura-os. Aproxima-se de várias categorias de marginalizados, as crianças, as mulheres, os leprosos, os pecadores apontados a dedo, como os publicanos e as prostitutas, os pagãos. Estende a mão a quem se encontra humilhado pelo pecado, pelo sofrimento, pelo desprezo dos outros. Jesus não se limita a agir pessoalmente. Envolve os discípulos na sua missão ao serviço do reino, exige de todos eles um sério empenhamento, através das obras de misericórdia, na libertação, mesmo parcial e provisória de todas as formas de mal, até à chegada da glória da realidade total (Mt 25, 35-40).

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