Elevada ao Céu, Maria é sinal de esperança para o povo peregrino
A fé da Igreja crê e afirma que a Virgem Maria, uma vez concluída a sua vida terrestre, foi elevada à glória de Deus, assumida na plenitude da vida eterna na totalidade do seu ser corpóreo-espiritual com toda a riqueza da sua humanidade, feminilidade e maternidade.
Alguém escreveu que o mistério da assunção gloriosa de Maria ao Céu é mais para ser cantado do que explicado. É a festa do coroamento da existência da Mãe de Jesus. O nosso povo compreende esta verdade com a intuição da fé e do coração. Aquela que foi a primeira e única a receber Jesus, o Filho de Deus, no seu coração e no seu seio, que O seguiu fielmente toda a vida, é também a primeira dos redimidos a ser recebida pelo Filho ressuscitado, a participar da plenitude da vida eterna, que nós chamamos Céu, Paraíso, Casa do Pai. Assim, Maria indica-nos, de modo luminoso, a beleza da meta definitiva da nossa peregrinação no mundo.
Além disso, continua a exercer a sua maternidade espiritual e universal de modo novo. Unida totalmente a Deus no Céu, ela não se afasta de nós, não vai para uma galáxia ou zona distante e desconhecida do nosso universo. “O Céu de Deus não pertence à geografia cósmica (o céu das estrelas), mas à geografia do coração” (J. Ratzinger), isto é, do amor eterno e santo. Assim, Maria elevada ao Céu participa do amor universal de Deus e da sua presença connosco. Está muito próxima de nós, de cada um de nós, na comunhão dos santos. Tem um coração grande como o amor de mãe que partilha do amor universal de Deus. Pode estar perto, escutar, ajudar, interceder, acompanhar e advertir como mãe do bom conselho.
Como a mulher do Apocalipse (Ap 12, 1-10), não nos deixa sós, mas assiste-nos na constante luta com as forças destruidoras do mal, simbolizadas na figura do dragão sanguinário, no combate entre o bem e o mal, a vida e a morte, a graça de Deus e o pecado. “De facto, depois de elevada aos Céus, não abandonou esta missão salutar... Com o seu amor de mãe, cuida dos irmãos do seu Filho que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz. Por isso, a santíssima Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, amparo e medianeira” (LG 62).
Nesta missão, a Mãe celeste pode visitar-nos com o seu amor materno, para trazer esperança e consolação ao povo peregrino no meio das lutas e tribulações da história.
António Marto