CONVERTEI-VOS E ACREDITAI
Converter-se significa assumir uma forma diferente de pensar e agir, colocando Deus e a sua vontade em primeiro lugar, prontos, se necessário, a renunciar a qualquer outra coisa, por muito importante e querida que possa ser. Significa libertar-se dos ídolos que criámos para nós e que prendem o coração: bem-estar, prestígio social, afectos desordenados, preconceitos culturais e religiosos. A decisão tem de ser clara, sem reservas: “Portanto, se o teu olho for para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o fora... E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e deita-a fora (Mt 5, 29-30). Todavia Jesus conhece a fragilidade humana e sabe ser paciente (cf. Lc 13, 8-9).
Quem se converte abre-se à comunhão, reencontra a harmonia com Deus, consigo mesmo, com os outros e com as coisas; redescobre um bem originário, que no fundo esperava desde sempre. Quando Jesus chama Zaqueu, chefe de cobradores de impostos em Jericó que não tinha senão acumulado riquezas, explorando o povo e grangeando o ódio de todos, desse encontro resulta uma mudança radical na sua vida: “Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém em qualquer coisa, devolver-lhe-ei quatro vezes mais” (Lc 19, 8). Só então, pela primeira vez, Zaqueu se sente verdadeiramente feliz, porque se sente renascer como filho de Deus e como irmão no meio de irmãos.
As renúncias que Jesus pede são, na realidade, uma libertação para crescer, para se ser mais pessoa. O sacrifício é caminho para a verdadeira liberdade, na comunhão com Deus e com os outros. Quem reconhece Deus como Pai e faz a sua vontade, experimenta logo o seu reino e recebe energias com vista a uma moralidade mais elevada, a uma história diferente, pessoal e comunitária, que tem a vida eterna por meta.